Darcy Ribeiro refere-se pois a Portugal como um imperio teocratico pois nasce sob uma benção papal, apesar de se ter indo a construir um pouco antes entre as guerras das Canárias ( que um dia o sr Melo dirá portuguesas…)
O Portugal vaticanista nao é bem o Portugal Templario de Afonso Henriques e de Diniz mas era-o em 1970, onde uma Concordata abençoava a ditadura, a pide, a repressao sobre os direitos das e dos cidadaos e claro o imperio colonial. ja transformado por seculos de exploração esclavagista ( onde as lideranças escravocratas eram, atenção, brancas, negras e mestiças ) e nada teocratico / templario!
E por isso, depois de 9 anos de uma guerra sem solução, e de fortes pressoes internacionais dos novos países africanos, tambem de influência catolica, um Papa, Paulo VI, põe fim à bula Aeterni regis e recebe em audiência os líderes dos movimentos nacionalistas de três das então colónias portuguesas em África.
Sim, há 50 anos, 1 de Julho de 1970, na sequencia de uma Conferência de 27 a 29 de junho de 1970, em Roma, a Conferência Internacional de Solidariedade com os Povos das Colónias Portuguesas, que contou com a presença de 177 organizações de 64 países,
Amílcar Cabral, Marcelino dos Santos e Agostinho Neto sao recebidos pelo papa!
Nada estranho portanto que 4 anos depois e 13 depois do inicio da guerra colonial e porque o regime fascista apodrecera dentro de si mesmo tenha surgido o 25 de abril de 1974!
Vale olhar neste contexto para a abrilada de 1961 e alem de se considerar o papa Paulo VI um traidor se nao se deve verificar quem traiu quem logo em 1961!
Lembremos que anos 30 do seculo XX, o lider Maçon e Republicano Norton de Matos, “sem defender uma descentralização administrativa colonial radical censurou a dissimulada centralização político-administrativa e o conceito dualitário, de império colonial e de metrópole, estabelecido no Acto Colonial. Revela, de forma subjacente à sua argumentação técnica, uma posição colonial heterodoxa ao sustentar que deveria existir uma unidade nacional entre a metrópole e as colónias e que conviria reflectir numa política indígena assimilacionista em que os nativos do ultramar deveriam receber progressivamente o estatuto de cidadania. Por consequência, distanciou-se do critério segregacionista em vigor desde 1929 consignado durante a Ditadura Militar ao ser promulgado o Estatuto Político, Civil e Criminal dos Indígenas de Angola e de Moçambique.
Pensou que era necessário concretizar uma unidade económica entre a metrópole e as colónias que garantisse o fim das barreiras alfandegárias entre as diversas parcelas do império português. Teve, pois, uma estratégia moderada ao propôr que se consubstanciasse uma unidade de acção política entre a metrópole e as colónias que seria preservada pela metrópole como centro dum Estado Federal, aglutinador de todo o império português, pois do seu ponto de vista os limites da pátria portuguesa compreendiam as fronteiras ultramarinas. Por outras palavras, condenava a doutrina colonial oficial centralista e a lógica económica do “pacto colonial”, mas também divergia do modelo descentralizador de “self-government” do império britânico.”, distinguindo-se significativamente do serôdio salazarentismo que originou a guerra colonial!
Mas regressemos à abrilada para vermos quem trai quem!
O certo era o descontentamento e as preocupações de uma parte muito significativa da hierarquia militar portuguesa quanto ao modo como estavam organizadas e preparadas as Forças Armadas, imperio fora.
Um grupo de homens, onde se distinguiam Botelho Moniz, Almeida Fernandes e Costa Gomes, ao longo dos anos, perceberam a impossibilidade de pôr em prática um conjunto de reformas consideradas essenciais não apenas para a reorganização da instituição militar, como também para o próprio regime poder lidar com os novos desafios que se adivinhavam em termos coloniais.
