Um Desafio que Não Teve Resposta

Lançámos o nosso desafio, conscientes de que seria ignorado. Sabíamos que ele não aceitaria o debate, pois reconhece a existência de uma outra Esquerda, uma que o derrota completamente. Perante essa Esquerda, a sua fuga era inevitável.

Sim, há uma Esquerda que não teme a sua herança histórica como descendente do império português, um império de raízes templárias — cristão, mas nunca vaticanista; universalista, celebrando todas as religiões que promovem a unidade da Humanidade.

É uma Esquerda que, à luz de Camões, distingue os encontros entre comunidades humanas dos erros cometidos pelo modelo escravocrata, que desvirtuou os propósitos desses encontros.

Essa Esquerda é a mesma que, desde o primeiro momento, se opôs à guerra colonial. É a mesma que combateu firmemente os abusos, as injustiças e os interesses retrógrados que sustentaram o colonialismo. E é precisamente essa Esquerda que o senhor Ventura teme e evita enfrentar.

A extrema-direita e o ultraconservadorismo, que outrora derrubaram a Primeira República e se acomodaram no colo impotente do regime salazarista, continuam hoje a alimentar-se dos ódios e ressentimentos. Ressentimentos esses que também derivam da derrota sofrida na guerra colonial, uma ferida aberta que expôs a sua fraqueza e os seus preconceitos.

Foi essa derrota histórica que ecoou no nosso desafio, lançado no dia 25 de novembro de 2024. Um desafio que deixou claro o vazio simbólico da data, uma data que nada verdadeiramente comemorou.
O silêncio foi a única resposta que obtivemos, um silêncio que diz mais do que quaisquer palavras poderiam dizer.