Numa manhã de despertar consciente, Lisboa viu-se transformada. As habituais mensagens de consumo cederam lugar a um clamor por justiça ambiental, cortesia do movimento Climáximo.

Esta substituição audaz dos cartazes publicitários por declarações de combate ao colapso climático surge em sincronia com a Semana de Ações Internacionais, focada na erradicação da publicidade enganosa e patrocínios que sustentam a indústria de combustíveis fósseis.

As principais artérias de Lisboa, como o Cais do Sodré e a Praça da Figueira, amanheceram adornadas com mensagens provocadoras. “Espaço público livre de combustíveis fósseis” e “Mais aeroportos: viagens com destino ao colapso climático” são apenas alguns dos lemas que agora confrontam os cidadãos e desafiam a indiferença coletiva. Estas intervenções visam não só informar mas também inspirar uma ação imediata contra a expansão irresponsável da indústria da aviação e projetos como o novo aeroporto, simbolizados aqui como “projetos de morte”.

O Climáximo, juntando-se a mais de trinta grupos europeus na campanha Stay Grounded e Badvertising, apela à diminuição drástica da aviação e ao fim da manipulação publicitária que encobre o impacto devastador das empresas aéreas no aquecimento global. Leonor Canadas, voz ativa deste movimento em Portugal, critica duramente a postura governamental e empresarial que, segundo ela, “continua a lucrar com a crise climática enquanto planeja novos projetos que nos empurram para o abismo”.

O desafio lançado pelo Climáximo vai além do ativismo visual. Nos próximos dias, a organização promove as "Assembleias de Abril" em Lisboa, um fórum de debate sobre as ações futuras e uma demonstração de solidariedade para com os membros do movimento enfrentando julgamento. Estas assembleias são tanto um espaço de resistência quanto um símbolo da luta pela manutenção dos valores democráticos e da liberdade, ameaçados tanto por políticas ambientais inadequadas quanto pela repressão àqueles que ousam desafiar o status quo.

Ao transformar o espaço público num manifesto ao vivo, o Climáximo não só desafia as convenções publicitárias mas também reafirma o espaço urbano como um palco para o discurso crítico e a ação coletiva. Através destas iniciativas corajosas, Lisboa não só testemunha a urgência de um novo paradigma ambiental mas também se posiciona como epicentro de um movimento que não teme confrontar as grandes potências em nome de um futuro sustentável.