Talvez por nunca ter sentido a necessidade de me fardar para realçar a minha masculinidade, nunca entendi este endeusamento dos militares e, respeitando sinceramente o Movimento dos Capitães, depois das Forças Armadas, ( a eles devo o facto de não ter sido forçado a exilar-me ou a passar em alternativa mais 7 meses em Peniche…), porque fizeram e ganharam o 25.04.74, assim como, o quanto lhes devo dada esta lusa Democracia, nunca tive esse endeusar os militares de Abril!

São sim cidadaos heróis que erraram por terem estado na absurda guerra colonial

E entre os militares de abril identifico-me de verdade com Melo Antunes, porque pensava estrategicamente e porque usava o fato e gravata tanto quanto a farda, ainda que também nao goste muito dessa “fardeta civil” … mas não deixo de prestar homenagem a Duran Clemente por ter dado a cara pelo seu radical projeto por mais fora de tempo que estivesse!

O que no entanto mais que tudo não entendo é esta preferencia, na Direita portuguesa por um coronel alcoólico, o sr Jaime Neves, frequentador do pior dos lisboetas bas fond e que simplesmente só obedeceu a estratégias falhadas, como a famosa Operação Nó Gordio, enfim tudo ao contrário dos tais católicos princípios da lusa Direita!

Esta “Operação” pretendia com um cerco isolar o núcleo central do Planalto dos Macondes, onde se encontravam as grandes bases da FRELIMO como a Gungunhana(objectivo A), Moçambique (objectivo B) e Nampula (objectivo C).

Na realidade a desarticulação e desmoralização da FRELIMO, falhou em qualquer dos teatros de operações, e a Nó Górdio lançada pelo general Kaúlza de Arriaga, foi o principio do fim para a posição portuguesa, na guerra colonial em Moçambique, sendo mais uma prova do como tudo corria mal nessa guerra absurda à exceção do “caso angolano”, mas onde o regime se confrontava mais e mais com uma juventude mais e mais Independentista!

Nesta Operação Nó Górdio terão sido mortos 651 guerrilheiros e 1840 capturados contra 132 militares portugueses mortos e em 1975 a FRELIMO a 25 de junho de 1975 declara a Independência da Republica Popular de Moçambique!

Dando a História claramente mais razão ao papa Paulo VI que, enquanto que, se a 1 de julho de 1970 em Moçambique, o general Kaúlza de Arriaga, comandante-chefe das Forças Armadas em Moçambique, lançava uma gigantesca e a mais dispendiosa operação da guerra colonial a Nó Górdio, ele, papa, recebia pacificamente os dirigentes dos movimentos de libertação das então colónias portuguesas, Amilcar Cabral, líder do PAIGC, Agostinho Neto, ao momento contestado dirigente do MPLA e Marcelino dos Santos dirigente da FRELIMO .

Enfim, mas de militares não estamos por ora falados, e vamos deixar uma “prendinha” aos das Direitas que desesperam por terem uma “historia democrática” para contar aos seus filhos e netos no que concerne ao seu posicionamento quer face ao fascismo quer face ao 25 de abril!

Uma “prendinha” aliás com várias opções…

Poderiamos começar por vos sugerir que façam de vosso fétiche o general Norton de Matos, mais liberal que socialista mais imperial face às colónias que autonomista, mas a sua ligação à Aliança Republicana e Socialista e o facto de ter sido Grão Mestre do Grande Oriente Lusitano de então retira-o dessas vossas lides direitistas…

Mas não resistimos em deixar no campo de uma direita democrática o general Humberto Delgado, que frequentou o Colégio Militar entre 1916 e 1922, participou no movimento militar de 28 de Maio de 1926, que derrubou a República Parlamentar e implantou a Ditadura Militar e o fascismo de Salazar.

Humberto Delgado foi um ativo opositor à democracia parlamentar com livro publicado , Da Pulhice do Homo Sapiens onde ataca violentamente tanto os monárquicos como os republicanos, e onde manifesta a sua simpatia por Salazar e a sua obra.

