Mas infelizmente a elite portuguesa da extrema direita à extrema esquerda desconhece !

As guerras luso-holandesas começaram em 1595 com o ataque holandês a S. Tomé e Príncipe e terminaram em 1663 com  a assinatura do tratado de Haia, na verdade com boa parte a acontecerem ao tempo da ocupação espanhola em Portugal um reino assim fragilizados com ataques e ocupações no Brasil, África e na Ásia portuguesas.

A guerra feita pelos Holandeses no Oceano Índico eram simples - atirar primeiro e não perguntar depois mas  os portugueses fariam exatamente a mesma coisa diga-se.

Foram anos de guerra total e a Guerra Luso-Holandesa iniciada em 1602 foi descrita pelo renomado historiador inglês Charles Boxer como  “a verdadeira primeira guerra mundial”!

O primeiro teatro da guerra acontece na Ásia, nas importantíssimas cidades indianas para Portugal do Siri Lanka, Ceilão, Diu, Ormuz e a menina dos olhos lusitana: Goa.

E os holandeses das cidades indianas para  eliminar  Portugal vão até a China, e a grande cidade portuária de Macau seria ocupada pelos  holandeses.

Se os holandeses achavam  que seria uma guerra rápida; tal não aconteceu.

Décadas foram-se passando e a disputa pela Índia era quase  sem fim mas  terminou com um resultado surpreendente - um empate.

Portugal consegue vencer nos teatros de Goa, Ormuz e Macau enquanto os Holandeses vencem em Malabar, Ceilão e ilhas da Indonésia.

Em África a guerra aconteceu tambem - em Moçambique e na maior “jóia” africana para os europeus, Angola onde o conflito foi sangrento e implacável, com  a participação importante de lideres  angolanos, como o Reino do Congo e a mais famosa de todas, a Rainha Nzinga.

Esta rainha Nzinga era uma mulher poderosa que matou membros de sua própria família e escravizou tantas tribos quanto pôde ao seu redor para ter o monopólio do comércio de escravos com os europeus, e assim aumentar ainda mais seu poder dentro da África e se a rainha era uma importante aliada dos portugueses ao  sentir-se ameaçada por eles resolve estabelecer  uma aliança com os holandeses oferecendo-lhes  quantos escravos quisessem ter em troca de ajuda contra os portugueses.

A região de Luanda era o epicentro desse conflito e os holandeses com a  sua superioridade militar conseguem expulsar quase os portugueses de Angola.

Portugal no tempo enquanto guerreava contra os holandeses, também batiam  em casa contra os espanhóis, que governavam o país há 60 anos e queriam sua independência sendo pois um momento decisivo para a história de Portugal e para o império português também.

Em agosto de 1648, os portugueses liderados pelo governador da capitania do Rio de Janeiro, Salvador de Sá, partem do Rio de Janeiro em direção a Angola para recuperar o território.

Mesmo superiores em número e apoiados por Nzinga, os holandeses não conseguem resistir ao assalto português e são expulsos de Angola, definitivamente.

Os portugueses ganham em Angola e em Moçambique, mas perdem Elmina e São Tomé (temporariamente)

Note-se que Portugal era um dos principais parceiros comerciais dos Países Baixos mas Filipe I proíbiu as relações comerciais, numa tentativa de enfraquecer os holandeses, que  lutavam  numa guerra de independência em relação à coroa castelhana.

Para aceder às mercadorias, os holandeses fundaram companhias e partiram à conquista de um império. As possessões portuguesas, constituídas por pequenos pontos de apoio ao comércio, eram de fácil ocupação.

Partido Popular para a Liberdade e Democracia

Recordemos que a  finais da Idade Média, o povo sefardita havia adquirido um prestígio e poder dificilmente igualado por qualquer outra comunidade congénere da Europa e em Portugal, os judeus desempenharam papel preponderante no desenvolvimento económico e cultural do país mas apesar do seu prestígio, motivações políticas e religiosas

levaram D. Manuel à sua expulsão em ato de submissão diplomática à corte espanhola

Perante  o batismo forçado e, mais tarde, com o estabelecimento da inquisição, os judeus viram-se obrigados a fugir para espaços de maior liberdade religiosa.

Entretanto e depois  se independentizar de Espanha, em 1581 a República das Sete Províncias Unidas foi o primeiro estado a estabelecer legalmente a liberdade religiosa. 

Assim ele  dava  perspectivas de uma  vida em liberdade aos cristãos-novos perseguidos em Portugal, permitindo-lhes o retorno ao judaismo.

Assim sendo, entre 1590-93, isto é, nos primeiros anos da ocupação espanhola de Portugal, famílias portuguesas de ascendência hebraica começaram a fixar-se em Amsterdão, construindo uma importante comunidade.

Não foram só os Judeus portugueses a refugiarem-se em Amsterdão, mas também os Judeus procedentes dos reinos de Espanha, que se chamaram de "Portugueses".

Em 1599 há registos de que haveria cerca de 100 Judeus portugueses em Amesterdão.

Em 1610 seriam perto de 200, 500 em 1612, 1.000 em 1620 e 2.500 em 1672. 

Em 1621 os Judeus portugueses de Amsterdão contribuiram grandemente para a fundação da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais base dos negocios e das guerras anti portuguesas.

Esta companhia, recebeu, pouco depois, um alvará de monopólio do comércio com as colónias ocidentais do Caribe, bem como do tráfico de escravos com o Brasil, o Caribe e a América do Norte, podendo operar na África, entre o trópico de Câncer e o Cabo da Boa Esperança, e em toda a região das Américas, incluindo o Pacífico.

A ocupação de Pernambuco no Brasil, em 1630, foi financiada e assegurada por um grupo de Judeus portugueses, entre os quais Manuel Mendes de Castro, Issac Aboab da Fonseca, Abraão e Isaac Pereira, David de Aguiar, Moisés Rafael de Aguilar,... Em 1642 por volta de 600 judeus portugueses de Amsterdão rumaram para colonizar a colónia de Pernambuco, tornando-se nos proprietários dos engenhos de açúcar que lá foram instalados.

Mas atenção muitos judeus portugueses financiaram a causa independentista de D. João IV e a guerra contra a Espanha, graças à ação diplomática do padre António Vieira que bem defenderia, sem qualquer sucesso, a não perseguição  e o regresso dos Judeus a Portugal..

Em 1639 inaugura-se em 1675 Sinagoga  Portuguesa de Amsterdão.

Os Judeus da nação portuguesa criaram  até  um dialeto próprio, conhecido por judeu-português, língua escrita em caracteres hebraicos, utilizada nos registos da Sinagoga, que não  sobreviveu em Portugal mas foi falada e escrita na Holanda até ao século XIX e alias a língua judaico portuguesa ainda é utilizada nos assuntos não religiosos da comunidade.