Mais ainda expressou o mesmo desagrado através de uma nota enviada às representações diplomáticas do grupo africano, segundo esta reputada.

Luzia Moniz, 60 anos, uma panafricanista de Angola, jornalista, socióloga e activista, é uma defensora da democracia como alavanca para o combate às desigualdades políticas, económicas e sociais.

É co-fundadora da PADEMA, Plataforma para o Desenvolvimento da Mulher Africana, “uma organização da Diáspora Africana em Portugal, centrada na Mulher Africana diaspórica, nos seus valores culturais e identitários com vista à sua afirmação na sociedade tendo em conta a igualdade de género e de oportunidades”.

Pan-africanista desde sempre, a autora liderou em Luanda, durante cinco anos, o Desk África da Agência Angola Press (ANGOP) onde coordenava todo o noticiário africano do País, antes de ser transferida, em 1989, para Portugal como delegada da mesma agência.

Cidadã frontal, “escreve como fala: de olhos bem abertos e acesos, e olhando bem direitinho para o seu interlocutor, e sobretudo sem papas na língua”, e evoluiu na sua visao sobre Angola com os anos de reconhecimento do regime do seu país para um modelo de capitalismo desregulado.

”Luzia Moniz fez-se indubitavelmente intelectual da, e na revolução, forjou-se nela, construiu-se politicamente nela, ainda de acordo com Mabeko-Tali ou, como sublinham Dilia Fraguito Samarth e Anil Samarth, no posfácio é “sonhadora, intelectual honesta, implicada na luta histórico-política desde tenra idade, com uma consciência histórica profunda, cujas raízes se alicerçam no eloquente exemplo de Deolinda Rodrigues, e continua a afirmar a sua luta contra qualquer tipo de colonialismo”.

Luzia reside em Portugal, sua terra de adopção e de opção.

Na nota verbal datada de 27 de maio, partilhada por Luzia Moniz na sua página do Facebook, a Embaixada chefiada por Maria de Jesus Ferreira recorda e acentua que se tinha oposto à inclusão da cidadã luso-angolana “que faz
ativismo contra a mais Alta Magistratura e Governo da República de Angola” na reunião preparatória do Dia de África, realizada na Embaixada
da Guiné Equatorial a 20 de março.

Tendo constatado que o nome da ativista e jornalista se mantinha na lista de convidados, a embaixada considerou que estava em causa a “violação do
princípio de promoção de Unidade, Solidariedade e Coesão entre os Estados” e “por orientação da capital” (Luanda) decidiu não participar na cerimónia oficial da celebração do Dia de África que se celebrou em Lisboa no dia 29 de maio.

Luzia Moniz escreve regulamente artigos de opinião em que critica o regime angolano, no semanário Novo Jornal.

“Com este documento, ‘a capital’ torna oficial e internacionaliza o ataque à minha liberdade, nomeadamente de pensamento, opinião e de expressão, e tenta proibir ou condicionar as relações de amizade e de parceria pan-africanistas que mantenho com diversos países africanos”, critica a jornalista na sua coluna de opinião Tunda Mu Njila, garantindo: “não me calarão”.