Em 1941, assumiu publicamente a sua simpatia por Hitler tendo publicado dois artigos na Revista Ar, em que teceu os seguintes elogios ao líder Nazi: “O ex-cabo, ex-pintor, o homem que não nasceu em leito de renda amolecedor, passará à História como uma revelação genial das possibilidades humanas no campo político, diplomático, social, civil e militar, quando à vontade de um ideal se junta a audácia, a valentia, a virilidade numa palavra”.

O decorrer da II Guerra Mundial, puseram-no a simpatizar com os Aliados e representou Portugal nos acordos secretos com o Governo Inglêssobre a instalação das Bases Aliadas nos Açores durante a Segunda Guerra Mundial.

Em 1944 foi nomeado Director do Secretariado da Aeronáutica Civil e entre 1947 e 1950 representou Portugal na Organização da Aviação Civil Internacional, sediada em Montreal, Canadá.

Procurador à Câmara Corporativa (V Legislatura) entre 1951 e 1952.

Em 1952 foi nomeado adido militar na Embaixada de Portugal em Washington e membro do comité dos Representantes Militares da NATO. ( mas que bela razao para o endeusar nos dias de hoje, não?)

Promovido a general a seguir à realização do curso de altos comandos, onde obteve a classificação máxima, passa a Chefe da Missão Militar junto da NATO e regressado a Portugal foi nomeado Director-Geral da Aeronáutica Civil.

Terão sido os cinco anos que viveu nos EUA, que alteram a sua visão do país e convidado por opositores ao regime de Salazar para se candidatar à Presidência da República, em 1958, contra o candidato do regime, Américo Tomás, aceita, reunindo em torno de si toda a oposição ao Estado Novo.

Realmente corajoso, como se mostrou ao longo da campanha eleitoral perante a repressão policial, o Povo chamou-o de "General sem Medo" superando as duvidas havidas quanto a ele. em especial dos comunistas que o alcunharam de "General Coca-Cola", afirmando até que estaria ao serviço da CIA

É numa conferência de imprensa da campanha eleitoral, a 10 de Maio de 1958 no café Chave de Ouro, no Rossio em Lisboa, que faz História e ganha o coração das e dos portugueses e rompe de vez com o salazarento, quando lhe foi perguntado pelo jornalista Mario Neves que decisão tomaria face a Salazar e respondeu peremptório "Obviamente, demito-o!"!

Esta frase revolucionou a sua campanha eleitoral, como se viu na entusiástica recepção popular na Praça Carlos Alberto no Porto a 14 de Maio de 1958.

O acto eleitoral ocorreu a 8 de Junho de 1958 e a tipica fraude eleitoral salazarenta bloqueia o esmagador apoio popular que recebera durante a campanha, inventando para Delgado o resultado de uns pseudo 23% dos votos, e para o triste e apagado candidato de Salazar, Américo Tomás, os falsos 76,4% dos votos, fraude eleitoral, perpetrada pela PIDE e outros capangas do regime.

Em 1959, vítima de represálias por parte do regime salazarista e alvo de ameaças por parte da pide pede asilo político na Embaixada do Brasil, seguindo depois para o exílio nesse país.

Nesse seu exílio no Brasil foi apoiado por D. Maria Pia de Saxe-Coburgo Gotha e Bragança, a quem se dirigia como "a Princesa" ou "a Duquesa", que o ajudou monetariamente e ainda lhe ofereceu uma das suas residências em Roma, na Itália, para que o General pudesse regressar ao território europeu.

Ao contrario de muitos Republicanos estava convencido que o regime não poderia ser derrubado por meios pacíficos e daí a sua aproximação ao PCP, promove a realização da Revolta de Beja, na verdade mal acompanhada pelo PCP, em 1962 e que visava tomar o quartel de Beja e outras posições estratégicas importantes de Portugal golpe, que infelizmente falhou

A 13.02.65 Humberto Delgado dirigiu-se à fronteira espanhola em Los Almerines, perto de Olivença, esperando encontrar-se com dirigentes da Oposição democrática quando estava sim à sua esoera o inspector da pide Rosa Casaco com uma brigada da PIDE, com o sub-inspector Ernesto Lopes Ramos, e os chefes de brigada Casimiro Monteiro e Agostinho Tienza.

