Simples mas determinante por separar aguas entre totalitarismos medievalistas, fascistas, sovietistas, onde a participação das pessoas se vê anulada e ou limitada à participação na gestão ao da coisa publica à casta dominante e uns poucos dos seus capatazes !

O liberalismo não fez nascer sozinho a Democracia, nem esta com ele se confunde, porque da democracia liberal do século XIX ( só votam os cidadaos do sexo masculino, proprietários e com rendimentos), à democracia com o direito ao voto universal secreto e direto de hoje, houve um enorme passo que não findou pois trouxe a democracia participativa, nas instâncias políticas, sociais e económicas que vai até à participação na gestão dos trabalhadores e à distribuição dos lucros, sendo estas ultimas conquistas as ainda mais instáveis neste planeta ainda por demais gerido com mentes totalitárias desde a ONU à mais ínfima comunidade humana !

E nesta concepção democrática ha ainda que incluir quer a lógica personalista do presidencialismo, mais ou menos democrático, quer a crescente ansia da Cidadania em controlar os instrumentos criados para gerir a representatividade plural, os partidos, a terem de ser, eles mesmos, democratizados !

Portugal, que nasceu com uma Constituição da República que a Direita odeia confronta-se com uma vivência comunitária cada vez menos democrática em particular no que diz respeito à Democracia no campo económico.

Aí, passo a passo se foram anulando as cooperativas, as mutuas, as autogestionárias, as comissões de trabalhadores e agora ate os sindicatos com a redução do papel da negociação coletiva de trabalho!

Não contentes as castas dominantes à Direita, lideradas por um PR egocêntrico, uma PGR, opusdeistas e as castas religiosas opusdeistas, desde 2021, no pós covid, que tudo tem feito para limitar a Democracia parlamentar pondo-a sob o policiamento de um direitista,mas populista, PR, Marcelo Rebelo de Sousa!

O caminho percorrido tem sido inexoravelmente orientado para este modelo, de o governo ter de ser submisso aos apetites de um qualquer PR !

Primeiro com o piscar o olho à geringonça mas sempre limitando o seu percurso, de seguida com o absurdo personalizar da vitoria do PS em 2022 numa vitória personalista de Antonio Costa e finalmente anulando o governo e sobretudo a AR ( que, escandalosamente, se deixou anular sem protesto, nem sequer às Esquerdas!)

Pois bem. estamos nesta fase de eleitoralismo, que poderia ser saudável se não estivesse a navegar em ondas de golpe de estado que ja vai ao ponto de, ainda sem terem decorrido as segundas antecipadas se estar a viver ja a ameaça de terceiras se o resultado nao cair no goto do neo-marcelismo!

Enquadremos pois as opções da coordenadora do BE, Mariana Mortágua, que em vez de propor vir desafiar, no sábado, 10.02, o PS para um "encontro de posições".

Como se à Esquerda não fosse possível, alias, exigível, o principio do Dialogo e da Tolerância!

Assim, assumindo que não haverá maioria absoluta nas próximas legislativas, ( e esquecendo que ha a possibilidade de haver uma maioria parlamentar à direita mais facilmente que à Esquerda) veio defendervque numa negociação difícil, mas imperativa e para vencer a direita que haja um acordo politico à Esquerda!

Num comício do BE em Lisboa, Mariana Mortágua quis "Fazer o que nunca foi feito", segundo o mote do mesmo comício e então em tom arrogante afirmou que o programa eleitoral do PS, que será apresentado no domingo, "não será o programa do próximo governo".

Não sabemos se sim se não, ate porque o mesmo, à data deste artigo, nem é conhecido e como nem moscas se matam com vinagre estas declarações de Mariana Mortágua ate parece vir de quem nao quer qualquer acordo à Esquerda! Não

"Tal como o programa do PS em 2015 não foi o programa do governo da geringonça, o programa de uma maioria que a 10 de março vença a AD [coligação PSD/CDS-PP/PPM] e o Chega será o fruto de um encontro de posições, de uma negociação difícil, mais difícil do que a da geringonça, mas imperativa, porque é o caminho de soluções que são mobilizadoras e que são concretizáveis", disse Mariana Mortagua em “discurso mobilizador”… estranho modelo de mobilização diga-se.

Diz também Mariana Mortágua que "a derrota da direita vai começar com palavras claras, com propostas concretas, com compromissos que o povo possa conhecer e verificar", indicando tratar-se de "uma questão de responsabilidade".

Para esta dirigente "a direita não tem uma única solução de futuro e arrasta consigo um passado de destruição", e criticou os programas eleitorais que PSD, Chega e Iniciativa Liberal apresentam às eleições legislativas de 10 de março, referindo serem "três panelas com a mesma receita".

"Acham que tudo se resolve com cheques. [...] Cheques em vez de serviços de saúde de qualidade, cheques em vez de escolas com professores, cheques em vez de casas que as pessoas possam pagar, cheques para as construtoras, cheques para os intermediários, cheques para os grupos milionários da saúde, cheques para os fundos imobiliários. Um livro inteiro de cheques para benefícios fiscais aos grandes grupos económicos", esclareceu com humor, classificando como "um monumental engodo" as propostas da direita, e criticando o PS: "Nós sabemos que se a direita ataca em todas estas frentes com a política-cheque é porque, nestas áreas, o fracasso da maioria absoluta foi o mais rotundo"…. E nada de denunciar o golpe de estado sobre uma maioria absoluta que “so teve autorização” para governar um ano e dez meses pejados de ataques venenosos diretos ou em recados marcélito-vichyssoisistas!

Feita bruxa / vidente, sem o ser, Mariana Mortágua mostrou-se segura de que a 10 de março "não haverá nenhuma maioria absoluta como a que o PSD/CDS tiveram no tempo da troika ou a que o PS conseguiu nos últimos dois anos".

"O poder absoluto deixou uma marca de incompetência, de arrogância, de desinteresse pelas pessoas, de desprezo por quem trabalha, de abandono dos serviços públicos e de máxima instabilidade", sustentou, afirmando que "o PS destruiu credibilidade e a direita procura cavalgar sobre os escombros do governo que se demitiu há uns meses".

"As maiorias absolutas degradaram Portugal", acrescentou, referindo que "a que agora terminou criou uma crise política em cima de uma crise social".

"A esquerda tem de se erguer à altura das dificuldades e mostrar que está aqui para ganhar. Nós queremos ganhar, estamos aqui para ganhar, e só o merecemos ganhar se for para virar a página desta crise social e desta governação ao serviço sempre dos mesmos privilégios", salientou, mostrando-se convicta de que "é possível uma maioria para derrotar a direita".
A um mês das eleições legislativas, Mortágua considerou que o "desafio é gigantesco" e que esta "vai ser a campanha mais renhida dos últimos dez anos", e sustentou que "a direita só é derrotada se o Bloco for determinante na viragem das políticas".

"Se o Bloco crescer, haverá nova maioria para salvar o país, para virar a página da política", defendeu, indicando que as prioridades do BE passam por garantir o acesso à saúde, valorizar a escola pública e baixar o preço das casas.

Enfim… esperemos que a abstenção se concentre no eleitorado das Direitas!

Joffre Justino

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Foto de destaque: IA;  imagem da Assembleia da República Portuguesa, capturando a sua fachada neoclássica icónica e a importância deste edifício no contexto da democracia e da arquitetura portuguesas.