“A Oposição Independente e a Oposição Democrática, representadas pelos seus candidatos à Presidência da República, senhor General Humberto Delgado e senhor Doutor Arlindo Vicente, em face da necessidade de estabelecer, nas urnas, uma unidade de acção contra o Governo da Ditadura, verificaram ser útil, e até decisivo, proceder imediatamente a tal unidade e, para isso, estabelecer a actuação comum nos seguintes termos que se comunicam à Nação:
As Candidaturas prosseguirão, a partir desta data, a trabalhar em conjunto, e no final, representadas nas urnas por um só Candidato, o General Humberto Delgado, que se compromete, por sua honra, e salvo caso de força maior, a tornar efectivo o exercício do voto até às urnas e estabelecer, em caso de êxito, o seguinte:
a) Condições imediatas de aplicação do Artº 8º da Constituição;
b) Exercício de uma Lei Eleitoral honesta;
c) Realização de eleições livres até um ano após a constituição do seu Governo;
d) Liberdade dos presos políticos e sociais;
e) Medidas imediatas tendentes à democratização do País.
Viva Portugal!
Viva a Liberdade!
Lisboa, 30 de Maio de 1958
aa. Humberto Delgado
Arlindo Vicente “
Entendemos claro o que o lider do PCP defende ao dizer que o projeto da CDU em Lisboa não quer ser "diluído noutros". No entanto entendemos nós no Estrategizando que vivemos tempos demasiado perigosos para que as forças políticas das Esquerdas. se limitem a preocuparem-se somente com elas proprias e nao com o Povo em geral!
Em primeiro lugar assusta-nos efetivamente a percepção da crescente indiferença das e dos Cidadãos face à atividade política visivel nos atos eleitorais!
“A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos.Antônio Gramsci
GRAMSCI, A., Convite à Leitura de Gramsci “
E essa indiferença mostra bem o como as e os eleitores dos partidos das direitas mantêm um corpo de eleitores que os segura na governação alimentados pelos media das Direitas fortemente apoiados financeiramente e podendo por tal chegar a todo o lado!
Mas por outro lado tememos também o sectarismo e lembramos Dimitrov, que nao limita a unidade ao Povo na sua diversidade social e ideológica, mas tambem aos que rejeitam o Fascismo e os Fascistas em geral, “O ódio dos povos contra a guerra torna-se cada vez mais profundo e intenso. A burguesia, que lança os trabalhadores para o abismo das guerras imperialistas, arrisca aí a cabeça. Atualmente, vemos levantar-se pela causa da manutenção da paz não só a classe operária, o campesinato e os outros trabalhadores, mas também as nações oprimidas e os povos fracos, cuja independência está ameaçada por novas guerras. Até mesmo determinados grandes Estados capitalistas, temendo as perdas que poderiam sofrer na sequência de uma nova partilha do mundo, estão interessados, na presente etapa, em evitar a guerra.
Diz Paulo Raimundo, “Olhemos para este tempo com confiança, com audácia, com iniciativa, com alegria e com a certeza que é incomparável a nossa ação, a nossa intervenção e o nosso projeto, o projeto autárquico da CDU. Um projeto ao serviço do povo, um projeto que, diluído noutros, passaria a ser igual aos outros. E nós não queremos ser iguais aos outros e o povo de Lisboa não precisa que nós sejamos iguais aos outros", defendeu Paulo Raimundo.
Paulo Raimundo falava num comício da Coligação Democrática Unitária (CDU) -- em Lisboa sob o tema, "Lisboa pelo direito à cidade", logo após a intervenção do candidato pela coligação à autarquia lisboeta, João Ferreira.
Paulo Raimundo mantem a recusa de coligações pré-eleitorais com o PS para as autárquicas de 2025, depois de em junho o Livre ter convocado PS, BE, PCP e PAN para debater os desafios políticos próximos à esquerda, nomeadamente as autárquicas de 2025.
"Quando outras forças procuram eventuais candidatos, aqui estamos nós, com o candidato mais preparado e o melhor presidente que a população de Lisboa poderia e pode ter", defendeu Paulo Raimundo, perante os militantes comunistas presentes no comício na Ribeira das Naus.
Para o secretário-geral do PCP a CDU "é vanguarda" na defesa do poder local democrático, com "provas dadas como nenhuma outra força" política, afirmando que "é esta a convergência, é esta a frente, é esta a esquerda que importa reforçar".
Afirmando que "Lisboa precisa de mais CDU", Paulo Raimundo defendeu que "isto não vai lá com proclamações e processos de intenção, isto não vai lá com apaixonadas alternâncias de estilo aparentemente diferentes, mas infelizmente com práticas demasiado semelhantes", algo que se aplica às autarquias, mas também ao poder central.
O comunista defendeu que "são vários, profundos e graves os problemas" da "responsabilidade de sucessivos governos de PS, PSD e CDS, com Chega e IL a procurarem em cada momento levar mais longe a política de direita", que se sentem com "particular intensidade" na capital do país.
Raimundo acusou o atual executivo de aprofundar estes problemas "interessado em servir, não o povo, não os trabalhadores, não quem cria a riqueza, não os jovens, não quem trabalhou uma vida inteira, não os migrantes, mas sim os grupos económicos".
"O novo aeroporto continua a marcar passo, optando-se pela extensão de um aeroporto esgotado e a precisar de ser substituído com urgência, e que tem de sair da cidade de uma vez por todas", alertou.
Já sobre a crise da habitação, João Ferreira já tinha referido que em Lisboa "há 48 mil casas que estão vazias, sem incluir as casas de segunda habitação", e Paulo Raimundo seguiu a mesma linha de argumentação, afirmando que "o problema não é faltarem casas, é faltarem casas que as pessoas possam pagar".
É impossível recusar estas reflexões, importantes que sao para a percepção de um Futuro para Lisboa, mas olhemos é o que pedimos para uma Comissão Europeia que integra um fascista, para um governo direitista em França que só passará se contar com os votos dos fascistas lepenistas e preocupemo-nos com a Democracia em risco e que só a Unidade das Esquerdas pode salvar !
Haja pois um acordo entre todas as Esquerdas que salvaguarde as autonomias de cada força política envolvida!
Antonio Sendim