Casimiro Monteiro, disparou sobre a sua cabeça, matando-o de imediato assim como a sua secretária Arajaryr Campos, morta pelo pide Tienza, e levados dali para perto de Villanueva del Fresno, junto a um caminho chamado Los Malos Pasos, cerca de 30 km a sul do local do crime, e foram largados numa vala natural, cobertos com ácido sulfúrico e cal viva, e apressadamente enterrados.

Os cadáveres viriam a ser descobertos semanas depois a 24 de Abril, por umas crianças que andavam a brincar na zona.

Em Janeiro de 1975 os seus restos mortais foram transferidos de Espanha até ao Cemitério dos Prazeres, em Lisboa

Vejamos agora o caso do capitão Henrique Galvão uma personalidade bem forte e presente na oposição democrática nas décadas de 60 e 70 do século XX

Henrique Galvão nasceu a 4 de fevereiro de 1895 na freguesia do Barreiro, concelho do Barreiro, sendo filho de Celestino Alberto Salgueiro Galvão, ferroviário dos Caminhos de Ferro do Sul, natural de Palmela, e de Maria Vitória de Brito Malta, natural de Montemor-o-Novo.

Henrique Galvão desde cedo seguiu a carreira militar sendo um dos apoiantes de Sidónio Pais, no seu golpe militar.

Participou na revolução de 28 de maio de 1926 e foi um fervoroso apoiante do fascismo desiludiu-se posteriormente com o regime salazarento.

Foi Comissário-Geral da Exposição Colonial Portuguesa, realizada no Porto, em 1934 e foi nomeado como primeiro director da Emissora Nacional e, a 1 de agosto, agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo.

Em África, foi governador da Huila. Angola, inspirou-lhe a veia literária, tendo escrito uma série de livros brilhantes sobre a vida nas colónias africanas, a sua antropologia e zoologia.

Foi diretor da revista Portugal Colonial (1931-1937)e escreveu em outros periódicos nomeadamente no órgão oficial do Integralismo lusitano a Nação Portuguesa.

Henrique Galvão foi eleito deputado à Assembleia Nacional por Moçambique, em 1945 e verificou as condições desumanas em que os nativos das colónias, sujeitos ao Estatuto do Indigenato, se encontravam, sendo obrigados a trabalhos forçados, não remunerados.

A sua "Exposição do Deputado Henrique Galvão à comissão de Colónias da Assembleia Nacional" foi apresentada em 22 de Janeiro de 1947, e veio a ser a principal razão para o seu rompimento com o fascismo pois Galvão sustentava que "o trabalho forçado ou "contratado" era a norma, as condições de vida miseráveis, a corrupção entre as autoridades generalizada".

Aliás chegou mesmo a escrever que os escravos eram melhor tratados que os trabalhadores forçados, já que aos primeiros, sendo sua propriedade, o dono se esforçava por manter vivos e com saúde, enquanto que os segundos, se morriam de fome ou exaustão, eram substituídos por mais trabalhadores "recrutados" pelo Estado."

Por tal passou para a Oposição Democrática e no início da década de 50, século XX começou a conspirar com outros militares, mas acabou por ser descoberto, preso e expulso do exército.

Claro que apoiou a candidatura presidencial do general Humberto Delgado em 1958, cuja ideia Galvão disse ter sido sua enquanto que a generalidade dos analistas defende o papel de Antonio Sergio no iniciar desta candidatura dada a oposição do PCP.

Em 1959, apesar de detido no Hospital de Santa Maria e vigiado de dia e de noite por um agente da PIDE, conseguiu fugir e refugiar-se na embaixada da Argentina, de onde partiu para o exílio no Brasil e depois na Venezuela.

Henrique Galvão era, a par de Humberto Delgado, uma das principais figuras dos meios oposicionistas não afectos ao Partido Comunista Português.

Para o Partido Comunista, o país não tinha condições para a revolução, ao contrário do que defendia Henrique Galvão que assumiu que não havia tempo a perder no derrube do fascismo!

