Só a arrogância típica de uma juventude que tudo teve dada por paizinhos estranhamente educados civica, profissionalmente e de Saber pode levar ao aparecimento desta surreal proposta - comemorar o inicio e o inicio do fim de um processo histórico sem atender ao como começou e como se iniciou o fim de um tempo imaginado revolucionário e qual foi o seu Histórico fim!

A questão das datas

Os iliberais da IL, a cheganice do sr venturinha e o iliberalismo neo conservador dominante no atual CDS adoram, como o paizinho deles, o salazarento, manipular a História de um Império que o paizinho deles, o salazarento tudo fez para destruir !

Punhamos as questões como devem ser postas - houve e ainda há retornados situados ideológica e socialmente da extrema direita à extrema esquerda pelo que há que pôr o sr Rui Rocha no seu campo - o da extrema direita !

A razão fundamental para o que o 25 de abril de 1974 foi o desastre crescente em que as FFAA viviam em dois dos três cenários de guerra - Guiné Bissau e Moçambique e com uma vitória militar mas não político-ideológica em Angola onde a contestação juvenil à guerra era crescente !

Ora, se assim foi então há que assumir os vários momentos inerentes a um processo que se inicia em 1961!

Esta questão das datas!
a) de 04.01.1961 a 01.07.1970, a descolonização

Se o que está por detrás do 25.04.74 não é ã imposição da Democracia mas sim o pôr fim à Guerra Colonial então o processo revolucionário que nasceu neste 25 de Abril de 1974 tem inicio nas mãos de um general que o PCP denominou ate de fascista o general Botelho Moniz que com Costa Gomes tentou, apoiado pelos EUA, iniciar a Descolonização antes da Democratização e no iniciar de um processo de desenvolvimentismo fora do tempo histórico por imperial quando Mundo fora as Descolonizações corriam aceleradamente!

Essa tentativa de uma Descolonização feita pelo regime fracassou a 12/13 de abril de 1961 ja a guerra colonial se tinha iniciado com um movimento popular de massas na Baixa do Cassange, a 04.01.1961, dinamizado pela UPA luandense e kasabuvistas, continuado a 4 de fevereiro de 1961 pela UPA luandense liderada pelo cónego das Neves e multiplicada a norte de Angola com ramificações ate ao Centro pela UPA de Holden Roberto!

Derrotada a UPA de Holden Roberto, em 1963, surge a luta armada da Frelimo ( 25 de Setembro de 1964 ), e do PAIGC ( 23 de Janeiro de 1963 ), havendo no entanto prova documental do surgimento de focos de guerrilha na Guiné Bissau via membros brasileiros do DRIL Diretório Revolucionário Ibérico de Libertação, em 1961, segundo relatório da pide!

Uma outra data determinante na Descolonização é o dia 1 de julho, de 1970 há 54 anos, quando Amílcar Cabral, do PAIGC, Marcelino dos Santos, da FRELIMO, e Agostinho Neto, do MPLA, foram recebidos pelo Papa Paulo VI.

Na realidade, o papado que fora o fundamento do processo de Reencontros, dinamizado pelos portugueses, ( e espanhóis), também chamado de Descobertas ou de Expansão teocrática, com este Encontro, pôs um ponto final às teses imperial fascio colonialistas do regime do salazarento!

E nós defendemos a tese de que é nessa data que começa reforçar-se a tese da premência do findar a guerra colonial, até nos meios militares portugueses!


b) O mix da Descolonização e da Democratização

Em 1972, num meeting estudantil José Manuel Felix Ribeiro, um dos lideres estudantis de Lisboa, 1968/71, vai alem do assumido pelas facções radicais anti regime imperial fascista e defende a tese, afim à de Alvaro Cunhal de que seria das FFAA que surgiria a revolta que poria fim ao regime!

E se à época quase todas as facções radicais olhavam a questão colonial como a contradição principal e o elo frágil do fascismo a verdade é que esta tese foi olhada com elevada desconfiança pelos presentes mais radicais por ser muito afim à tese do lider do PCP com uma diferença- esse movimento militar não necessitaria de um movimento popular para avançar pelo contrário seria o motor para o surgimento desse mesmo movimento popular!

