A cidade portuária de Bahía Blanca, a 12ª mais populosa da Argentina, foi assolada por um temporal sem precedentes, que despejou em poucas horas o equivalente a meio ano de precipitação, tornando-se a pior tempestade de chuva já vista no sul de Buenos Aires.

O desastre resultou em 15 mortos, centenas de desalojados e uma infraestrutura severamente comprometida.

O dilúvio provocou o colapso de hospitais, transformou bairros inteiros em ilhas e deixou vastas áreas da cidade sem eletricidade. As autoridades municipais alertaram que o número de vítimas pode aumentar na cidade de 350 mil habitantes, situada a 600 km a sudoeste da capital Buenos Aires.

A tempestade teve início na manhã de sexta-feira e despejou impressionantes 350 mm de chuva em apenas oito horas, mais de metade da média anual de precipitação. Entre as vítimas, pelo menos cinco pessoas morreram presas em seus veículos em rodovias alagadas, incapazes de escapar da rápida subida das águas.

A ministra da Segurança Nacional, Patricia Bullrich, descreveu a cidade como “destruída”, mas a sua demora em agir gerou indignação entre os moradores. No sábado, quando ministros tentaram visitar um dos bairros mais afetados, foram recebidos com protestos furiosos. Revoltados, alguns cidadãos tentaram arrastar Bullrich para dentro das águas da enchente, gritando “molha-te!” e exigindo uma resposta mais ágil do governo.

O hospital José Penna teve de ser evacuado, com enfermeiros e profissionais de saúde carregando bebés em meio à inundação para os manter a salvo. Apenas posteriormente o exército interveio para auxiliar na operação.

A tragédia não poupou negócios e residências. O consultório do médico Eduardo Seminara foi invadido por 1,5 metro de água barrenta, destruindo equipamentos, livros e mobiliário. “Está tudo destruído”, lamentou ele ao canal C5N, enquanto apontava para os destroços. No entanto, resignado, acrescentou: "Não estou a reclamar. Não perdemos nenhuma vida, a nossa família está bem.”

Durante a madrugada, ocorreram saques em lojas inundadas, agravando ainda mais o cenário de caos.

Diante da devastação, o governo argentino autorizou um auxílio emergencial de 10 biliões de pesos (aproximadamente 9,2 milhões de dólares na taxa oficial de câmbio) para apoiar a reconstrução da cidade. No entanto, muitos questionam se esse valor será suficiente para recuperar Bahía Blanca da sua pior tragédia climática em décadas.