Frente Comum acusa o Governo de "manter política de baixos salários"

”A única coisa com que o Governo se compromete nesta fase é manter uma política de baixos salários na Administração Pública, sem quaisquer valorizações para nenhum trabalhador que permita fazer face ao poder compra" perdido.

Esta afirmação do coordenador da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (Frente Comum), Sebastião Santana, à saída da reunião com a secretária de Estado da Administração Pública, Marisa Garrido, em Lisboa, releva o como continuamos a fracassar na distribuição da riqueza em Portugal

Sebastião Santana acuso o executivo de "continuar" uma política de "empobrecimento" e, tal como a Fesap e o STE, sublinha que a proposta de atualização geral de salários na função pública para 2025 "nem sequer faz face à [estimativa de] inflação" para o próximo ano.

O Governo mantém o avançar um aumento de, pelo menos, 55,26 euros (o equivalente a um nível remuneratório da Tabela Remuneratória Única) para ordenados até 1.754 euros ou um mínimo de 2,1% para ordenados superiores o em 2025 e 2026, isto é, abaixo da previsão de inflação para o próximo ano (2,3%).

Já para 2027 e 2028, o Governo propõe um aumento de, pelo menos, 57,89 euros para ordenados até 1.754 euros ou um mínimo de 2,2% para ordenados superiores.

O coordenador da Frente Comum critica que o Governo tenha avançado com uma proposta que "altera casas decimais" face ao acordo atualmente em vigor (e que vigora até 2026), assinado pelo anterior executivo e que prevê aumentos de cerca de 52 euros para vencimentos brutos mensais de até 1.754 euros e de 2% para ordenados superiores.

Critica ainda o Governo por não mexer "uma vírgula" no que diz respeito ao subsídio de alimentação "nem qualquer outro suplemento remuneratório".

“Isto não é exatamente uma negociação", acrescenta Sebastião Santana.

A Frente Comum, afeta à CGTP, exige aumentos salariais de, pelo menos, 15%, com um mínimo de 150 euros por trabalhador, a partir de janeiro de 2025, e que o subsídio de alimentação seja aumentado para 10,50 euros.

A Frente Comum adianta ainda que vai analisar "com muita calma" a proposta do Governo, mas avisa que "nunca assinou um acordo que empobrecesse ninguém". "Não parece que vai ser desta vez", indicou o coordenador desta federação de sindicatos.

Face a esta proposta, "milhares de trabalhadores" vão certamente estar presentes na manifestação nacional convocada pela Frente Comum para dia 25 de outubro, em Lisboa, tendo já sido "agendados pré-avisos de greve em vários setores".