E foi mesmo assim que aconteceu!

O 25 de abril de 1974, mesmo que em certos meios fosse esperado para o 1.o de Maio desse ano, surgiu mesmo depois da antecipada tentativa spinolista do 16.03.74 talvez antecipado para que os seus organizadores não fossem presos no rescaldo do 16 de março!

E sim o 25 de abril surpreendeu apesar de esperado e surpreendeu pela capacidade que teve de acontecer quase sem mortes!

E ficou o programa Democratizar, Descolonizar, Desenvolver para ser implementado!

Ora os conflitos entre o MFA e o general Spinola não aconteceram com a Democratização mas sim com a Descolonização

E assim num discurso proferido em 11 de junho de 1974, por ocasião da tomada de posse dos novos governadores-gerais de Angola e Moçambique, Silvino Silvério Marques e Henrique Soares de Melo, o então PR indigitado Spínola ainda declarava que o compromisso de Portugal em descolonizar os territórios ultramarinos, dependia da democratização nas ex colónias, ( a Guiné Bissau ja tinha declarado a Independência a 24 de Setembro de 1973!), mas este general que cavalgou o MFA enquanto pôde recua e a 27 de Julho de 1974 diz em discurso publico, “(…) o momento de reconhecer às populações dos nossos territórios ultramarinos o direito de tomarem em suas mãos os próprios destinos, concretizando-se desse modo, o desenvolvimento da política de autenticidade que sempre defendemos”.
(General António de Spínola – 27 de julho de 1974)

Descolonização que terminou com o drama vivido em Timor
Leste com a invasão de Timor Leste pela Indonésia a 7 de dezembro de 1975 depois de a 28 de Novembro de 1975, Timor-Leste ter proclamado a sua independência com Xavier do Amaral como Presidente da República e Nicolau Lobato como primeiro-ministro!

Mas a Descolonização ainda voltaria a mostrar a sua importância mais tarde!

Temos pois e para já relacionado com o 25 de abril de 1974 as seguintes datas:

- 04.01.1961, 04.02.1961, 15.03.1961, 12/13 de 1961, 01.07.1970, 27.07.1974 datas centrais no processo de Descolonização e claro que importantes para o processo de Democratização

O certo é que se Spínola recuou face à problemática colonial e sentindo que a sua imagem estava em causa tenta o primeiro golpe anti 25.04.74 com o apoio das extremas direitas portuguesas a 28.09.74, com a fracassada Manifestação da Maioria Silenciosa que leva à sua queda e substituição pelo general Costa Gomes

Eis no 28.09.74, mais uma data essencial no processo revolucionário nascido com o 25.04.74 que caso tivesse levado a uma vitoria spinolista teria empurrado Portugal ou para uma nova ditadura fascista ou para um lentissimo caminho na Democratização

A seguir não é possivel ignorar o 11.03.75 quando o general Spinola tenta mais uma vez controlar o processo e dominar o poder politico falhando rotundamente e gerando mais 3 mortes onde a atual Direita ignora sectária e fanaticamente uma delas por não ser “do seu lado” e como se não fosse português!

Dizem os da História oficial que a 11.03.74 se radicalizou o processo transformando-o PREC, processo revolucionário em curso!

Claro que houve essa tentativa com as forças políticas radicais a pressionarem o MFA para o que entendiam ser a Reforma Agraria e as Nacionalizações

Da Reforma Agraria !

Entre 1975 e 1976 criaram-se cerca de 600 as Unidades Coletivas de Produção (UCP), e no total, foram ocupados mais de 1,1 milhões de hectares de terra (25% da superfície arável de Portugal, parte delas na verdade abandonadas e que os trabalhadores passaram a gerir) .

Mas a 26.01.1988 o jornal "Semanário Económico" noticia o fim da Reforma Agrária, na sequência da reunião do Conselho de Ministros, ao tempo do cavaquistão que aprovará um conjunto de leis sobre o tema o que gerou e a 20 de agosto de 1988, o Governo liderado por Cavaco Silva (PSD) aprovou a nova Lei de Bases da Reforma Agrária, que ficou conhecida como "Lei do Latifúndio".