Preparou com o DRIL. uma organização luso hispânica, a sua acção mais espectacular o desvio do paquete português Santa Maria, cheio de passageiros, a famosa "Operação Dulcineia" coordenada com Humberto Delgado, que se encontrava exilado no Brasil e com outros anti fascistas como Camilo Mortagua

Galvão embarcou clandestinamente no navio, em Curaçao, Antilhas Holandesas e a bordo já se encontravam os 20 elementos da Direcção Revolucionária Ibérica de Libertação, DRIL grupo que assumiria a responsabilidade pelo assalto.

O navio levava cerca de 612 passageiros, muitos norte-americanos, e 350 tripulantes.

A operação começou na madrugada de 22 de janeiro, com a ocupação da ponte de comando. Um dos oficiais de bordo, o 3º piloto João José Nascimento Costa, ofereceu resistência e foi morto a tiro pelo comando espanhol, e outras duas pessoas foram feridas com gravidade enquanto que os restantes se renderam.

O paquete mudou de rumo e partiu em direcção a África pois Henrique Galvão queria dirigir-se à ilha espanhola de Fernando Pó, no golfo da Guiné, e a partir daí atacar Luanda, que seria o ponto de partida para o derrube dos governos de Lisboa e Madrid.

As coisas começaram a complicar-se quando o navio foi avistado por um cargueiro dinamarquês, que avisou a guarda costeira americana.

Henrique Galvão decidiu rumar ao Recife e render-se às autoridades brasileiras, pedindo asilo político, que foi aceite.

Henrique Galvão morreu em São Paulo, em 25 de junho de 1970, com a doença de Alzheimer.

A 7 de novembro de 1991 foi agraciado a título póstumo com a grã-cruz da Ordem da Liberdade


Não é possível esquecer claro o Brigadeiro Almeida Fernandes

Como os anteriores fez parte da missão militar de estudo e observação na Alemanha na Segunda Guerra Mundial(1942), como da missão oficial junto do Estado-Maior Francês e da NATO, em Paris (1954), e da missão oficial junto ao Estado-Maior Espanhol, em Madrid (1955).

Foi subsecretário de Estado do Exército (1956-1958).

Em 1958, foi nomeado ministro do Exército na mesma remodelação que nomeou o general Botelho Moniz para ministro da Defesa.

No governo, reorganizou a Escola do Exército e foi um grande impulsionador da defesa dos territórios ultramarinos.

Foi o criador, em 1960, do Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), em Lamego, onde se formaram as primeiras companhias de Caçadores Especiais que foram enviadas para Angola ainda antes do início da guerra.

Fundou em 1960 o "Jornal do Exército".

Na "Abrilada" de 11/13 de abril de 1961, coadjuvou o ministro da Defesa, Botelho Moniz, na tentativa fracassada de afastar António de Oliveira Salazar, pelo que foi demitido do governo (13 de abril) e reformado compulsivamente como brigadeiro do Exército.


JOSÉ ANTÓNIO DA ROCHA BELEZA FERRAZ

So encontramos os apontamentos a seguir
Data de nascimento , 1901-09-09; Localidade, Barcelos / Braga.
Habilitações literárias, Curso de Artilharia da Escola Militar (1926); Curso do Estado-Maior do Instituto de Altos Estudos Militares e da Escola Superior de Guerra de Paris; Licenciatura em Engenharia fabril pela Escola do Exército; Profissão, Oficial do Exército, Carreira profissional, 1927 – Alferes; 1938-1950 – Professor do Curso de Estado-Maior; 1950 – Coronel;1950-1952 – Director do Curso de Estado-Maior; 1951-1954 – Chefe da 2.ª Repartição do Estado-Maior do Exército e da 1.ª Repartição do Secretariado da Defesa Nacional; 1954 – Brigadeiro; 1954-1958 – Professor do Curso de Altos Comandos; 1955 General; 1956-1958 – Subchefe do Estado-Maior do Exército; 1958 – Chefe do Estado-Maior do Exército; 1958-1962 – Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas; 1959 – Presidente do Comité Militar da NATO; 1968-1971 – Presidente do Conselho Superior de Disciplina do Exército; 1971 – Passa à situação de reserva.
Perfil político-ideológico
Participou activamente no golpe frustrado de 1961 (Abrilada).
Carreira político-administrativa
Procurador à Câmara Corporativa por designação do Conselho Corporativo.


