Em 2023, o Exército Português realizou um total de 1800 patrulhas de vigilância florestal, percorrendo o equivalente a seis voltas ao Equador.

Estas operações, fundamentais para a prevenção de incêndios florestais, são conduzidas por militares que, enquanto patrulham, reconhecem e protegem o território português, preparando-se para eventuais necessidades futuras de defesa.

Todos os anos, no verão, o Exército ativa protocolos com autarquias locais para patrulhar diversas regiões do país. Em Viana do Castelo, sete militares são destacados para vigiar a serra de Santa Luzia, utilizando duas viaturas equipadas com meios de comunicação, cartas militares, binóculos e computadores para georreferenciação em tempo real. A missão principal é dissuadir incendiários e detetar eventuais focos de incêndio.

Durante uma patrulha recente, conduzida pelo Sargento Morte e o cabo Pedro Cerqueira, a viatura todo-o-terreno Toyota Hilux subiu ao cimo da serra, onde estão instaladas as eólicas, um ponto estratégico de observação. “Aqui, é possível verificar a olho nu ou com binóculos se há focos de fumo”, explicou o Sargento Morte. Felizmente, desde 15 de junho, não houve registo de ocorrências significativas.

Contudo, o risco de fogo posto é uma preocupação constante. “Infelizmente, em todo o país, há pessoas isoladas que pretendem praticar o ato malicioso de atear fogo a áreas florestais”, comenta o Sargento, enquanto o sistema de comunicações informa sobre outras patrulhas iniciando vigilância noutras zonas de risco. Pelo rádio, a equipa mantém-se em contacto com o Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil do Alto Minho, a GNR e os Bombeiros Sapadores de Viana do Castelo.

A interação com a população local é crucial. Em S. Mamede, uma aldeia isolada na serra, os militares conversam com habitantes e turistas, recolhendo informações valiosas. “Toda a informação é útil. Perguntamos porque, por vezes, a população sabe mais do que nós”, indica o militar. Nessas interações, até ouvem um ou outro piropo. “Está tudo em paz. Tudo bem e olhando dois rapazes bonitos assim, avé Maria…”, comentou uma mulher brasileira ao ser abordada pelo Sargento e pelo cabo.

O apoio do Exército aos Agentes de Proteção Civil, desde 15 de maio, envolve 250 militares em prontidão. Segundo o Coronel Tiago Lopes, Comandante do Regimento de Apoio Militar de Emergência, a campanha deste ano é equiparada à de 2023. “No ano passado, conseguimos detetar 23 focos de incêndio. Utilizamos destacamentos de engenharia para elaborar cortes de fogos e aceiros, e a nossa capacidade de comando e controlo foi fundamental”, afirmou.

O Coronel Tiago Lopes prevê um reforço gradual dos meios no futuro. “É prioridade do Exército manter o investimento nas diferentes capacidades do sistema integrado de apoio militar de emergência, não só aumentando os meios ao nosso serviço, mas também investindo em novas tecnologias, sempre com base no duplo uso, para garantir apoio com eficiência e qualidade elevadas”.

Há 14 anos que o Exército realiza estas operações de vigilância em Viana do Castelo, através da Escola de Serviços da Póvoa de Varzim. Este compromisso contínuo reflete a dedicação dos militares na proteção das florestas portuguesas, assegurando um ambiente mais seguro para todos.

Joffre Justino 

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Foto de destaque: IA