No entanto a tristemente famosa lei Barreto ja tinha originado mortes a 27 de setembro de 1979!

Assim, António Maria do Pomar Casquinha, 17 anos, e João Geraldo, ou “Caravela”, de 57 anos, ambos trabalhadores rurais foram baleados mortalmente no peito pela GNR – que entretanto, e aquando da aproximação daquele aglomerado de quase mil trabalhadores, solicitara reforços a Vendas Novas e Montemor, elevando para perto de sessenta o número de praças presentes em Vale do Nobre e Florival António Carvalho, de 23 anos, foi também baleado numa perna e ficou gravemente ferido, tendo sido internado de urgência no Hospital de Évora, onde acabaria por ser operado, sobrevivendo.

Tudo num processo de entrega da herdade Vale do Nobre seria entregue a Manuel António Padeira, o agrário que dela tinha sido proprietário durante anos, significando setecentos e treze hectares que desde 1975 e da Reforma Agrária, haviam sido retirados a Padeira e entregues à cooperativa Bento Gonçalves

"Antes da Reforma Agrária, a herdade Vale do Nobre estava completamente ao abandono. O agrário tem na sua posse uma outra herdade, em Alcácer do Sal, com trezentos e um hectares. A própria 'Lei Barreto' afirma que das reservas atribuídas aos antigos proprietários deve ser deduzida área que estava abandonada antes da Reforma Agrária"
Lino de Carvalho, então deputado do PC à Assembleia da República (27 de setembro de 1979) ( in Observador )

Se a Reforma Agrária resultou de um movimento popular numa radicais pcp às nacionalizações têm uma raiz dominantemente salvacionista


Das Nacionalizações / Estatização empresarial


Diz-se que em consequência do chamado Verão Quente, o Estado português tinha-se transformado no maior conglomerado da Europa, no havendo quem dissesse que detinha cerca de 30% do PIB nacional, mas na verdade o VAB das empresas públicas sobre o PIB de 19,8% em 1978, contra 24,7% da Itália e 12,9% da França - embora nestes dois países o Estado não detivesse monopólios de sectores vitais, como a banca.

E é bom realçar que na direitista “Europa dos anos 70, no segundo pós-guerra, as nacionalizações não são um exclusivo da esquerda", lembra Pedro Lains, do Instituto de Ciências Sociais (ICS) e coordenador da HistóriaEconómicadePortugal,1700- -2000.

"Em Portugal tem-se olhado de mais para as motivações ideológicas das nacionalizações. É necessário observar também as circunstâncias concretas da economia que, naquela altura, criaram as condições para que fosse dado esse passo."

A economia portuguesa era antes do 25.04 apesar de já em mudança era caraterizada por ser uma economia capitista de estado inserida num modelo económico politico e social patriarcal mercantilista com forte dependência das decisoes estatistas.

O golpe spinolista do 11 de Março, ao derrotar a Direita veio realçar também a ja evidente degradação do sistema imperial fascista e o Governo de Vasco Gonçalves com o apoio do Movimento das Forças Armadas (MFA) foi empurrado para a estatização das empresas, mas realce-se numa economia que em Portugal não vivia em lógica de economia liberal.

O Estado, era o principal cliente, e o regulador até , lobista na gestão da concorrência interna e externa.

Em Outubro de 1974 começa a ser elaborado o Plano Melo Antunes, a cargo de uma equipa constituída por José Silva Lopes, Rui Vilar, Maria de Lourdes Pintasilgo e Vítor Constâncio, todos da esfera socialista, todos membros do Governo de Vasco Gonçalves plano que crescentemente se mostrava como uma necessidade de fazer face ao agravamento da situação económica, na qual a desagregação do império a movimentação espontaneista revolucionária e o impato do choque petrolífero de 1973 empurravam a economia para a crise total.

"Duas semanas antes do 11 de Março tínhamos discutido em Conselho de Ministros um plano económico razoável e moderado para a economia nacional, apresentado pelo Melo Antunes mas concebido por economistas próximos do PS", contou Mário Soares ao jornalista Dominique Pouchin mostrando ser um programa de compromisso entre a dinamização da iniciativa privada e a passagem para o Estado - apenas em condições muito especiais, como aumentos de capital - de participações de 51% em empresas dos sectores petrolífero, petroquímico, siderúrgico e eléctrico.