E agora chegamos à personalidade que, em outro país que não Portugal, o general Botelho Moniz, teria todas as condições para ser a personalidade foco da Direita Democrática!

A leitura que fazemos para que tal não aconteça passa precisamente pela razão que leva alguma dita Direita Democrática a entender que o 25 de novembro de 1975 é o 25 de abril da Direita, e que Jaime Neves é o Otelo da Direita…!

Beberrices “à macho”… que justificam falencias no concreto e na verdade mal digeridas…!

Botelho Moniz é mais um dos apoiantes do golpe que se prolongou ate ao golpe fascista salazarento e foi observador do Exército Português na Alemanha Nazi no princípio da Segunda Guerra Mundial, Ministro do Interior (1944-1947), adido militar em Madrid e Washington (1949-1951), procurador à Câmara Corporativa, 3.º Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadasde Portugal (3 de Março de 1955-13 de Agosto de 1958) e Ministro da Defesa Nacional (1958-1961).

Como em relação aos anteriores Botelho Moniz estaria dsencantado com a política de intransigência salazarenta em relação à autodeterminação dos territórios ultramarinos.

Nas funções de Ministro da Defesa Nacional liderou em Abril de 1961 uma tentativa, que fracassou, de impor uma mudança reformista a partir do próprio regime, forçando a exoneração do ditador e a reforma do Estado Novo.

Era filho segundo varão de José Carlos Botelho Moniz (Lisboa, 28 de Março de 1869 - Lisboa, 1941), Militar, e de sua mulher Maria Carlota Alves Dias (15 de Maio de 1872 - 28 de Julho de 1977) e irmão de Jorge Augusto Alves Dias Botelho Moniz, também Militar e Deputado em 1918 e de 1945 a 1961.

Frequentou o Colégio Militar e casado com uma Deslandes, Maria Gabriela Rodrigues Deslandes, irmã do general Venâncio Augusto Deslandes, da qual teve três filhas e um filho.

Concluiu o curso de Artilharia de Campanha na Escola de Guerra em 1918, e em 1938, depois de terminar o curso do Estado-Maior, ingressa no Corpo do Estado-Maior.

Durante a fase inicial da Segunda Guerra Mundial foi observador do Exército Português na Alemanha e, durante a mesma Guerra, participou numa missão de observação do Exército à Frente Leste e nas negociações que conduziram ao Acordo dos Açores.

Foi Professor dos Cursos do Estado-Maior de 1940 a 1943, e da Escola do Exército de 1940 a 1941.

Em 1944, por indicação do Subsecretário de Estado da Guerra, Fernando dos Santos Costa, do qual Botelho Moniz, à altura Tenente-Coronel, era muito amigo, seria nomeado Ministro do Interior, tendo sido o primeiro militar a ocupar este cargo depois da entrada em vigor da Constituição de 1933, entre 6 de Setembro de 1944 e 4 de Fevereiro de 1947.

Foi demitido três anos mais tarde, quer em virtude do descontentamento gerado por ter substituído quase todos os Governadores Civis à revelia dos interesses locais e da União Nacional, quer por ter afirmado que o Regime teria perdido as Eleições Legislativas de 1945 se estas tivessem decorrido sem ilegalidades.

Salazar oferece-lhe, em troca, a pasta de Ministro das Colónias, mas Botelho Moniz recusa.

Entre 1947 e 1950 e entre 1950 e 1951 foi adido militar em Madrid e Washington, DC, respectivamente.

Foi Inspector da 1.ª Inspecção de Artilharia em 1952, SecretárioAdjunto da Defesa Nacional em 1953 e Vogal do Conselho Ultramarino em 1953.

A 3 de Fevereiro de 1953 foi promovido ao posto de General do Exército, ocupando ainda nesse ano os cargos de Secretário-adjunto da Defesa Nacional e Vogal do Conselho Ultramarino.

