No turbulento cenário político do século XX, Portugal passou por várias metamorfoses que moldaram a sua identidade como nação. Entre os marcos históricos mais significativos, o 25 de Abril de 1974 destaca-se como um catalisador de profundas mudanças sociais, políticas e religiosas.

Neste contexto, Joffre Justino, diretor do Estrategizango, e Marco Oliveira, escritor, oferecem uma análise perspicaz e multifacetada sobre a evolução da liberdade religiosa em Portugal, num discurso que nos convida a uma reflexão profunda.

A Primeira República e os Conflitos Religiosos

Justino inicia o seu discurso contextualizando os anos tumultuosos da Primeira República (1910-1926), caracterizados por uma intensa conflitualidade e tentativas de golpe de estado, onde a problemática religiosa desempenhou um papel crucial.

A transição para o Estado Novo, definido por muitos como um regime fascista ou corporativista, trouxe consigo uma nova concordata com o Vaticano, reforçando o catolicismo como religião predominante. Apesar das mudanças trazidas pelo 25 de Abril, a predominância institucional da Igreja Católica manteve-se, embora com uma abordagem mais ecuménica, refletida na Comissão para a Liberdade Religiosa.

A Jornada Mundial da Juventude e o Debate sobre Financiamento

Um dos pontos altos do discurso de Justino e Oliveira foi a análise crítica da Jornada Mundial da Juventude e o substancial apoio financeiro estatal de cerca de 100 milhões de euros. Este apoio exclusivo à Igreja Católica levanta questões sobre a equidade na distribuição de recursos entre diferentes confissões religiosas. Oliveira argumenta que, apesar da representatividade católica justificar em parte esse financiamento, a transparência e a prestação de contas são fundamentais para evitar perceções de discriminação.

A Liberdade Religiosa em Perspetiva Global

Oliveira expande a discussão para um contexto global, destacando a coexistência pacífica e a colaboração entre religiões como um sinal positivo da liberdade religiosa. No entanto, ele também alerta para os perigos do uso político da religião, exemplificado pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, onde a religião é instrumentalizada para galvanizar apoio político.

O Papel das Religiões na Emancipação dos Povos

Um tema recorrente no discurso é o papel das missões religiosas, tanto católicas como protestantes, na denúncia de crimes de guerra e na promoção dos direitos humanos durante os movimentos de libertação das colónias portuguesas. Este envolvimento não só ajudou a moldar lideranças africanas, como também fortaleceu a luta pela liberdade religiosa.

Desafios Atuais e Oportunidades Futuras

Justino e Oliveira concluem destacando os desafios contemporâneos à liberdade religiosa, especialmente em regimes ditatoriais onde a diversidade religiosa é reprimida. Eles sublinham a importância de uma resistência pacífica e legal, exemplificada pela comunidade Bahá'í no Irão, que apesar de perseguições severas, continua a defender os seus direitos de forma pacífica e legal.

Um Olhar sobre o Futuro

O discurso culmina com uma nota de esperança e uma chamada à ação. Justino e Oliveira defendem que a liberdade religiosa deve ser vivida e defendida diariamente. Num mundo cada vez mais interconectado, a cooperação e a compreensão entre diferentes religiões são essenciais para a construção de uma sociedade mais justa e harmoniosa.

Este vídeo é uma viagem pela história e pelos desafios atuais da liberdade religiosa em Portugal e no mundo. Convida-nos a refletir sobre a nossa própria responsabilidade na promoção de um ambiente de respeito e cooperação entre todas as confissões religiosas. Para uma compreensão mais profunda e inspiradora deste tema crucial, assista ao vídeo até ao fim.