O armazém da loja estava equipado com vários “quartos” numerados, como nos hotéis, e aos “hóspedes” era fornecido um serviço de refeições.

Dois dos inquilinos, que pagam pelo menos 100 euros mensais de renda e outros 100 para alimentação, estavam em situação ilegal em Portugal.

Em poucas semanas já é o quarto albergue ilegal instalado em espaços licenciados para comércio, descoberto no centro do Porto, num fenómeno que é reproduzido em muitas cidades do país e poderá estar a gerar fortunas aos “senhorios de beliches”.

A operação começou na manhã de anteontem, quando uma dezena de agentes, alguns à civil e outros fardados, pertencentes às equipas de fiscalização da primeira divisão da PSP do Porto, entraram na loja de conveniência “Porto Souvenir Point”, situada na Rua dos Clérigos.

Os polícias encontraram várias pessoas ainda a dormir e outras a tomar banho na única divisão prevista para este efeito, onde havia baldes a servir de polibã e de recipiente para água destinada à higiene pessoal.

Os diversos “quartos” estavam divididos por pladur inacabado, com fios de eletricidade pendurados.

Sem armários, os “hóspedes” guardam as suas roupas em sacos de plástico, malas pousadas no chão ou debaixo das camas.

No segundo piso, havia o espaço reservado à cozinha e sala de refeições, onde foram encontrados alguidares com comida que era partilhada pelos inquilinos.

Este albergue ilegal movimentava pelo menos sete mil euros por mês com um esquema que representa uma infração ao Regime Jurídico de Urbanização e Edificado (RJUE).

Outros tinham atestados de residência emitidos por autarquias de outras localidades do país.

A PSP vai agora remeter o processo à Câmara do Porto, por violação do RJUE.

O espaço corre o risco de vir a ser encerrado.

Joffre Justino