O estudo coordenado por Pedro Matos Soares, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, aponta para uma diminuição drástica de 33,4% na precipitação até ao final do século, conjugada com um aumento da temperatura média de 4,4ºC. As consequências desta realidade são múltiplas e devastadoras:
1. Escassez Hídrica: A redução da precipitação implica menor recarga das albufeiras, levando a uma diminuição significativa na disponibilidade de água para consumo humano, agricultura e indústria.
2. Impacto na Agricultura: A produtividade agrícola no Algarve pode cair até 10%, afetando culturas essenciais como milho e laranjas. Este cenário ameaça a subsistência de agricultores e a economia regional.
3. Biodiversidade e Ecossistemas: A escassez de água afeta os ecossistemas locais, reduzindo a biodiversidade e comprometendo a saúde dos habitats naturais.
4. Evapotranspiração Aumentada: A maior evapotranspiração intensifica a perda de água nas bacias do Alqueva e das Ribeiras do Algarve, agravando a situação de escassez.
Para enfrentar este desafio, é crucial implementar uma série de medidas que visem a adaptação e a mitigação dos efeitos da seca. Algumas estratégias recomendadas incluem:
1. Eficiência Hídrica: Investir em tecnologias de irrigação mais eficientes e promover práticas agrícolas que economizem água. O governo já anunciou um reforço de 103 milhões de euros para aumentar a eficiência hídrica no Algarve.
2. Reutilização de Águas Residuais: Incentivar a reutilização de águas residuais tratadas na agricultura e em processos industriais pode aliviar a pressão sobre os recursos hídricos naturais.
3. Gestão Integrada da Água: Implementar uma abordagem holística e multissetorial para a gestão da água, como proposto na iniciativa "Água Que Une". Este plano visa a cooperação entre diferentes setores e a elaboração de um novo Plano Nacional da Água até 2025.
4. Educação e Conscientização: Promover campanhas de sensibilização sobre a importância da conservação da água e as práticas sustentáveis pode mobilizar a sociedade para ações concretas e eficazes.
5. Desenvolvimento de Infraestruturas: Construir infraestruturas que captem e armazenem água de forma mais eficiente, prevenindo a perda por evaporação e aumentando a resiliência aos períodos de seca.
A crise hídrica projetada para o Alqueva e o Algarve não é apenas uma previsão alarmante, mas uma realidade iminente que exige ação imediata. Ao adotarmos medidas estratégicas e sustentáveis, podemos mitigar os impactos da seca e garantir a disponibilidade de água para as futuras gerações.
A colaboração entre governo, setor privado e sociedade civil é essencial para enfrentar este desafio de forma eficaz e integrada. Como afirmou Pedro Matos Soares, é imperativo que “não esqueçamos que o Centro e Norte do país vão sofrer secas e períodos hídricos críticos; é preciso ter em conta a coesão territorial.”
José Elias Ramalho
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Foto de destaque: IA; imagem realista que ilustra o impacto da seca severa no reservatório de Alqueva e na região do Algarve, destacando a urgência das medidas de conservação de água. Esta imagem acompanha e reforça visualmente o artigo, sublinhando a necessidade de ação imediata para mitigar os efeitos das alterações climáticas.