A especialista em inteligência artificial Una-May O'Reilly, investigadora no Laboratório de Ciência da Computação do MIT, esteve recentemente em Portugal e trouxe uma mensagem clara: o futuro da cibersegurança passa pela antecipação de comportamentos maliciosos com a ajuda da IA adversarial.

Numa entrevista ao *Diário de Notícias*, O'Reilly discutiu como as máquinas podem "aprender a pensar" e ajudar a prever e neutralizar ataques cibernéticos, antes mesmo que ocorram.

A Revolução da Inteligência Artificial no Combate ao Cibercrime

A IA adversarial, segundo O'Reilly, é uma das ferramentas mais promissoras no combate a agentes maliciosos que têm como objetivo atacar sistemas informáticos. Através de técnicas avançadas de aprendizagem de máquina, esta tecnologia permite simular cenários em que os atacantes tentam comprometer redes e infraestruturas digitais. Desta forma, as organizações podem antecipar ações e reforçar as suas defesas.

Ela explica que este tipo de inteligência artificial "não é apenas um reflexo das ações do utilizador ou de um agente humano", mas sim uma forma de as máquinas tomarem decisões baseadas em padrões de comportamentos anteriores, permitindo criar defesas mais robustas e eficazes.

O Jogo de Gato e Rato da Cibersegurança

O campo da cibersegurança tem sido comparado a um eterno jogo de "gato e rato", onde as defesas estão constantemente a ser desafiadas por novas formas de ataque. A IA adversarial promete mudar as regras do jogo, oferecendo a possibilidade de uma abordagem mais proativa e não meramente reativa.

Na entrevista, O'Reilly menciona que “com a IA adversarial, estamos sempre um passo à frente”, o que permite uma adaptação contínua das estratégias de defesa em resposta a novos tipos de ameaças. Isto é especialmente crucial num cenário onde os ciberataques estão em constante evolução, e onde os agentes maliciosos utilizam técnicas cada vez mais sofisticadas para contornar os sistemas de segurança.

Desafios e Ética na Implementação de IA

Uma questão levantada na entrevista é a regulação da inteligência artificial. Embora a IA adversarial apresente benefícios claros para a cibersegurança, o seu desenvolvimento e implementação levantam questões éticas e legais. A investigadora destacou a necessidade de um quadro regulamentar adequado, especialmente em países como os EUA, onde praticamente não existem regras que guiem o uso desta tecnologia em determinadas áreas.

No entanto, para O'Reilly, o mais importante é garantir que a tecnologia seja atualizada e usada com responsabilidade, para que se possa aproveitar ao máximo o seu potencial, sem comprometer a privacidade e a segurança dos utilizadores.

A Caminho do Futuro

A cibersegurança é uma das áreas que mais beneficiará com a IA adversarial. À medida que os ataques cibernéticos se tornam mais frequentes e complexos, será essencial que as organizações adotem tecnologias que lhes permitam antecipar-se aos atacantes. Com a abordagem proposta por Una-May O'Reilly, é possível que a IA não só defenda, mas também transforme radicalmente o modo como se lida com ameaças digitais.

O artigo completo, publicado pelo *Diário de Notícias*, sublinha a importância de continuar a investir na interseção entre IA e cibersegurança, para garantir que os sistemas informáticos do futuro estejam preparados para os desafios de amanhã.

Morgado Jr.