Rui Tavares, porta-voz do Livre, recordou na segunda-feira, 07.10, que a proposta de Orçamento do Estado para 2025 poderá ter "diferenças substanciais" após o processo de especialidade em virtude da atual configuração parlamentar.

"Muita água vai passar debaixo da ponte e o documento final pode ter diferenças substanciais, portanto, não nos deixemos enganar por estas reviravoltas de telenovelas em que, às vezes, antes do último episódio, depois ainda toda a gente casa com pessoas diferentes", acentuou Rui Tavares, aos jornalistas, numa visita no âmbito das jornadas parlamentares do Livre, que decorrem até terça-feira em Elvas, distrito de Portalegre.

Antes de se reunir com a Associação Empresarial de Elvas, Rui Tavares foi questionado sobre o facto de o Conselho de Ministros ter pré-aprovado hoje "dentro do Governo" a proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) que terá de entregar no parlamento na quinta-feira, salientando que a versão final aguarda ainda "negociações em curso" com PS.

Para Rui Tavares, "é preciso ter uma certa dose de otimismo, para não dizer de ingenuidade" para achar que a versão hoje aprovada pelo Governo minoritário do PSD-CDS será igual à final, após o trabalho dos deputados na especialidade - caso o Orçamento seja aprovado na votação na generalidade.

Para o deputado do Livre, as negociações em curso entre Governo e PS "têm estado a ser feitas para o efeito na comunicação social" e não para "o trabalho a sério sobre os números e os 'dossiers' que importam às pessoas".

"[As negociações] aparentam incidir sobre duas ou três medidas para aceitar uma viabilização na primeira votação, ou seja, na votação na generalidade. Como nós temos uma configuração parlamentar que dá várias possibilidades de aprovação de medidas, não é nada seguro que a votação na especialidade não altere substancialmente o documento".

Rui Tavares recordou que o partido está reunido em Elvas até terça-feira para estudar propostas no âmbito do debate do OE, algumas das quais o Livre conta ver aprovadas.

"Não sabemos se os acordos que possam existir entre os partidos que podem ter uma maioria para aprovar o orçamento também implicam a rejeição das medidas que vêm de outros partidos", acrescentou.

Diz Rui Tavares que se o Governo "levasse a sério" o trabalho orçamental numa fase em que o país "tem um excedente orçamental" ou em que a dívida pública "praticamente não é tema", o país podia discutir "política a sério" e ter trabalhado numa proposta orçamental que envolvesse a academia e a sociedade civil.

"Não tivemos nada disso, tivemos um orçamento feito com negociações feitas para o efeito mediático e, como eu digo, isso não é o suficiente para termos a certeza de que teremos um bom orçamento", salientou.

Questionado sobre a tese, defendida por alguns partidos como o BE, de que um partido à esquerda não pode viabilizar um OE de um Governo PSD/CDS-PP, Rui Tavares respondeu que para o Livre "não é uma questão de etiquetas mas do que está lá dentro".

Caso os partidos da oposição, incluindo o Livre, consigam negociar várias medidas na fase de especialidade - como o aumento do abono de família ou a criação de uma "herança social" -- o sentido de voto do partido poderá mudar.

Já sobre o facto de o Livre estar a realizar as suas primeiras jornadas parlamentares em Elvas, concelho raiano localizado na fronteira entre Portugal e Espanha, Rui Tavares realçou que "o interior não é, ao contrário do que às vezes as pessoas querem fazer crer, paisagem".

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