Angola e a Namibia

Uma média de 3.150 cidadãos cruzam diariamente a fronteira de Santa Clara, que divide a República de Angola e a vizinha República da Namíbia.

Esse movimento migratório de cidadãos de ambos os lados faz desta fronteira a maisimportante em termos de circulação terrestre em Angola, disse o chefe do posto fronteiriço da Santa Clara e inspector de migração, Yanes Lupeke. “A Santa Clara é considerada como a segunda maior fronteira do país depois doAeroporto Internacional, mas em questão de movimento terrestre, podemos dizer que Santa Clara é praticamente a número um.
Há dias em que supera as outras fronteiras terrestres a nível do país”, disse.

O governo do Cunene, província que em Angola divide grande parte da fronteira com a Namíbia, não tem dúvidas do impacto nas relações comerciais.

Dados mais recentes do período de 2020 a 2022, indicam que, em matéria de trocas comerciais, a média a nível de importações ascenderam aos 115 mil milhões de kwanzas, e acima dos sete mil milhões de kwanzas no que toca às exportações.

O período entre 2010 e 2015 foi o melhor em termos de trocas comerciais, com o volume de negócios a atingir mais de 600 mil milhões de kwanzas.

Atualmente, os namibianos buscam em Angola essencialmente combustível e outros produtos agrícolas, como a batata-doce, cana-de-açúcar e o massango ao passo que os angolanos importam veículos, mobiliários e outros bens e serviços.

De acordo com o diretor do desenvolvimento económico integrado do Cunene, Gilberto Shomongula, apesar da crise económica no país, são significativas as trocas comerciais através da Santa Clara com outros países da região austral. “Essa fronteira permite passar mercadorias que vêm da África do Sul, Zimbabwe, Botswana, Losotho.

Quase todos os países da África austral usam essa fronteira”, afirmou. O presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Cunene, Jorge Chimuandi, entende que as trocas comerciais entre os dois países podiam ser melhoradas na perspectiva da integração do comércio livre continental com incentivos
às pequenas e médias empresas.

“A SADC e os governos têm que criar um capital chamado micro-finança que é um fundo que vai poder capitalizar essas pessoas ou digamos acudir o risco”, disse.

O economista Paulo Félix, espera por uma nova dinâmica na fronteira de Santa Clara com a integração regional. “Se, por um lado, na arrecadação de receitas do ponto de vista dos impostos e outras tarifas haverá uma diminuição, por outro lado, o maior fluxo de bens e serviços vai proporcionar também maior atividade e portanto também maior rendimento”, considera.

Angola e Namíbia partilham uma fronteira comum de 1.376quilómetros.

Joff4e Justino

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Foto de destaque: IA;   imagem ilustrativa sobre as dinâmicas comerciais e migratórias na fronteira de Santa Clara entre Angola e Namíbia. A cena retrata um dia movimentado na fronteira, com um intenso fluxo de veículos e pessoas.