Ministros do governo Lula e parlamentares aliados compartilham a leitura de que os e eventos de 21 de setembro funcionaram como um ponto de inflexão.
Para eles, a pressão das ruas tornou ainda mais difícil a tramitação da amnistia, que já enfrentava desgaste após divergências internas no centrão e no PL.
Enquanto o relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) defendia um texto para suavizar penas de Bolsonaro e dos condenados pelo 8 de janeiro, deputados da oposição rejeitaram qualquer acordo.
A resistência se intensificou após os protestos, ampliando as divisões.
Note-se que só na Avenida Paulista, em São Paulo, a manifestação reuniu 42.379 pessoas — praticamente o mesmo contingente que os bolsonaristas mobilizaram no 7 de setembro de 2024, data considerada um sucesso pelas lideranças do campo oposicionista.
A surpresa com a força das manifestações foi admitida até mesmo por aliados de Bolsonaro, que viram no cenário uma “contaminação da pauta da anistia” após a aprovação da urgência da proposta, em meio ao desgaste da PEC da Blindagem.
Para governistas, a dimensão dos protestos indica que a população rejeita tanto a amnistia quanto os arranjos que fortalecem um modelo de semipresidencialismo informal no país.
A avaliação é de que, após a reação das ruas, a agenda do Congresso tende a se deslocar.
A fala de Lindbergh sintetiza essa interpretação: a mobilização não apenas travou a pauta da anistia, mas abriu espaço para uma reorganização do debate político nacional, com potencial de alterar a correlação de forças entre governo, Centrão e bolsonaristas.