Joaquim Pires, furriel dos Comandos; Albertino Bagagem, aspirante da Polícia Militar; José Coimbra, tenente dos Comandos… Reconhece estes nomes?

(Este é um apontamento dirigido especialmente a Duran Clemente e Mário Tomé, revolucionários da outra margem…)

Curiosamente, parece que o atual Presidente da República, que nunca "fez a tropa" — e não por ser contra ela — será convidado pelo Sr. Moedas (que tinha apenas 5 anos no 25 de Novembro) para encerrar a sessão solene do 25 de Novembro no Parlamento. Esta cerimónia, que evoca um golpe militar, terá honras militares e o hino nacional, mas será mais breve do que as celebrações do 25 de Abril.

E importa mencionar que haverá uma reunião da conferência de líderes parlamentares para discutir o formato da cerimónia. Tudo porque a 11 de junho 2024 o CDS que nunca se atirou como devia aos fascistas mandados pelo cónego Melo em tantas tropelias, e que assassinaram o seu dirigente Amaro da Costa ( assim como Sá Carneiro, Snu Abecassis, e sua esposa, António Patrício Gouveia, e os dois pilotos, Alfredo Sousa e Jorge Albuquerque), com a oposição de todas as bancadas da esquerda parlamentar, mas com o apoio do PSD, Iniciativa Liberal e Chega, aprovou uma ridícula equiparação do 25 de Novembro de 1975 ao 25 de abril de 1975 ( falta 1 anito aos 50 anos dessa ridicula data…oh gentes do CDS), e para que seja assinalado anualmente na Assembleia da República.

A esquerda parlamentar recusou que pudesse ser "uma mimetização" do modelo de cerimónia de sessão solene do 25 de Abril de 1974, quando na verdade deveria no maximo equiparar o 25.11, ao 28.09, e ao 11.03, que, poxa, também merecem homenagem !

Houve até, ao que consta ( nos autos), um grupo de trabalho para procurar um consenso sobre o modelo a adotar para a sessão solene do 25 de Novembro, onde andam os deputados Hugo Carneiro (PSD), Pedro Delgado Alves (PS), Rui Paulo Sousa (Chega), Rodrigo Saraiva (Iniciativa Liberal), José Soeiro (Bloco de Esquerda), Rui Tavares (Livre) e Paulo Núncio (CDS) com o PCP a mandar esse grupo ás urtigas!

A pouco mais de um mês do erro porque será a data dos 49 e nao 50 anos da data de 25 de Novembro, e sem unanimidade entre os representantes dos diferentes grupos parlamentares, "a posição maioritariamente expressa aponta para o seguinte modelo: Presidência da sessão, o presidente da Assembleia da República, como em todas as sessões anteriores" e assim a penúltima intervenção vai caber ao presidente da Assembleia da República e o encerramento ao chefe de Estado, tal como acontece na sessão solene do 25 de Abril.

Os tempo global de intervenção destinado a grupos parlamentares e à deputada única do PAN será mais reduzido do que na sessão solene comemorativa do 25 de Abril de 1974 - cinco minutos e meio ( este meio é adorável!)

Haverá honras militares pelas Forças Armadas e decoração floral, assim como será tocado o hino nacional ao início e no fim mas não serão colocados pendões e colgaduras, ( sejam lá o que as “colgaduras” sejam!)

Por muito que doa a quem buscou o acelerar o processo revolucionário em nome do socialismo, a sua bem saudável visão de futuro, a verdade é que o 25 de novembro de 1975 não pode ser considerada mais que uma ação de apoio a uma ação reivindicativa a um segmento militar que diga-se eram tao ou mais spinolista quantos os comandos do sr neves… so que em conflito permanente com eles entre cenas de pancadaria vividas em Luanda por exemplo nas maiores insubordinações de ambos os lados e sempre perdoadas!

Apesar dos enormes sustos vividos entre os civis por tal!

Citemos pois dois revolucionários, Mario Tomé e Duran Clemente que põem, no que escrevem, o limite do menor que foi o 25.11.75! Mas antes deixemos de novo que reputamos uma sugestão revolucionária,

Houve 3 mortos no processo do 25.11, Joaquim Pires, furriel, Comandos, Albertino Bagagem, aspirante, Policia Militar, José Coimbra, tenente, Comandos!

O sr moedas contra revolucionáriamente como o seu fanático sectarismo obriga, homenageou os dois Comandos e ignorou o terceiro militar morto por ser da PM ( que recordemos não saiu do quartel!),

Pois entendo ser dever revolucionário que as Esquerdas baixem as erguidas baionetas mantidas desde o verão quente de 1975 e em Memória dos 50 anos de abril desenvolvam um ato de homenagem aos mesmos 3 mortos nessa data e recordando os demais mortos num PREC felizmente pouco violento, mas onde houve mortos sim, como José James Harteley Barneto, Fernando Luís Barreiros dos Reis, João Guilherme Rego Arruda, Fernando Carvalho Gesteira, ainda os 45 feridos, na Rua António Maria Cardoso pelas armas da Pide, e claro os mortos do PREC, Alexandrino Sousa, o padre Max, Maria de Lurdes, ou os mais de 10 mortos pelos ELP/MDLP/Maria da Fonte e os 19 mortos pelas ações das BR !
E retomemos Mario Tomé e Duran Clemente,
"Daí o “perigo” de guerra civil também não passar de uma estória do papão, apesar de armas distribuídas pelo PS e por alguns grupos guerrilheiristas ou fixados no cânone anti-fascista. A tropa estava já toda alinhada e as já muito poucas unidades ligadas ao movimento popular não jogavam esse jogo”

