Na última quinta-feira, a Assembleia Municipal de Loures rejeitou uma proposta da CDU que visava anular uma recomendação controversa do Chega.

Esta recomendação, aprovada anteriormente, propunha a inclusão de uma pena acessória de despejo para indivíduos considerados culpados de ilícitos, o que levantou acesa discussão no plenário.

A proposta comunista, que visava revogar esta medida do Chega, foi rejeitada pelos votos contrários do PS, PSD, Chega e Iniciativa Liberal. Apenas a CDU e o Bloco de Esquerda se posicionaram a favor da revogação, enquanto o PAN optou pela abstenção.
A rejeição desta proposta acendeu uma questão importante: quantos dos que votaram contra se recordam do passado recente de Loures, onde grande parte das habitações nasceu de um desordenamento territorial caótico e marcado pela ilegalidade?

A recomendação do Chega, apoiada pela maioria na Câmara de Loures na sua última reunião, defende a introdução no Regulamento Municipal de uma pena de despejo a quem for considerado culpado de comportamentos ilícitos. Este aditamento é considerado por muitos não só ilegal e inconstitucional, mas também moralmente questionável, ao ponto de levantar a dúvida: será justo que os filhos paguem pelos erros dos pais?

A proposta da CDU foi debatida durante o Período Antes da Ordem do Dia (PAOD) da Assembleia Municipal, num ambiente já inflamado pelas recentes declarações do presidente da autarquia, Ricardo Leão, que provocaram considerável polémica.

Durante a sessão, a deputada municipal do Bloco de Esquerda, Rita Sarrico, destacou-se pelo seu discurso acutilante, acusando Ricardo Leão de "ordenar despejos" e adotar um discurso "desumano".

Atualmente, a Assembleia Municipal de Loures é composta por 12 eleitos do PS, 10 da CDU, cinco do PSD, três do Chega, um do Bloco de Esquerda, um da Iniciativa Liberal e um do PAN. Com um total de 33 votos, os 20 votos do PS, PSD e Chega asseguram uma maioria absoluta, o que lhes permite decidir de forma conjunta e, como tal, rejeitar a proposta da coligação de esquerda.