Este caso sublinha uma fragilidade estrutural no sistema de justiça desportiva em Portugal. Quando interesses económicos e políticos se misturam com o desporto, cria-se um terreno fértil para a corrupção. A falta de uma "separação de águas" entre os setores do desporto e da justiça compromete a transparência. Se houvesse uma divisão mais clara entre as esferas, e se as instituições funcionassem de forma independente e rigorosa, talvez a justiça pudesse atuar de forma mais isenta e eficaz.
Uma reflexão mais ampla e isenta, que envolvesse a sociedade civil, os órgãos de justiça e as entidades desportivas, seria crucial para discutir o futuro do desporto de uma forma desapaixonada. O desporto, nomeadamente o futebol, deve ser um espaço de meritocracia e competição justa, mas enquanto os interesses financeiros e institucionais se mantiverem tão interligados, a desconfiança vai perdurar. Esta crise é um alerta para a necessidade de uma reformulação nas políticas de controlo e de transparência no futebol, não só em Portugal, mas a nível global.
A introdução de mecanismos mais rigorosos de fiscalização, a autonomia completa dos órgãos desportivos em relação às entidades de justiça e a educação dos intervenientes desportivos são fatores cruciais para evitar que o desporto continue a ser manchado por escândalos. Para além disso, é importante criar um ambiente no qual os adeptos e a sociedade em geral possam confiar nas competições e nos resultados, sabendo que são alcançados de forma justa e ética.
A separação entre justiça e desporto não só evitaria conflitos de interesses, como também poderia devolver a credibilidade ao futebol, criando uma base mais sólida para o futuro.