As reações à entrevista do secretário-geral do PS “demonstram bem uma coisa que é, a meu ver, um dos primeiros problemas deste assunto, do assunto da imigração, que é ele estar a ser tratado com uma enorme polarização na sociedade e nas diversas forças políticas, é ele ser tratado com uma perspetiva sempre pouco serena, pouco construtiva, muito polarizada, muito extremada", declarou Alexandra Leitão.

No programa de comentário Princípio da Incerteza, na CNN Portugal, apelou a "mais serenidade e mais construtividade neste debate, de todos, a começar na própria sociedade".

O jornalista Carlos Andrade, questionou se este apelo também se dirige ao interior do PS, a deputada respondeu: "A todos".

"O pedido de serenidade e de construtividade neste debate aplica-se a todos, à sociedade, às forças políticas, aos técnicos, aos cientistas, a todos, e a mim própria também, antes de mais", indicou, pedindo também que não "se extrapole a partir de duas ou três afirmações".

A líder parlamentar do PS defendeu igualmente que "não foi o PS, nem agora o secretário-geral do PS, que tomou nenhuma posição nova relativamente à manifestação de interesse".

Alexandra Leitão assinalou que quando o PS pediu a apreciação do decreto-lei do Governo que revogou as manifestações de interesse, em junho, não teve como intenção repor este mecanismo.

"O requerimento diz que é preciso legislar para ocupar, para preencher, o vazio legal que ficou deixado pelo Governo no momento em que revoga, sem substituir, a figura da manifestação de interesse", afirmou.

Segundo a deputada, Pedro Nuno Santos quis transmitir que o PS identificou "um vazio legal [que] tem que ser preenchido", e não se revê "na figura da manifestação de interesse tal como está".

Alexandra Leitão indicou que o PS está "a estudar" alternativas e, apesar de "não ser muito fácil", afirmou o partido já tem "umas três ou quatro pistas", mas não as quis concretizar.

Diz esta dirigente do PS que estas propostas possam ser apresentadas "provavelmente ainda esta semana".

Também na noite de domingo, Alexandra Leitão esteve no programa da SIC "Isto é Gozar com Quem Trabalha", onde afirmou que "a cultura do PS é mesmo a de pluralismo, portanto está totalmente respeitada" e defendeu que "estes debates devem ser feitos com base em informações e dados, em estudos científicos, e menos com base em polarização e extremismos".

Em entrevista ao Expresso, o líder do PS admitiu que não se fez tudo bem nos últimos anos quanto à imigração e que irá propor uma solução legislativa que permita regularizar imigrantes que estão a trabalhar, mas recusa recuperar a manifestação de interesse.

Ora estas declarações foram criticadas dentro do PS por figuras como a eurodeputada e antiga ministra Ana Catarina Mendes, o deputado e antigo ministro da Administração Interna José Luís Carneiro (que disputou a liderança contra Pedro Nuno Santos) ou o ex-líder parlamentar Eurico Brilhante Dias.