Marcelo Rebelo de Sousa, reconhecido pela sua sensibilidade social e histórica, tem conseguido trazer à tona uma discussão que há muito era evitada. A reparação histórica não é uma questão de culpa, mas de responsabilidade.
Como afirmou Nelson Mandela, "Negar às pessoas os seus direitos humanos é desafiar a sua própria humanidade." Reconhecer os erros do passado é um passo crucial para garantir que não se repitam no futuro e para construir uma sociedade baseada na justiça e na equidade.
A reparação histórica também representa uma oportunidade única para a reconciliação dos povos da lusofonia. Este processo não se trata apenas de reconhecer o sofrimento infligido, mas de criar pontes de entendimento e cooperação. Através do diálogo e do reconhecimento mútuo, podemos transformar um passado doloroso numa base sólida para um futuro de colaboração e respeito.
Um exemplo recente desta abordagem é o pedido de desculpas oficial de Portugal pelo massacre de Wiriamu em Moçambique, um ato simbólico que, embora não possa apagar o passado, abre caminho para a cura e a reconciliação.
No entanto, enquanto avançamos neste caminho de reflexão e reparação, é crucial que o povo permaneça alerta aos perigos do populismo. Em tempos de incerteza, surgem frequentemente vozes que, sob o pretexto de defender a pátria, promovem agendas que visam apenas o seu benefício pessoal. Estes líderes populistas utilizam o discurso nacionalista para mascarar a sua verdadeira intenção: a defesa dos seus próprios interesses e privilégios.
Como salientou George Orwell, "O nacionalismo é poder de fome temperado pelo auto-engano." É imperativo que a sociedade civil esteja consciente e crítica, capaz de distinguir entre aqueles que verdadeiramente trabalham pelo bem comum e aqueles que se escondem atrás de slogans vazios.
A reflexão sobre o passado colonial de Portugal é uma oportunidade para a sociedade portuguesa se reafirmar nos valores da justiça, igualdade e respeito pelos direitos humanos. Cada cidadão tem um papel a desempenhar neste processo, seja através da educação, da participação cívica ou da promoção do diálogo intercultural.
Como afirmou o filósofo George Santayana, "Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo." Assim, é essencial que esta reflexão histórica não se limite ao âmbito político, mas se estenda a todas as esferas da sociedade, promovendo uma consciência coletiva que valorize a verdade, a justiça e a reconciliação.
A iniciativa do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa de colocar a reparação histórica na agenda política é um marco significativo na trajetória de Portugal rumo a uma sociedade mais justa e inclusiva. Esta discussão pública é o primeiro passo para a reconciliação dos povos da lusofonia e para a construção de um futuro onde a memória do passado serve como alicerce para a paz e a cooperação. Ao mesmo tempo, é um apelo à vigilância contra o populismo e a defesa dos verdadeiros valores democráticos.
Como sociedade, devemos acolher esta oportunidade de reflexão e ação, conscientes da nossa responsabilidade histórica e do nosso papel na construção de um mundo mais justo. A memória é um poderoso instrumento de transformação, e é através dela que podemos garantir que os erros do passado não sejam repetidos, mas sim transformados em lições para um futuro melhor.
Morgado Jr.
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