Depois de ascender ao posto de General, integra como Procurador a Câmara Corporativa, entre 1953 e 1957, por designação do Conselho Corporativo, durante a VI Legislatura, onde é Membro do Conselho da Presidência, da XII Secção - Interesses de Ordem Administrativa, 2.ª Subsecção - Defesa Nacional, e Assessor da XI Secção - Autarquias Locais.

A 3 de Março de 1955 foi nomeado 3.º Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas de Portugal, lugar que ocuparia até 13 de Agosto de 1958.

Neste último ano foi sondado para ser candidato a Presidente da República, em substituição de Francisco Craveiro Lopes.

Face à sua recusa, assente em razões de saúde, Botelho Moniz acabaria nomeado, em 1958, Ministro da Defesa, funções que exerceu entre 14 de Agosto de 1958 e 13 de Abril de 1961, substituindo no cargo Fernando dos Santos Costa, sendo responsável pela criação duma nova divisão territorial, pelo restabelecimento do Governo Militar de Lisboa e pela revogação da Lei dos Casamentos dos Oficiais.

Teve como Subsecretários de Estado os mais tarde generais Afonso de Magalhães de Almeida Fernandes e Francisco da Costa Gomes.

Foi demitido em 1961 por ter ensaiado, sem sucesso, uma tentativa de deposição de Salazar.

Na verdade rm Abril de 1961, Júlio Botelho Moniz liderou uma tentativa de golpe de estado, depois designada por Abrilada de 1961, ou golpe Botelho Moniz, no qual conjuntamente com Craveiro Lopes, Costa Gomes e outras personalidades ligadas aos círculos do poder, intentou forçar a demissão de Salazar no âmbito da legalidade do regime.

Na origem do incidente, na realidade o extremar de uma dissidência interna no seio da elite político-militar do regime, esteve o repúdio sentido por parte da elite governativa, particularmente a mais aberta à influência americana, pela posição de intransigência assumida pelo Governo português em relação à questão da descolonização.

A causa próxima da tentativa foram as propostas dos EUA para que Portugal aceitasse o direito à autodeterminação dos seus territórios ultramarinos, no contexto do movimento global de autodeterminação dos povos submetidos a regime colonial que então ganhava ímpeto.

Botelho Moniz, como aliás parte importante da inteligentsia do regime na fase posterior à vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial ate sabedores da evolução desde 1954 do como vivia a India dita portuguesa repudiava a posição oficial sobre a descolonização e a falta de evolução democrática do regime, que contribuíra para as dificuldade de admissão de Portugal na Organização das Nações Unidas, que apenas ocorrera em 1955 e ainda assim ensombrada pela crítica generalizada dos aliados naturais do País e pelo levantamento do veto da URSSapenas conseguido por conveniência conjuntural no âmbito das negociações entre as superpotências.

Esta posição de isolamento fora acentuada pelo apoio que desde 1959 o então senador John F. Kennedypublicamente concedera a Holden Roberto, o líder da UPA/FNLA, tornado mais evidente em 1961 quando aquele senador ascendeu à presidência dos Estados Unidos da América.

Apesar das importantes funções que exercia no seio do Estado Novo, mantinha ligações com elementos da União Liberal Republicana e da oposição ao regime corporativista, entre os quais o tenente Moreira Lopes, Mário Pessoa, David Neto e Carvalho da Silva.

Escreveu:
* Nação em Guerra, Lisboa, Império, 1939[2]
* A Vida Heróica do Marechal Gomes da Costa, Vila Nova de Famalicão, 1956[2]
* Forças Armadas, Lisboa, 1961[2]
Júlio Botelho Moniz morreu a 30 de Setembro de 1970 em Lisboa, a sua cidade natal

Ha ainda uma ultima personalidade que segundo o lendário luso angolano, relatado entre outros pelo jornalista Norberto Castro que falava até sobre uma reunião entre essa personalidade e representantes informais do MPLA, onde ele se encontrava, como por Castlho Soares que contava algo proximo do relatado por Norberto Castro!

