A Condenação e a Mensagem dos Ativistas

Hoje, pela manhã, foi proferida a sentença dos “Onze de Abril”, um grupo de ativistas climáticas ligadas ao movimento Climáximo que, em dezembro de 2023, bloqueou a Avenida Engenheiro Duarte Pacheco, em Lisboa. A ação visava alertar para a "guerra declarada pelos governos e empresas contra a sociedade e o planeta". O julgamento, considerado "histórico" por muitos, ocorreu poucos dias antes do 50º aniversário da Revolução dos Cravos. De acordo com Maria Mesquita, porta-voz do grupo, este foi um “julgamento político” onde a crise climática foi "deliberadamente excluída da sala de audiências".

Das onze pessoas envolvidas, oito foram condenadas a um ano e meio de prisão com pena suspensa por atentado à segurança rodoviária. Maria Mesquita destacou que esta condenação representa um "sinal" de repressão crescente contra o movimento por justiça climática, um fenómeno que se intensifica a nível internacional.

Solidariedade e Apoio

Ao longo do processo judicial, o grupo recebeu apoio significativo de diversos setores da sociedade, incluindo figuras públicas de renome. Manuel Alegre, em uma carta datada de 1 de junho, manifestou a sua solidariedade com os ativistas, afirmando: "Tem-se muitas vezes a pouca sorte de ter razão antes de tempo. Acontece com grandes causas, com aquela que hoje abraçam os jovens preocupados com a inoperância dos Estados no combate às alterações climáticas. A sua desobediência é, em si mesma, legítima. E talvez eles mais não façam do que lançar as sementes de um futuro acordar para os perigos que ameaçam o planeta.”

O Contexto Internacional

Maria Mesquita sublinhou que a repressão não é um fenómeno isolado em Portugal. Citou o recente raid contra o grupo britânico Just Stop Oil e a situação na Alemanha, onde o ativismo climático é cada vez mais criminalizado. Segundo ela, “a Alemanha está na vanguarda da criminalização do ativismo na Europa, descredibilizando todo o aparelho jurídico e atacando a sociedade civil como um todo ao aplicar pela primeira vez o enquadramento legal de crime organizado violento ao ativismo climático.”

A Resistência Continua

Apesar da condenação, Maria Mesquita afirmou que a repressão não intimidará nem deterá as ativistas. “As empresas e os governos declararam guerra contra a Humanidade ao provocarem e continuarem a alimentar a crise climática. Sabemos que vão tentar esmagar toda a luta pela vida, mas não podem impedir os cravos nascerem. As pessoas vão parar a destruição. Outro mundo é possível.”

A luta dos “Onze de Abril” simboliza um momento crucial na defesa do planeta e coloca em evidência a necessidade urgente de ação contra as alterações climáticas. A sua coragem e determinação são um lembrete poderoso de que a resistência é essencial para garantir um futuro sustentável para todos.

Foto dedestaque: IA;  imagem simbólica que representa a luta pela justiça climática. Ela ilustra um grupo de ativistas diversos segurando cartazes com slogans como “Defenda o Nosso Planeta” e “Justiça Climática Já”.