A CIP mostrou-se então favorável a este plano criticado então à esquerda. "É um modelo mitigado de intervenção económica, mantendo-se no quadro capitalista", criticaram os comunistas, considerando-o moldado "à entrega do poder à pequena burguesia".

Mesmo assim, Álvaro Cunhal não move qualquer oposição à sua aprovação pelo Governo Provisório, mas os sindicatos controlados pelo PCP lancam uma campanha de estatização das empresas criando um clima de agitação propício à intervenção.

As nacionalizações começaram pelo sector bancário e segurador com excepção das participações estrangeiras a ITT, a Société Générale de Belgique (ligada ao Fonsecas & Burnay na eléctrica CRGE), ou a Compaignie Française des Pétroles (ligada à SONAP), entre outras, ficam fora da intervenção do Estado.

A Jerónimo Martins, por exemplo, devido à participação accionista da Unilever, mantém-se privada e até a CUF perante o cruzamento de capitais com grupos estrangeiros em vinte empresas, só mais tarde é que é nacionalizada.

Com o correr dos meses foram sendo tomados pelo Estado a grande indústria, os transportes públicos, a comunicação social, o sector agrário e, quase sempre por via indirecta, o imobiliário, o turismo e alguns serviços. De fora ficaram sectores e empresas localizados sobretudo no Norte do País, como o têxtil, fortemente dependente da estrutura militar o seu principal cliente, a transformação da cortiça, a refinação de açúcar e a exportação de vinho.

Os patroes pouco habituados à livre contratação colectiva de trabalho olhavam assustados para os resultados da mas sobretudo o terror vinha da queda das exportações quer para as colonias quer para o resto do mundo persnte a crise petrolífera. Os mecanismos de mercado não funcionavam."

Com os custos de produção subitamente mais altos, mesmo assim o período 1973-1984, segundo Pedro Lains, a economia portuguesa até cresceu mais do que a espanhola.

Se Portugal embalara nos anos 60 e o seu PIB atingiu um pico de 11,2% em 1973 com a expansão enorme da economia angolana o primeiro choque petrolífero e da agitação política de 1974-75, da qual as nacionalizações ha uma queda mas em 1976-77, a economia volta a crescer, impulsionado pelo aumento da procura interna que a subida dos salários proporciona.

O crescimento que se fez muito à custa das importações, pois o tecido empresarial portugues era diminuto, levou ao desequilíbrio da balança de pagamentos o que, a partir de 1978, é agravado pelo segundo choque petrolífero.

Lembremos o Decreto-lei nº 203-C/75, de 15 de3 abril, o IV Governo Provisório, através do ministro para o Plano de Coordenação Económica, que definiu o modelo económico que em sintonia com o Conselho da Revolução, e a 16 de abril os Decretos-Leis nºs 205-A, B, C, D, E, F, G/75 (Diário do Governo n.º89, 1ª série) que nacionalizam as empresas: Sacor, Petrosul, Sonap, Cidla, Companhia de Caminhos de Ferro Portugueses, Companhia Nacional de navegação, Companhia Portuguesa de Transportes Aéreos Portugueses, Siderurgia Nacional, Aliança Elétrica do Sul, Companhia Elétrica do Alentejo e Algarve, Companhia Elétrica das Beiras, Companhia Hidroelétrica do Norte de Portugal, Companhias Reunidas Gás e Eletricidade, Companhia Portuguesa de Eletricidade, Elétrica Duriense, Empresa Hidroelétrica do Coura, Empresa Hidroelétrica da Serra da Estrela, Empresa Insular de Eletricidade, Hidroelétrica do Alto Alentejo, Hidroelétrica Portuguesa, Sociedade Elétrica do Oeste e a União Elétrica Portuguesa.

Também a 23 e 24 de abril de 1975 o governo nomeou comissões administrativas para as empresas Indústria Alimentar e Cimentos de Leiria política de intervenção nas empresas pela exoneração dos corpos gerentes e pela nomeação de comissões administrativas que continuou para as empresas rodoviárias.

