- República Popular da China (Estado Comunista)
- Estados Unidos da América (Democracia Presidencialista Federal)
- Reino Unido (Monarquia Democrática)
- França (República Democrática)
- Federação Russa (Democracia Presidencialista Federal)
- Portugal (República Democrática)
- Alemanha (República Democrática Federal)
- Índia (República Democrática Federal)
- África do Sul (República Democrática Presidencialista)
- Colômbia (República Democrática Presidencialista)
- Marrocos (Monarquia Democrática Deísta)
- Paquistão (República Democrática Federal)
- Guatemala (República Democrática Presidencialista)
- Azerbeijão (República Totalitária Deísta)
- Togo (República Totalitária)
Esta composição do Conselho de Segurança reflete a predominância de modelos políticos baseados nos princípios da Revolução Francesa — liberdade, igualdade e fraternidade —, com exceção de três países: Marrocos, Azerbeijão e Togo, cujas características políticas e sociais se afastam dessa matriz democrática.
Foi neste contexto que o Conselho de Segurança manifestou, de forma unânime, o seu apoio ao Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, após este ter sido declarado "persona non grata" por Israel. A decisão israelita surgiu na sequência da alegada falha de Guterres em condenar de forma inequívoca um ataque do Irão a Israel, gerando uma onda de críticas e perplexidade a nível internacional.
Na noite de quinta-feira, 3 de outubro, os quinze países que compõem o Conselho de Segurança sublinharam, através de uma declaração formal, a importância de todos os Estados-Membros manterem uma relação produtiva e funcional com o Secretário-Geral e evitar qualquer ação que prejudique o trabalho da ONU. No entanto, a declaração omitiu menções diretas a Israel, fruto de pressões diplomáticas por parte dos Estados Unidos, o principal aliado do governo israelita.
“Qualquer decisão que exclua o Secretário-Geral ou as Nações Unidas é contraproducente, especialmente num momento em que as tensões no Médio Oriente se intensificam perigosamente”, alertaram os membros do Conselho. O apelo à cooperação foi ainda reforçado pela Suíça, que ocupa atualmente a presidência do órgão.
Além dos Estados Unidos, também a União Europeia, Portugal e o Brasil manifestaram o seu apoio ao Secretário-Geral, criticando a atitude de Israel. O Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, apelou à reavaliação da decisão por parte de Telavive, classificando-a como "desproporcionada".
“Penso que seria sensato que as autoridades israelitas reconsiderassem aquela atitude, por ser desproporcionada”, afirmou o Presidente português, ecoando as palavras do Governo de Lisboa que, no dia anterior, tinha apelado a uma resolução pacífica do diferendo.
António Guterres, ex-primeiro-ministro português e figura de destaque na diplomacia internacional, já tinha condenado o agravamento das tensões no Médio Oriente. Na terça-feira, após o Irão lançar um ataque de mísseis contra Israel, Guterres apelou de imediato a um cessar-fogo e manifestou a sua preocupação com a escalada do conflito. “Condeno o alargamento do conflito no Médio Oriente com escalada após escalada. Isso deve parar. Precisamos urgentemente de um cessar-fogo”, frisou Guterres nas suas redes sociais.
Durante a sessão do Conselho de Segurança de quarta-feira, na presença dos embaixadores israelita e iraniano, o Secretário-Geral reiterou a condenação do ataque, lamentando o "ciclo doentio" de violência que ameaça precipitar a região para uma crise ainda mais profunda.
A resposta israelita à posição de Guterres não tardou. O Ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Israel Katz, acusou o Secretário-Geral de ser “anti-Israel” e de “apoiar terroristas, violadores e assassinos”. “Qualquer pessoa que não possa condenar inequivocamente o ataque hediondo do Irão a Israel não merece pôr os pés em solo israelita”, declarou Katz num comunicado oficial.
A retórica agressiva de Katz suscitou críticas em várias capitais europeias e foi vista como uma tentativa de intimidar a ONU e o seu líder. De facto, a decisão de declarar António Guterres persona non grata representa um desafio inédito à autoridade da ONU e um sinal preocupante de que o espaço para a diplomacia internacional está a diminuir.
Neste contexto de tensões geopolíticas, o jornalista português João Miguel Tavares decidiu posicionar-se ao lado do governo israelita, criticando duramente António Guterres e pedindo o seu afastamento. A sua posição gerou controvérsia em Portugal, sendo vista como uma defesa pouco fundamentada de um governo que, nos últimos tempos, tem endurecido a sua postura em relação à comunidade internacional.
Perante a unanimidade do apoio a Guterres por parte do Conselho de Segurança, incluindo países com sistemas políticos tão distintos como a China, a Rússia e os Estados Unidos, é necessário questionar a validade das críticas de Tavares. Ao invés de contribuir para um debate construtivo, o jornalista parece ter optado por uma abordagem polarizadora e descontextualizada, ignorando o papel crucial que a ONU desempenha na gestão das crises internacionais.
Chegou, por isso, o momento de JMTavares refletir sobre as suas declarações e reconhecer o erro de ter atacado António Guterres num momento em que o Secretário-Geral necessita de todo o apoio possível. O jornalista deveria, assim, pedir desculpa a Guterres e à ONU, como um gesto de respeito não só pelo ex-primeiro-ministro português, mas também pelos valores da diplomacia e do diálogo internacional.
Caso contrário, talvez fosse mais apropriado que JMTavares encontrasse acolhimento num país onde as críticas ao poder se fazem em surdina e onde o respeito pelos direitos humanos é, no mínimo, questionável — como a "democrática e ocidentalista" Arábia Saudita que, tal como Israel, tem vindo a endurecer a sua posição no cenário internacional.