A economia de mercado já não é livre? Só para a hotelaria e alojamento local?

Ao que parece o sr Rui Moreira conhecido como liberal está a deixar do o ser!

Assim o presidente da Câmara do Porto assumiu, ontem, 08.10, estranheza com a abertura de tantas lojas de “souvenirs” (lembranças) em locais de destaque da cidade.

Diz o sr Rui Moreira, que há um ano existiam 181 estabelecimentos do género no “coração” do Porto.

Olhemos entao para o mercado e por simplificação atentemos somente o mercado turistico, 5 900 000 turistas em 2023, significam 36 ou 27 turistas minuto consoante as contas feitas!

Ora, aos preços encontrados na cidade do Porto é mais que natural que este mercado de 27 a 36 turistas minuto seja aliciante para um segmento de custo baixo e retorno facil!

Não será aparentemente tão digno quanto as lojas que vemos iguais em NY em Paris, em Londres, em Shangai etc, mas é um segmento bem rentável para turistas de fraco/medio baixo rendimento como é o turista em Portugal!

Assim, lamentamos que este autarca ache que as lojas de lembranças sejam o faroeste na cidade e por isso critique o fim do licenciamento zero.

“Como é possível, em sítios premium, de repente abrirem determinadas lojas cujo produto da venda não parece suscitar o consumo dessas lojas”, questionou o presidente da Câmara do Porto, insistindo que está de mãos atadas, uma vez que, devido ao licenciamento zero, a autarquia só sabe que atividade vai existir quando uma loja abre.

O problema é que o empresário, luso ou estrangeiro, em Portugal, é um empresário em geral de baixo rendimento e capacidade de investimento e fracas qualificações e por tal procura o segmento que lhe é afim ao seu potencial

“Não é normal que os presidentes de Câmara não possam ter relativamente à sua cidade, na regulação do comércio e das atividades económicas, qualquer capacidade de interferir para além do que está no PDM (Plano Diretor Municipal)”, considerou fazendo um regresso ao tempo salazarento em que o empresario se curvava ao sr presidente de junta para ter direito a abrir a sua chafarica!

Acha o sr Rui Moreira então que este segmento de atividade “está a degradar a imagem da cidade”, e sem noção de mercado diz , estranhar que as lojas de “souvenirs” consigam receita suficiente para suportarem rendas de estabelecimentos nobres do centro da cidade.

Espantosamente o então ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, solicitou “um levantamento e o mapeamento” daquelas lojas no Porto, referindo que estaria a ser efetuada uma investigação pela Procuradoria Geral da República (PGR) ao “boom” daquele tipo de comércio em Lisboa…. Que ridículo!

Basta fazer as contas acima e saber a tipologia empresarial portuguesa para se perceber porque é que existem tantas lojas de lembranças tambem em Lisboa e claro país fora!

Ao menos Rui Moreira acautelou-se e nao foi à PGR recusando-se a especular sobre os interesses por trás da proliferação daqueles estabelecimentos. “Não me compete avaliar se há interesses ocultos ou não”, afirmou, para insistir: “Tem-se procurado combater a burocracia pelos automatismos. Qual é o problema? Transforma-se a cidade num ‘faroeste’. A burocracia não se acaba com tudo ao molhe e fé em Deus”.

Antonio Sendim

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Foto de destaque: Criada por IA