O recente anúncio da instalação de um novo campus da Universidade Nova de Lisboa em Oeiras despertou um fervoroso debate entre as autoridades locais e a comunidade científica.

A proposta, que prevê a construção em áreas da Reserva Ecológica Nacional (REN) na frente ribeirinha de Algés, tem sido fortemente contestada pela oposição na Assembleia e na Câmara de Oeiras.

"A verdadeira questão não é a necessidade de um novo campus, mas sim a sua localização," afirma a cientista Maria Gomes, especialista em ecologia costeira. "Estamos a falar de uma zona não só protegida por razões ecológicas, mas também extremamente vulnerável às cheias e à subida do nível do mar." Segundo os estudos apresentados, a área escolhida para o campus está numa zona de risco elevado, o que levanta sérias preocupações sobre a segurança e a sustentabilidade do projeto.

Recentemente, a Assembleia Municipal de Oeiras aprovou uma proposta para reconhecer o interesse municipal do novo campus e outra para enviar um pedido de reconhecimento de relevante interesse público à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT). Este reconhecimento permitiria a ocupação de áreas da REN, que de outra forma estariam protegidas de qualquer construção.

A oposição argumenta que esta decisão é um erro grave, tanto do ponto de vista ambiental quanto ético. "É inadmissível que uma instituição de ensino superior, que deveria ser um bastião do conhecimento e da responsabilidade ambiental, desrespeite assim a ciência ecológica," declara João Silva, deputado municipal da oposição. "Estamos a sacrificar uma zona de extrema importância ecológica e vulnerável por um projeto que poderia ser realocado para um local mais seguro e sustentável."

Enquanto o debate continua, a comunidade local e os especialistas aguardam ansiosamente a resposta da CCDR-LVT e esperam que as suas preocupações sejam ouvidas e devidamente consideradas. Afinal, como pode uma universidade que se orgulha do seu saber científico ignorar os alertas claros da ciência ecológica?

Neste dilema entre desenvolvimento e conservação, está em jogo não apenas a integridade de uma reserva ecológica, mas também a credibilidade de uma instituição que deve ser um exemplo de responsabilidade e inovação. A decisão final será um teste crucial para a capacidade das nossas instituições de equilibrar progresso com sustentabilidade, um desafio que marcará o futuro da região de Oeiras e, possivelmente, o destino da nossa relação com o meio ambiente.