No jornal O Globo, o deputado realçou  que a mobilização popular não se limitou a responder  à amnistia dos golpistas de 8 de janeiro e a Jair Bolsonaro, pois  vai até ao  questionar da condução política do Congresso.

"Acredito que vem aí uma mudança mais estrutural. Essa aliança do Centrão com o bolsonarismo, expressa na 'PEC da Bandidagem' e na amnistia, fez explodir um sentimento de indignação contra o sistema. “Esqueçam PEC da Blindagem, anistia ou redução de penas. É mais do que a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil ou o fim da escala 6x1. Creio que o semipresidencialismo que estava sendo imposto entra em xeque”, declarou Lindbergh.

Ministros do governo Lula e parlamentares aliados compartilham a leitura de que os e eventos  de 21 de setembro funcionaram como um ponto de inflexão.

Para eles, a pressão das ruas tornou ainda mais difícil a tramitação da amnistia, que já enfrentava desgaste após divergências internas no centrão e no PL.

Enquanto o relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) defendia um texto para suavizar penas de Bolsonaro e dos condenados pelo 8 de janeiro, deputados da oposição rejeitaram qualquer acordo.

A resistência se intensificou após os protestos, ampliando as divisões.

Note-se que só na Avenida Paulista, em São Paulo, a manifestação reuniu 42.379 pessoas — praticamente o mesmo contingente que os bolsonaristas mobilizaram no 7 de setembro de 2024, data considerada um sucesso pelas lideranças do campo oposicionista.

A surpresa com a força das manifestações foi admitida até mesmo por aliados de Bolsonaro, que viram no cenário uma “contaminação da pauta da anistia” após a aprovação da urgência da proposta, em meio ao desgaste da PEC da Blindagem.

Para governistas, a dimensão dos protestos indica que a população rejeita tanto a amnistia quanto os arranjos que fortalecem um modelo de semipresidencialismo informal no país.

A avaliação é de que, após a reação das ruas, a agenda do Congresso tende a se deslocar.

A fala de Lindbergh sintetiza essa interpretação: a mobilização não apenas travou a pauta da anistia, mas abriu espaço para uma reorganização do debate político nacional, com potencial de alterar a correlação de forças entre governo, Centrão e bolsonaristas.