Um novo relatório da ONG EarthSight revelou uma realidade perturbadora sobre as práticas de aquisição de algodão das gigantes da moda rápida H&M e Zara. O algodão usado para fabricar calças, bermudas, camisetas e meias vendidas por estas marcas tem origem em fazendas no oeste da Bahia, conhecidas pelo histórico de desmatamento e grilagem de terras.
Estas práticas ilegais incluem o uso de técnicas agressivas como o correntão, um método devastador de desmatamento ilegal no município de Cavalcante (GO). Este processo destrutivo não só devasta vastas áreas do Cerrado, mas também viola os direitos humanos e perpetua a apropriação indevida de terras.
Apesar de H&M e Zara proclamarem o seu compromisso com a sustentabilidade, a realidade apresentada pela investigação da EarthSight contrasta fortemente com estas declarações. O algodão que afirmam ser sustentável e certificado pelo Better Cotton Initiative (BCI) tem origem em terras roubadas e desflorestadas ilegalmente. Este algodão é exportado para a Ásia, onde a cadeia de abastecimento se torna nebulosa e difícil de rastrear, permitindo que estas práticas controversas se perpetuem longe dos olhos do público.
Não podemos aceitar que estas empresas, com lucros de bilhões de dólares, continuem a esconder-se atrás de certificações inadequadas e políticas de sustentabilidade de fachada. É imperativo que H&M e Zara assumam responsabilidade direta e implementem mudanças significativas nas suas cadeias de abastecimento.
Diga à Zara e à H&M que o mundo está a assistir. Exigimos que parem de adquirir algodão ligado à destruição do Cerrado. Esta não é a primeira vez que pressionamos grandes empresas a fazerem o que é certo. Confrontámos gigantes como Kellogg’s e PepsiCo, levando-os a abandonar a compra de óleo de palma de florestas desmatadas. Agora, é a vez de proteger o Cerrado brasileiro.
Vamos lembrar à H&M e à Zara que a sustentabilidade não é apenas uma palavra de moda, mas uma responsabilidade real e urgente. O Cerrado e todas as espécies que nele habitam dependem das nossas ações hoje.
Nardia M.