“Que fizeram, afinal, os disciplinados e obedientes páras (11 de Março às ordens de Spínola, 7 de Novembro a destruir a antena da Rádio Renascença às ordens do AMI )? Ocuparam as bases da Força Aérea, sem um único tiro, sem beliscarem ninguém, num acto de insubordinação, nada mais, para sustentar a sua exigência exclusivamente castrense de travar as decisões imbecis do desastrado Chefe do Estado Maior da Força Aérea exigindo a sua demissão, com a esperança, que lhe terão assegurado fundada, de que seriam atendidos! O PCP que nos dias seguintes se pôs logo a atacar os militares revolucionários, deu o sinal, e os “Nove” estavam preparados mesmo sem sms . Melo Antunes apressou-se a caucionar o papel democrático do PCP, mas esqueceu-se das outras forças de esquerda. O regime retomava a senda da estabilidade posta em causa pelos excessos definidos pelo cânone da ala liberal do fascismo e do republicanismo do PS, socialismo na gaveta.
Por seu lado a “poderosa PM” às 08.10 de 26 de Novembro é atacada pelos comandos de Jaime Neves porque o Comando da PM assobiava para o lado quando, pelo telefone, alguns chefes golpistas lhe exigiam para se apresentar em Belém. Porquê? Porque sim! Não vamos, “estamos de prevenção rigorosa às ordens do Presidente e CEMGFA”, como aliás todas as unidades da Região Militar!”
“Entretanto a investigação interessada tem-se esquecido de perguntar qual era a forte (só podia!) guarnição empenhada na segurança do Presidente da República com a “poderosa” e insurrecta PM a 100 metros, Calçada da Ajuda acima. Ramalho Eanes responderá decerto que se esqueceu desse pormenor.
Conforme se sabe a “história” corrente é escrita pelos vencedores. Neste caso os vencedores decentes estão envergonhados – praticamente nunca comemoraram esse dia inicial da verdadeira democracia e metem os pés pelas mãos.
A história ainda não está escrita, embora haja quem a queira fixar. Mas não deixamos.””

“Em vez disso, e sabendo da forte contestação a Vasco Lourenço, o poder político-militar confirma a sua nomeação na noite de 24 para 25.
Nessa mesma noite aguardando no Forte do Alto Duque a decisão do Conselho da Revolução elevado número de oficiais da R. M. L. mais uma vez, representando a vontade das suas próprias unidades, repudiou aquela decisão e decidiu por qualquer manifestação de força que exprimisse o seu descontentamento e servisse de base a novas conversações. Alvitrou-se que na sua luta de contestação contra o general Morais e Silva, as tropas pára-quedistas, solidários com os militares progressistas e revolucionários da R. M. L., queriam mostrar o seu grau de operacionalidade e de disciplina revolucionária em flagrante contraste com o que pensava dessas tropas o seu General-Chefe de Estado-Maior da Força Aérea que por vingança, antidemocrática e anti-revolucionária, as mandou desactivar, desmobilizar, transferir...
Por isso ficou decidido que seriam as tropas pára-quedistas a manifestarem a sua contestação numa vasta operação de neutralização das principais unidades da Força Aérea.
Assente ficou também que as unidades de Lisboa não fariam qualquer operação que servisse de pretexto à direita para a exploração que, se sabia, esta desejava há muito.
Aqui acabaria, mais ou menos, a minha explicação nos ecrans da RTP se não me tivessem tirado a palavra. Também aqui o tempo jogou a favor de quem quis maldosamente ver aquilo que lhe interessava para fins políticos e partidários numa desenfreada e inclassificável especulação.
Desenfreada e inclassificável especulação dos acontecimentos do dia 25 para quê?
Exactamente para perturbar o,curso progressista e revolucionário do processo português afastando militares e civis aliados à luta dos trabalhadores.
Assim se entende a desmesurada exploração das sublevações militares de 25 de Novembro: um pretexto para dum só gesto expurgar, prendendo, significativo número de militares que estavam, sem qualquer dúvida, seguindo uma estratégia correcta ou incorreta, ao lado da classe trabalhadora no processo revolucionário português.
Se a insubordinação de 25 de Novembro é um golpe contra-revolucionário que foram outras insubordinações preparadas e realizadas nos últimos tempos?
Recordo a insubordinação de Melo Antunes, Vítor Crespo, Costa Neves e Canto e Castro desobedecendo ao Presidente da República e à Assembleia do MFA de 25 de Julho!
Recordo a insubordinação conjugada de vários militares em redor das Assembleias de Tancos nos primeiros dias de Setembro. O que viria a ser designado por «golpe de Tancos» não levou ninguém para a cadeia mas logo aí começou a arredar da discussão democrática e revolucionária grande parte dos militares agora presos (ou mandados prender)!
Recordo a insubordinação dos comandantes das unidades do Norte contra o comandante da RMN, brigadeiro Corvacho!
Recordo a insubordinação aos mais elementares princípios da ética militar (e da ética democrática) o assalto e destruição às instalações e material dum órgão militar —a 5.ª Divisão do EMGFA — feita por outro órgão militar: o Regimento de Comandos da Amadora. (A História julgará os papéis dum e doutro no processo português...)!
Recordo a destruição à bomba do emissor na Buraca da Rádio Renascença!
Isto para falar nos actos mais visíveis e ressonantes.
O que se passa em 25 de Novembro não é mais do que outra fase de tentativa de recuperação do processo revolucionário para a direita.
HÁ GOLPE SIM, MAS UM GOLPE DA DIREITA REACCIONÁRIA.
Acusar o adversário político daquilo que se queria que ele tivesse feito serve exactamente para encobrir com todos os meios de que se dispõe (e ao adversário foram retirados) —a força das armas e os meios de comunicação— aquilo que se faz em vez dele.”

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Foto de destaque: IA