Russia : Controlar o ouro, comprar armas deixar o custo das sanções para quem as impõe

É importante recordar que 31% da produção global de ouro em 2022 veio de três países: China, Rússia e Austrália numa produção media em cada de mais de 300 toneladas.

O Canadá, os EUA e o México completam o top seis dos maiores produtores de ouro, representando, juntos, 16% do total mundial, diz-nos o World Gold Council (WGC).

Por outro lado, a África do Sul produziu 110 toneladas de ouro em 2022, 74% menos que a produção conseguida no longínquo ano de 2000, uma queda a longo prazo que se deve ao encerramento de minas, da maturação de ativos e de conflitos industriais.

Os preços do ouro têm oscilado entre os 1.900 e os 2.000 dólares por onça, perto dos máximos históricos e para as empresas mineiras, estes preços elevados podem significar mais lucros por onça se os custos não forem afetados.

É neste contexto tem de se perceber o como, entre cereais, petroleo e ouro, e mais, falharam e falharão rotundamente as sanções anti económicas dito ocidente sobre a Russia!
Ate porque o fracasso do neocolonialismo ocidental veio fazer esquecer o neo colonialismo soviético e reabriu portas ao da Federação Russa!

Eis porque o grupo de mercenários russos, conhecido como Grupo Wagner, reorganizado sob o controlo do Ministério da Defesa russo em 2023, estabeleceu como prioritário o controlo dos locais de extracção de ouro no Mali.

Africa, como de costume África…

Os mercenários russos
na região de Gao, no dia 9 de Fevereiro, apoderaram-se da maior mina de ouro artesanal do Mali e com a ajuda das forças armadas malianas, garantiram a segurança do local, expulsando um grupo rebelde Tuaregue.

Este extenso local, que pode albergar até 4.000 mineiros, mudou de mãos várias vezes nos últimos anos, quando extremistas violentos associados à al-Qaeda e ao grupo do Estado Islâmico lutaram contra civis, forças governamentais e entre si por uma parte dos despojos e agora estão na mão destes mercenários russos que se autodenominam Africa Corps.

Numa parceria com os líderes da junta militar do Mali forjada no final de 2021, supostamente para combater os grupos extremistas que ocupam grandes extensões de terra e aterrorizam civis,
“Os homens do Grupo Wagner controlaram o acesso à mina durante algum tempo,” disse uma fonte maliana à revista Africa Report. “Cobravam uma taxa de entrada às pessoas que vinham extrair ouro.”

O ouro é o produto de base mais importante do Mali, dominando o total das exportações, sendo o terceiro maior produtor de ouro de África e o 13.º maior do mundo.

O Ministério das Minas estimou que o Mali conta com 881 toneladas métricas de depósitos de ouro em cerca de 300 locais de extracção artesanal e estima que 2 milhões de mineiros de ouro, mais de 10% da população, dependem da indústria para a sua subsistência.

Preocupados com a soberania, os líderes da junta teriam receado entregar concessões mineiras ao grupo mercenário, mas enfrentavam dificuldades financeiras significativas devido ao impacto das sanções regionais impostas após o último golpe de Estado em 2021.

Em Fevereiro de 2024, a presença de mercenários russos no Mali tinha diminuído de 2.000 para cerca de 1.000 homens.

O pagamento mensal continua a ser de cerca de 10,8 milhões de dólares por mês, com parte desse valor a ser pago em ouro.

No início de 2023, os mercenários do Grupo Wagner apoderaram-se de pelo menos três minas a sul da capital do Mali, Bamako: Balandougou, a cerca de 20 quilómetros da fronteira com a Guiné; Koyoko, um local de garimpo de ouro nas proximidades de Cercle Kangaba; e um terceiro local perto de Yanfolila.

Em Agosto de 2023, a junta militar no poder reformulou a legislação mineira do Mali, aumentando a sua participação nos projectos mineiros de 20% para 35% e abolindo as isenções fiscais anteriormente concedidas.

Criou também uma empresa de exploração e investigação mineira para auditar o sector.

Entretanto os peritos dizem que as minas de ouro mais produtivas do Mali — Loulo e Gounkoto, geridas pela Barrick Gold, do Canadá, — estão na mira da Rússia.

Em 2022, as duas minas produziram 19,4 toneladas de ouro, quase um terço da produção de 66 toneladas do país.

“As autoridades querem expropriar a Barrick Gold, mas sem o fazer de forma demasiado aberta,” uma fonte maliana próxima das discussões disse à revista The Africa Report.

“Após a apresentação do relatório de auditoria sectorial, em Agosto passado, o Ministro das Finanças escreveu a todas as empresas mineiras que operam no Mali para renegociarem os seus contratos de exploração. Mas isso é apenas uma fachada. O seu verdadeiro alvo é a Barrick.”

Várias fontes malianas disseram à revista que estão em curso negociações importantes em Bamako com o objectivo de retirar a Barrick Gold das instalações de Loulo e Gounkoto.

Vale recordar que desde o inicio da guerra eslava, em 2022, a Rússia ganhou mais de 2,5 biliões de dólares com o comércio de ouro africano, de acordo com o Blood Gold Report, publicado em Dezembro de 2023.

E perdem tempo estes “ocidentais” com a treta das sanções…

Jack Watling, um especialista em guerra terrestre do Royal United Services Institute, acredita, ( imagine-se!) que a exploração mineira é apenas uma peça do plano da Rússia para lucrar em África.

“Há um modus operandi russo normal, que consiste em cobrir os custos operacionais com actividades comerciais paralelas,” disse à BBC. “Em África, isso acontece principalmente através de concessões mineiras.

Enfim, a guerra eslava é uma guerra entre uns idiotas expansionistas e uns expansionistas tout court!

Joffre Justino