Em agosto de 1958 quando, no rescaldo das eleições presidenciais desse ano, os homens acima referidos passaram a ocupar importantes posições no governo liderado por Oliveira Salazar todos eles portanto anti Humberto Delgado estes ditos militares «reformistas» constataram, um estado de «total ineficiência em que se encontrava o nosso Exército» como sublinhou Almeida Fernandes que «traduzia-se em todos os campos», tornando imperiosas reformas «no campo da organização, desde o próprio Ministério do Exército à organização territorial do exército no império
Era uma situação que, muito naturalmente, chocava homens como Botelho Moniz, Almeida Fernandes e Costa Gomes, uma espécie de «escol» ou de «elite pensante» do Exército português e que tinham tomado contacto com modelos organizativos e de funcionamento de Forças Armadas de diferentes países em especial nos EUA e na NATO, por onde tambem andara Humberto Delgado.
Tentaram então pôr em ação um vasto plano de reformas provurandk dotar as Forças Armadas dos novos meios, de outra organização e de mais eficácia.
Surrealmente ( parece que hoje se teima no mesmo… ) para eles estaria iminente uma terceira Guerra Mundial com a sua origem na Europa tese tambem defendida pelo anterior ministro da Defesa, Santos Costa.
So que estes novos responsáveis militares não concordavam com os princípios que enformavam a legislação de Santos Costa.
A 15 de agosto de 1959, o Conselho Superior de Defesa Nacional aprovou mesmo um novo plano de reorganização das forças militares ultramarinas.
Tratou-se de uma mudança difícil de assimilar por uma parte significativa da instituição militar, acantonada em torno da figura do antigo ministro da Defesa, Santos Costa, substituído no governo em agosto de 1958 por Botelho Moniz sendo certo que os militares da linha Santos Costa tinham reagido negativamente ao seu afastamento e à nomeação de Botelho de Moniz, e claro recusavam as mudanças que se pretendia levar a cabo.
Mas, faltavam os meios financeiros e a vontade política para os despender com o ministro das Finanças, e o próprio salazarento a porem um travão à mudança
Assim frustração entre os militares começou a crescer e entre 1958 e 1961 não foram implementadas as medidas sugeridas, cruciais para «prevenir uma guerra no Ultramar»
Chegamos assim aos meses de janeiro e fevereiro de 1961 e urgia «clarificar o ambiente político». Esta «viragem» na posição dos militares foi particularmente sentida numa reunião do Conselho Superior Militar que teve lugar no final de fevereiro de 1961, ou seja, já depois do assalto ao Santa Maria ter colocado Portugal e a ditadura salazarista nas primeiras páginas da imprensa internacional e já depois, do 4 de janeiro da Baixa do Cassange, e do 4 de fevereiro de 1961.
Nesta reunião, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general Albuquerque de Freitas apresentou um memorando no qual desafiava as chefias militares a debaterem a «continuação da vida política em Portugal para além do desaparecimento do atual chefe do Governo».
Alertando para os perigos provenientes da situação em Angola, Albuquerque de Freitas considerava ser possível que a «coesão dos militares», verdadeiro sustentáculo do regime, se viesse a «desfazer» sobretudo devido ao «facto de já haver vítimas nos que em África se batem com galhardia e convicção pela causa da Pátria»
Em março o embaixador dos EUA em Lisboa, Charles Elbrick, recebeu instruções do Departamento de Estado para se encontrar com o salaarento para o informar que os EUA iriam, doravante, alterar a sua relativa «tolerância» para com o colonialismo português e tencionavam votar favoravelmente uma proposta de resolução sobre Angola no Conselho de Segurança das Nações Unidas
Ainda antes deste encontro Elbrick almoçou com Botelho Moniz a quem transmitiu o conteúdo das instruções que tinha recebido do Departamento de Estado
O embaixador norte-americano considerava necessário que Portugal declarasse na Organização das Nações Unidas que estava «envidando esforços para assegurar o progresso desses territórios aos quais iríamos conceder uma autonomia progressiva no sentido de, num futuro indeterminado, poderem escolher o seu destino».
