Numa era onde os meandros do tempo tecem memórias de esperança e resiliência, o 25 de abril de 1974 ressurge, como um fénix, em cada comemoração que brota nos recantos de Portugal.

Em Lisboa, no coração dos Olivais, a Junta de Freguesia apresenta um conjunto de atividades que nos faz retroceder às raízes da revolução, enquanto nos catapulta para o futuro com a promessa de um abril eterno.

"Abril popular: a celebração do 25 de abril nos Olivais e o seu significado para o futuro"

Os Olivais, um bairro histórico que resplandece no tecido urbano de Lisboa, vive o abril sob as asas da liberdade. A junta local, numa ode à cultura e ao espírito revolucionário que marcou o país há meio século, desenrola um programa de festividades que mais parece uma galeria a céu aberto de arte, música e diálogo comunitário.

As celebrações do 25 de abril não se confinam a um mero ato cerimonial, mas transformam-se num palco dinâmico de reflexão e festa, onde o passado se entrelaça com as perspectivas de futuro. Este ano, marcando o cinquentenário da Revolução dos Cravos, a mensagem é clara: os princípios da liberdade, igualdade e fraternidade continuam a ser o leme que orienta a comunidade.

Embora o país atravesse tempos de incerteza, com uma esfera política em constante ebulição, os Olivais mantêm viva a chama de um abril que, segundo os moradores, "deve ser vivido com a alegria e a convicção de quem sabe que, mesmo nos dias mais cinzentos, o sol da liberdade não tarda a ressurgir."

A programação eclética — que inclui concertos de bandas icónicas como Taxi e UHF, atuações de artistas locais, e até mesmo rituais ao pôr do sol no Tejo — é um convite aberto a todos, independentemente das suas convicções políticas. "É um abril de todos e para todos, um ponto de encontro onde as diferenças se dissipam ao som da música e nas conversas que florescem entre vizinhos e visitantes", afirma o presidente da Junta de Freguesia dos Olivais.

À medida que abril se desenrola, cada dia traz consigo a promessa de um momento único, um convite à comunidade para que seja coautora desta página da história. Cada riso partilhado, cada melodia entoada, cada debate promovido é um tijolo que se coloca no edifício do futuro — um futuro onde os herdeiros deste abril possam colher os frutos da liberdade.

Neste ano jubilar, Lisboa não olha apenas para trás, mas fixa o olhar no horizonte, reafirmando o compromisso de manter vivas as conquistas de abril. "Estes cinquenta anos poderão ser mais sombrios, mas abril é mais do que uma data — é um ideal que se renova e se reafirma a cada geração", conclui uma das organizadoras do evento.

Em suma, os Olivais não são apenas um palco para as celebrações; são um microcosmo de um Portugal que resiste, que sonha e que avança, levando nas asas da liberdade as lições de abril para um futuro que se quer cada vez mais florido.

Parafraseando Antoine de Saint-Exupéry: "Se queres construir um barco, não comeces por procurar madeira, cortar tábuas ou distribuir trabalho... primeiro desperta nos homens o desejo do mar livre e infinito." E é esse o desejo que abril desperta — o desejo de um mar de liberdade sem fim.