À TV 247, em conversa com o jornalista Mario Vitor Santos Arbex analisou o cerco à Venezuela, o papel do BRICS, a ascensão da China, o envolvimento da Rússia e o impacto desses movimentos sobre a geopolítica mundial temas centrais nestes dias em que vivemos!
Arbex foi incisivo: “A pergunta é se o império está agindo dessa forma por uma posição de força, porque está muito forte, ou se está agindo por desespero. Na minha opinião, está fazendo isso por desespero”.
A agressividade de Washington revela que os Estados Unidos “estão perdendo o controle” da ordem internacional que ajudaram a construir.
Segundo Arbex, o ponto de inflexão da hegemonia estadunidense surge com a Iniciativa Cinturão e Rota, conhecida como Nova Rota da Seda, da RPChina.
“Hoje você tem mais de 150 países que fazem parte da Nova Rota da Seda”, afirmou, destacando que “53 dos 54 países africanos” aderiram ao projeto e que “20 países da América Latina” também integram essa articulação.
Tal marginalizou os Estados Unidos dos principais fluxos comerciais e estratégicos do mundo, fortalecendo o BRICS e aprofundando a cooperação entre a RPChina, a Rússia e os países do Sul Global.
“Os Estados Unidos foram ficando escanteados nessa história”, e assim Washington voltou seus olhos para a América Latina, historicamente tratada como área de influência exclusiva, enfim um seu quintal (!)
Na linha dà Doutrina Monroe, do século XIX, segundo a qual “a América é dos americanos”.
Trump procura recuperar esse princípio sob uma nova roupagem. “O Trump está revertendo o globalismo e dizendo que o problema agora é a segurança das fronteiras e do hemisfério ocidental”, explicou, ao se referir às novas diretrizes da política de segurança nacional dos EUA.
O estratega em causa recorda que o foco na Venezuela, começando pelo petróleo. “A Venezuela tem a maior reserva de petróleo do mundo, maior do que a da Arábia Saudita”, afirmou.
Ora os Estados Unidos temem perder o controle do comércio global de energia, especialmente num contexto em que países produtores passam a negociar petróleo fora do dólar.
Arbex destacou que esse controle sempre foi um pilar da hegemonia estadunidense .
“A partir do momento em que o petróleo deixa de ser negociado em dólar, os Estados Unidos perdem o controle sobre o fluxo de energia mundial”, disse.
Uma segunda razão envolve Cuba.
Para o analista, Washington avalia que o enfraquecimento da Venezuela pode agravar ainda mais a situação cubana.
“Os Estados Unidos sabem perfeitamente bem que, se acabarem os laços entre Venezuela e Cuba, a situação de Cuba vai se agravar ainda mais”, afirmou, observando que isso poderia levar ao colapso do governo herdeiro da Revolução Cubana.
A terceira razão, segundo Arbex, é política e interna, criticando duramente o secretário de Estado Marco Rubio, a quem atribuiu uma agenda ideológica marcada pela hostilidade a Cuba e pela tentativa de capitalizar politicamente a ofensiva contra a Venezuela.
Esta combinação de fatores revela uma política externa “truculenta” e orientada mais por interesses internos do que por uma estratégia consistente.
Arbex também chamou atenção para a gravidade da crise social nos Estados Unidos, que, segundo ele, é subestimada inclusive por setores da esquerda brasileira.
“Cerca de 40 milhões de pessoas nos Estados Unidos não sabem o que vão comer amanhã”, afirmou, acrescentando que mais de 60% das famílias vivem de salário em salário, sem margem para enfrentar imprevistos.
Nesse contexto, o analista considera improvável que o governo Trump consiga sustentar uma guerra de médio ou longo prazo contra a Venezuela.
“É muito difícil imaginar soldados dos Estados Unidos morrendo na Venezuela e a população aceitar isso numa boa”, disse, lembrando as grandes manifestações recentes no país e a impopularidade recorde do presidente.