Não era necessário, para já, «falar em prazos» mas o plano poderia desenvolver-se em «dez, vinte ou trinta anos».
Os EUA por seu turno, «estavam dispostos a conceder auxílio económico generoso para o desenvolvimento de Portugal metropolitano permitindo assim que verbas portuguesas fossem libertadas para o desenvolvimento do Ultramar»
O ministro da Defesa admitiu a necessidade de «mudanças» na política colonial portuguesa e disse ter pensado longamente sobre o assunto.
Haveria que segundo Botelho Moniz formar um governo com uma larga base de apoio e com inclusão de «elementos da oposição não comunista e co «reformas drásticas» na política ultramarina.
O resultado destas reformas seria «o estabelecimento de províncias autónomas, multirraciais, ligadas a Portugal numa relação de tipo Commonwealth».
Porém, Botelho Moniz entendia que Portugal não poderia efetuar «mudanças abruptas» na sua política ultramarina e que seria preciso algum tempo para instituir as mencionadas reformas.
Muito menos poderia agir e instituir as reformas se transpirasse para o mundo que o estava fazendo sob pressão dos Estados Unidos ou das Nações Unidas
A 15.03.61 a crise agrava-se em Angola com os ataques da UPA e o general Botelho Moniz decidiu convocar uma reunião do Conselho Superior do Exército e nesta reunião, Botelho Moniz acentuou «as dificuldades e as resistências encontradas no sentido de se concretizarem as teses sobre a necessidade de modificações profundas na política nacional».
Avisou tambem que tinha já enviado uma missiva ao salazarento com o memorando que Albuquerque de Freitas apresentara na reunião do Conselho Superior Militar de 29 de fevereiro
Era pois necessario «um choque psicológico de envergadura» com o intuito de «desanuviar o ambiente político nacional e o pesado clima internacional”
O ministro da Defesa entendia que «o quadro político da atual situação» era «muito estreito» e que se tinha «sucessivamente apertado, estando hoje confinado a valores políticos gastos e, em muitos casos, sem idoneidade moral bastante que se imponha». Era necessário «chamar ao tablado político valores novos e outros, experimentados sim, mas indiferentes ou mesmo inconformistas por terem perdido a fé».
No caso específico das Forças Armadas, Botelho Moniz considerava que a situação era «angustiosa», caminhando-se para «uma situação insustentável, onde poderemos ficar à mercê de um ataque frontal, com forças dispersas por quatro continentes, sem meios bastantes e com uma missão de suicídio da qual não seremos capazes de sair, uma vez que a política lhe não encontra solução nem parece capaz de a procurar».
Havia pois dentro do regime quem fazia uma leitura bem critica da situação e que os levava à defesa de mudanças essenciais
Assim os militares “reformistas” não conseguiam alterar o bacoquismo do salazarento e deu clã o que empurrava estes reformistas para a Abrilada!
O antigo ministro da Defesa, Santos Costa alertava o salazarento para a gravidade da situação em Angola, acusando os atuais responsáveis governativos de «inépcia», «inconsciência» e «irresponsabilidade», acabando por conduzir o país a uma «catástrofe» e defendeu, um reforço em larga escala do pessoal militar em Angola e também em Moçambique.
Para ele era necessário, «urgentemente», colocar em Angola «10 000 homens devidamente organizados, armados e comandados» e «ainda ter prontos aqui para seguirem para Moçambique à primeira voz, outros 10 000». Só assim seria possível «salvar Portugal»
Entretanto, Botelho Moniz solicitou uma audiência com o Presidente da República e no dia 5 de abril, teve oportunidade de expor a Américo Tomás os argumentos anteriormente apresentados ao chefe do governo e de lhe manifestar a opinião de que, provavelmente, o salazarento teria de ser afastado da presidência do Conselho.
