Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, felicitada por Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu Yves Herman / REUTERS

As duas mulheres não escondem o que lhes vai na alma. Não há máscaras. Os semblantes descarregam as emoções do triunfo.

A linguagem corporal das duas damas revela-lhes a natureza da alma. Os sorrisos são idênticos; os quatros braços é como se fossem articulados por um único cérebro.

Os postos a que foram alcandoradas já não lhes fogem, dizem-nos elas. Disso estão seguras. A espera deve ter sido terrível.

  A dona Ursula perdeu a compostura de aristocrata que ordenou a execução do urso que matou um dos seus cavalos. Abraça Metsola com toda a carga sentimental humana que esconde oficialmente, salvo quando cai nos braços de Zelenski.

Ninguém as elegeu. Ocupam os cargos por negociação de bastidores entre famílias políticas que dominam a União Europeia. Como excelentes e pérfidas burocratas receberam o prémio pelo qual tanto pelearam. Ufa, exclamam.

Irmanadas no belicismo europeu, sentem confiança na estrada que escolheram e pela qual se guiam. Distantes da vida dos cidadãos europeus já podem ir para os seus gabinetes congeminar os benefícios da indústria da Defesa em detrimento das políticas sociais. O que lhes vai na alma jorrou e vê-se. A alegria delas é muito provavelmente a tristeza das mulheres dos países da União Europeia. E dos homens. É triste tanta satisfação incontida.