Mariana Mortagua acusou o Governo de ter "visão preguiçosa" sobre a economia.

Limitar-se a apresentar um plano que baixa os impostos às grandes empresas e não olhar para as necessidades dos territórios, … mostra uma visão preguiçosa do Governo. Baixar impostos sobre as maiores empresas e mais uma vez apostar no Turismo", apontou Mariana Mortágua em declarações na 12.ª edição da Sementeira, um evento cultural organizado pelo Bloco de Esquerda de Viseu.

Mariana Mortágua disse que o Governo apresenta "um país sem visão" e a "ideia preguiçosa, que não quer saber, nem olhar para o território, ver as potencialidades do território" e como o "desenvolver por igual, por inteiro em todo o país".

A Cultura é uma fonte de desenvolvimento económico, assim como o serviço de urgência pediátrico, encerrado no período noturno em Viseu e a linha ferroviária da Beira Alta, "há muito tempo" fechada para requalificação e o governo aí so falha

"…exemplos de como podemos desenvolver a economia, de como podemos desenvolver o interior. Apostar em transportes públicos, na ferrovia, apostar em bons serviços públicos, no caso da pediatria, nos hospitais e na saúde primária, e também uma aposta forte na Cultura, parece-me uma visão bem mais interessante que aquela que o Governo nos apresenta".

Para a lider do BE, "baixar os impostos às grandes empresas não faz com que a magia aconteça" e a título de exemplo apontou o IRC que desde os anos [19]70, em Portugal, "não parou de baixar, sempre com a mesma desculpa, o mesmo argumento e, o que é que cresceu?".

"Cresceu o imobiliário, o turismo, a construção, a finança e nós não conseguimos ter uma economia desenvolvida e à altura do século XXI e, por isso, está na altura de perceber que é preciso mudar de estratégia e de olhar com vontade para o nosso território", sublinhou.

E, continuou, Portugal "continua a ter uma economia de baixos salários, muito baseada no Turismo, muito pouco diversificada e muito pouco produtiva, com muito pouca tecnologia e muito incapaz de enfrentar o futuro e de desenvolver as regiões do interior como é o caso de Viseu".

A visão dos descontos fiscais é "errada, preguiçosa que simplesmente isenta o Governo de ter uma visão, de olhar para este território, na sua potencialidade, nas suas pessoas, olhar para o que já é feito e pensar o que pode ser este território", apontou.

"O que pode ser feito na transição climática, que indústrias é que é preciso apostar, que transportes é que são precisos, que serviços públicos são precisos, a cultura e o que é que se pode fazer com ela", questionou, apontado que "é uma visão estratégica, fundada e inteligente que pode levar a uma economia para enfrentar o futuro".

"Se não dermos perspetivas de carreira aos jovens, se não conseguirmos olhar um jovem nos olhos e dizer-lhe agora tens 20 [anos], quando tiveres 30 vais ganhar mais, quando tiveres 40 vais ganhar ainda mais e quando tiveres 50 mais ganharás, não conseguimos fixar jovens em Portugal e muito menos no interior", defendeu.

Joffre Justino