Moniz estava preparado para informar Tomás que as Forças Armadas iriam assumir o controlo do país, com um novo governo, com uma base política de apoio «alargada», chefiado por Marcelo Caetano ou por Pinto Barbosa.
À embaixada americana, o ministro da Defesa pediu apoio no sentido de convencer o governo dos EUA a não efetuar qualquer declaração pública sobre Portugal nos próximos dias.
A 9 de abril, Botelho Moniz, Almeida Fernandes e Costa Gomes reuniram-se com o comandante e o segundo comandante da Região Militar de Lisboa para uma «troca de impressões» e para colocar estes oficiais «ao corrente da situação».
Ao mesmo tempo, enviaram ao comando da 2.ª Região Militar «instruções para ir pondo diretamente os comandos das respetivas unidades ao corrente da situação»
No dia seguinte, foi o general Silva Domingues, governador militar de Lisboa, que reuniu com os seus «subordinados», sendo «claramente posto o problema da substituição de Oliveira Salazar». Na noite de 10 para 11 de abril, recorda Franco Nogueira, «correm já abertamente nos meios políticos os ecos do que se está passando».
Deste modo, «amigos pessoais e políticos» de Salazar «acorrem pressurosos e assustados»
A 11 de abril, Santos Costa transmitiu a Oliveira Salazar «indicações alarmistas sobre os atos rebeldes e conspiratórios» liderados por Botelho Moniz, apresentando-lhe «um plano de limpeza na hierarquia militar».
Na noite de 11 de abril, Botelho Moniz e Almeida Fernandes solicitaram a Américo Tomás uma nova audiência com carácter urgente.
O Presidente acedeu, mas antes encontrou-se com o salazarento na sua residência no Restelo. Tomás informou Salazar de todos os «pormenores», explicando-lhe «os motivos da audiência» que se preparava para conceder a Moniz e, ao mesmo tempo, reiterando-lhe «a sua confiança» e avisando-o da «atitude de firmeza que se propõe assumir perante o que prevê serem as exigências do ministro da Defesa».
Por último, acentuou-lhe «a necessidade de ação rápida e drástica nos dias, mesmo nas horas que se seguem»
Américo Tomás informou Kaúlza de Arriaga que seria «conveniente tomarem-se, na Força Aérea, algumas medidas de segurança» e Kaúlza chamou à sua residência o general Mira Delgado que, na altura, substituía o CEMFA Albuquerque de Freitas, ausente nos Estados Unidos, e outros generais da Força Aérea.
A todos expôs a situação e ordenou que a Força Aérea entrasse de prevenção, sendo a ordem «prontamente executada»
Perto das 23 horas, Botelho Moniz e Almeida Fenandes encontraram-se o PR fraudulentamente eleito a quem tornaram a salientar a urgência de uma «ampla remodelação ministerial» e a necessidade de refletir sobre se «não teria chegado o momento daquela remodelação abranger também a pessoa do presidente do Conselho» cujas «qualidades» se achavam «muito enfraquecidas».
Américo Tomás ficou impressionado com a «espécie de ultimato que indiretamente lhe era posto» mas afirmou não estar convencido de que essa fosse «a única solução, nem sequer a solução a dar à situação a que se tinha chegado» lembrando que a Força Aérea e a Marinha não se tinham «manifestado nesse sentido» e que, mesmo da parte do Exército, «sabia por informações recebidas, não estar todo ele de acordo com tal solução»
O restante é sabido Botelho Moniz e Almeida Fernandes recebem as suas cartas de demissão, assinadas pelo salazarento e vivemos 13 anos ds mais estupida guerra colonial jamais vista.
E quer o sr ventura achar que temos de aturar as suas acusações de traidor perante uma guerra colonial assumida como perdida antes de começar?
Que chegou ao ponto de ver quem deu a Portugal as bulas para o processo de Encontros Globais entre a Humanidade deixar cair Portugal?
Traidores sim foram os que empurraram o imperio teocratico a este descalabro quando existiram n outras soluções abandonadas todas pelos fascio salazarentos