A lenda verdadeira ou nao liga-se a uma manifestação de apoio ao general Deslandes, em 1961 ou 1962, que deveria ter terminado com uma Declaração de Independência a ser feita pelo referido general!

O general Venâncio Deslandes, nasceu em Carnide, Lisboa, a 8 de Maio de 1909, filho do Coronel Alberto Augusto da Silva Deslandes e de sua mulher D. Maria da Glória Rodrigues foi aluno do Colégio Militar, entrando posteriormente na Escola Militar, curso de Cavalaria.

Foi promovido a Alferes a 1 de Novembro de 1928 e serviu na Arma de Cavalaria até 1935, ano em que passou para a Aeronáutica, depois de ter concluído o respectivo curso na Escola Militar de Aeronáutica.

É como Tenente de Aeronáutica que integra a Missão Militar Portuguesa de Observação em Espanha, mais vulgarmente conhecida como “Viriatos”, que participou na Guerra Civil Espanhola ao lado das forças nacionalistas.

Posteriormente, na Escola do Exército foi Professor Adjunto das 16.a, 17.a e 18.a cadeiras, de 1940 a 1947, e Professor Catedrático da 17.a cadeira de 1948 a 1950.

Comandou a Base Aérea N.o 2 (Ota), de 1951 a 1953, e foi Professor Eventual do curso de Altos Comandos no Instituto de Altos Estudos Militares.

Foi eleito Deputado da Assembleia Nacional na VI (1953-1957) e VII (1957- 1961) Legislaturas sendo, nesta última legislatura, Subsecretário de Estado da Defesa Nacional e Embaixador de Portugal em Madrid, Espanha, de 11 de Julho de 1959 a 11 de Junho de 1961.

Atingiu o posto de General de Aeronáutica da Força Aérea Portuguesa a 15 de Março de 1958, sendo nesse ano Subchefe do Estado Maior da Força Aérea.

Foi nomeado, em Junho de 1961, 117.o Governador-Geral e Comandante- Chefe das Forças Armadas em Angola, por Adriano Moreira, Ministro do Ultramar àquela data, afastando-se o anterior Governador-Geral Dr. Silva Tavares. Assim, centralizou-se num só indivíduo o poder militar e a autoridade militar e civil.

Reforçando a concentração de poderes, o General Deslandes assumiu funções quando a UPA dominava o Norte de Angola, após o ataque surpresa que desencadeara as hostilidades, a 15 de Março de 1961.

Controlada a situação, e concluída a reocupação de todo o Norte através da Operação Viriato e da reconquista de Nambuangongo, chegou a proclamar oficialmente, em 7 de Outubro desse ano, o fim da guerra em Angola.

Nestas funções o General Deslandes lançou um vasto plano de fomento para Angola, o chamado “plano Deslandes” que, no essencial, pretendia envolver a população angolana no processo de decisão, o que colidiu com muitos interesses enraizados como, por exemplo, a tributação da Diamang.

Deve-se-lhe a criação de um Serviço de Centralização e Coordenação de Informações militares (tendo como adjunto um elemento da PIDE), considerado vital para a condução política e o comando das forças nos TO.

A sua administração e as suas iniciativas encontraram forte resistência no Ministro do Ultramar e no próprio Presidente do Conselho, que em 26 de Setembro de 1962 o demitiu e, pouco depois, o próprio ministro.

Regressado à metrópole, foi Procurador à Câmara Corporativa na VIII Legislatura (1961-1965) e, neste último ano, foi Secretário-adjunto do Secretário- Geral da Defesa Nacional.

De 16 de Agosto de 1968 a 4 de Setembro de 1972, o General Deslandes ocupou o cargo de 6.o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas de Portugal.

Faleceu em São Sebastião da Pedreira, Lisboa, a 9 de Novembro de 1985.

(Como citar este texto:
LOUSADA, Abílio Pires, OLIVEIRA, Humberto Nuno – Venâncio Augusto Deslandes. Revista Portuguesa de História Militar - Dossier: Início da Guerra de África 1961-1965. [Em linha]. Ano I, no 1 (2021). [Consultado em ...], https://doi.org/10.56092/BJNW9217)

Joffre Justino