Mais do que uma preferência passageira, a sustentabilidade tornou-se um critério essencial para muitos viajantes. Segundo estudos recentes, cerca de 77% dos turistas procuram destinos que promovam práticas ecológicas, como a utilização de energias renováveis e programas de reciclagem. Este tipo de escolha vai além de uma simples preocupação ambiental; representa uma nova consciência que associa a viagem a um impacto positivo na comunidade local. Em vez de buscar apenas conforto ou luxo, o viajante moderno valoriza a autenticidade e o respeito pelo meio ambiente, apoiando economias locais e incentivando o consumo de produtos orgânicos e sustentáveis.
Um conceito emergente dentro do turismo sustentável é o **turismo regenerativo**, que vai além da simples preservação ambiental. Aqui, o objetivo não é apenas minimizar o impacto, mas também restaurar e revitalizar os ecossistemas locais. As viagens regenerativas envolvem atividades como a plantação de árvores, a recuperação de áreas degradadas e o apoio direto a comunidades vulneráveis, criando uma ligação mais profunda entre os turistas e os locais que visitam. Esta abordagem transforma o turismo numa força restauradora, onde o viajante contribui ativamente para a melhoria dos lugares que visita.
Outra tendência significativa que se une ao turismo sustentável é o conceito de **“bleisure”** — a combinação de viagens de negócios e lazer. Com o aumento da flexibilidade no trabalho remoto, muitos profissionais aproveitam as viagens de negócios para prolongar as suas estadias e explorar as atrações turísticas do local. Esta nova forma de viajar tem uma forte componente sustentável, já que muitos optam por reduzir a sua pegada ecológica ao unirem várias finalidades numa única viagem, evitando deslocações frequentes.
Além disso, o turismo está cada vez mais adaptado às necessidades de personalização. O viajante de 2024 exige experiências únicas e feitas à medida, especialmente em ambientes naturais. Há uma crescente procura por **experiências imersivas e exclusivas**, como workshops de sustentabilidade, retiros de bem-estar, práticas de mindfulness em cenários naturais, ou até mesmo a participação em projetos de conservação da biodiversidade.
As redes sociais e a tecnologia digital desempenham um papel fundamental na divulgação do turismo sustentável. Hoje, 60% dos jovens são influenciados diretamente por redes sociais ao escolherem os seus destinos. Esta influência, contudo, não se restringe apenas aos locais mais populares, mas também aos destinos mais éticos e responsáveis. Agências de turismo e hotéis estão a recorrer cada vez mais ao marketing digital para promover destinos ecológicos, enquanto influenciadores de viagens destacam experiências onde o turismo sustentável é a estrela. Esta utilização da tecnologia está a redefinir o setor, tornando-o mais acessível, interativo e alinhado com as novas mentalidades dos consumidores.
O turismo sustentável traz consigo desafios. A necessidade de integrar práticas ecológicas pode implicar custos adicionais para as empresas do setor, e a adaptação às novas exigências dos viajantes requer inovação constante. No entanto, as oportunidades são vastas. Ao focarem-se na sustentabilidade, as empresas turísticas podem diferenciar-se num mercado competitivo e garantir a sua relevância a longo prazo.
Em Portugal, o setor do turismo tem uma oportunidade única de se posicionar como um destino global de referência no turismo sustentável. Com o seu rico património natural e cultural, o país pode liderar a mudança para um turismo mais consciente, atraindo viajantes que buscam não apenas explorar novos locais, mas também contribuir para a sua preservação e regeneração.
Jose Elias Ramalho