Para Arbex, a situação compara-se a uma “besta mortalmente ferida”, que reage de forma perigosa, atacando para todos os lados, mas com capacidade limitada de impor seus objetivos.
Para Arbex afirmou que a Rússia e a RPChina não podem recuar, pois o que está em jogo é estratégico.
“O que está em jogo são o BRICS e a Nova Rota da Seda”, disse e destacou que a Rússia já está profundamente envolvida, com armamentos e treino militar na Venezuela, enquanto a China atua de forma mais discreta, mas decisiva.
Para o analista, qualquer escalada mais ampla contra a Venezuela teria repercussões globais, afetando o comércio mundial de petróleo e envolvendo diretamente países como China, Rússia e Irã.
“O ataque à Venezuela tem repercussões que vão muito além das repercussões locais e regionais”, pois o conflito pode desestabilizar cadeias estratégicas em escala planetária.
Arbex conclui assim que a política de Trump não se sustenta no longo prazo pois “Não é uma política externa com estratégia fundamentada e articulada. É um ato de desespero”, disse, avaliando que a ofensiva tende a acelerar, e não conter, o processo de desagregação do poder imperial dos Estados Unidos.
Para o Estrategizando é essencial tambem entender o papel atual da UE a filhota da CEE e perceber como as lideranças acontecendo ou nao acontecendo, tudo mudam !
Longe vao os tempos de independência face aos EUA de Olof Palme que desde os anos 1960, foi firme na sua política de não-alinhamento em relação às superpotências de entao, EUA/URSS e pelo apoio a numerosos movimentos de libertação do terceiro mundo após a descolonização, com o apoio económico e social a vários governos do Terceiro Mundo, como de Willy Brandt caraterizado pela Ostpolitik, cujo objetivo era o de relaxar e aliviar as tensões entre o Bloco do Leste e as democracias de Oeste na Guerra Fria
Agora a cambiante é outra, feita de braços baixados, ajoelhados às vezes até, ( ah as tarifas de 15%…!), ao ponto de assumir que a guerra provocada por Biden e Putin seja paga pela Cidadania da UE destruida que foi pela Belgica a fantasia do saque sobre os dinheiros russos
Mas vale a pena olharmos para a realidade economico social global via o Indice de Desenvolvimento Humano medido por valores que permitem agregar,
Ora a lista IDH de 2023 (publicada em 2025) apresenta os seguintes dados, mostrando como as diversidades economico-sociais sao enormes e como todas as potencias nao europeias têm graves fragilidades posições bem menos significativas que o esperado!
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Divisão |
Compreende |
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Muito alto |
74 países |
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Alto |
50 países |
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Médio |
43 países |
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Baixo |
26 países |
Vejamos entao apontamentos da lista de IDH
Poortugal surge em 40.o lugar
Os EUA surgem na 17.a posiçao a par do Liechtenstein e da Nova Zelandis
O Reino Unido surge em 13.o lugar
A Alemanha e a Suecia partilham a 5.a posiçao
O Reino Unido surge na 13.a posição a par de Singapura
A França situa-se na 26.o posição
A Arabia Saudita na 37.o
A Russia na 64.a
A RPChina na 78.o
O Brasil está na 84.a posiçao
A Africa do Sul na 106.a posiçao
A Venezuela na 121.a posiçao
A India na 130.a posiçao
Cabo Verde na 135.a Sao Tome e Principe na 141.a posicao
Timor Leste na 142a posição
Angola na 148,a posicao
A RDC e a Etiopia na 171.a posiçao
A Guiné Bissau na 175.a posiçao
Moçambique na 182.a
O Sudao do Sul o ocupa a 193.a posição a ultima
As disparidades sao pois significativas mesmo no seio das potencias mais significativas como com os EUA a maior potencia militar mundial na 17.a posiçao, a França na 26.a ou a Russia na 64.a e a China na 78.a !
E na verdade as Muralhas que se estao a construir baseadas no nuclear, nos misseis, nos drones etc nao serao senao argumento para mais separação e guerra!