A segunda fase desta política começou com a nacionalização de empresas da atividade cimenteira (Decreto-Lei n.º221-A/75, Diário do Governo n.º107, 1ª série, 1º suplemento, de 9 de maio de 1975). Continuou com a nacionalização das empresas da indústria de celulose (Decreto-Lei n.º221-B/75) e das sociedades ligadas ao setor dos tabacos (13 de maio). Também o setor dos transportes coletivos de passageiros dos grupos: João Belo, Claras, Cernache, Eduardo Jorge e Transul não escaparam a esta vaga de nacionalizações (Decreto-Lei n.º200-A e C/75, Diário do Governo n.º129, 1ª série de 5 de junho de 1975).

Esta era intervencionista veio a terminar no VI Governo Provisório, presidido pelo almirante Pinheiro de Azevedo, mantendo-se apenas a transferência de propriedades no Alentejo dentro da reforma agrária.

Em 1975, de um momento para o outro, o Estado português viu-se proprietário de 1300 empresas.

O desmantelamento deste setor empresarial do Estado so se iniciou na governação de Cavaco Silva, após a aprovação da "Lei das Privatizações", em 1988, pela mão do então ministro Miguel Cadilhe.


De novo a Descolonização

O Estado entretanto teve de cuidar da inserção de algo entre 500 mil a 600 mil cidadaos portugueses, brancos, mestiços e negros que regressavam para Portugal muitos deles quase sem nada e tendo perdido até contatos familiares

Vale lembrar este sub processo inerente a qualquer descolonização se sobretudo feita com um atraso que vem do findar da II guerra mundial e que nos leva ao período entre maio de 1974 e novembro de 1975 terão saído de Angola para Portugal mais de 300 mil pessoas e 160 mil de Moçambique para Portugal. Muitos portugueses migraram para outros destinos, como a África do Sul, Rodésia, Índia, Brasil, Paquistão, Venezuela, etc. Cerca de 100 500 militares regressaram, em cerca de um ano, a Portugal

O primeiro avião especialmente fretado para evacuar os portugueses de Angola descolou a 13 de maio de 1975 com o Diário de Lisboa (DL) a publicar na capa da sua edição do 14 de maio: “Oitocentos refugiados chegaram a Lisboa” Porém, foi entre agosto e novembro de 1975 que decorreu propriamente a ponte aérea. Foi também em agosto que abriu uma delegação do IARN em Luanda para coordenar as saídas do território e as chegadas a Portugal, e que um terminal aéreo foi aberto na cidade angolana de Nova Lisboa (hoje, Huambo) para acelerar o repatriamento dos Portugueses residentes na imensidão do território angolano.

O medo que houve de ver esta parte da população ser um factor de forte instabilidade não sucedeu apesar de muitas tentativas de a manipular e a instabilidade veio mais por um lado da necessidade para o PCP de segurar a sua base social de apoio incentivada pelos grupos mais radicais e por outro do impato em Portugal das fases terminais das independências, sempre e por cá também bem tensas e obviamente da pressão sovietista para um ambiente social e politico de aceitação da sovietização das ex colónias!

Na verdade o pós 11.11.75, a data da independência de Angola, aponta para uma redução da pressão do PCP ao ponto de após uma negociação política se ter assistido ao esvaziar das movimentações populares de apoio aos paraquedistas o foco dá intervenção da Esquerda mais radical nesta data que se saldou em quase nada no plano institucional com a continuação do VI governo provisório!

No entanto, se a historia oficial é a História dos Vencedores ha o dever de mostrar que o felizmente pouco sangue derramado foi militar e só com três mortes que ao contrário dos direitistas à Moedas merecem todos respeito em especial pela dor vivida pelas famílias

Um triste e ridículo concluir à direitista

E chegamos pois ao tempo do folclore ao tempo das vingançazinhas, enfim ao tempo do tentar manipular a História para manipular os aue não viveram os intensos anos que geraram a hodierna sociedade portuguesa!

Um jovem regressado de Angola hoje lider da IL atraves da líder parlamentar iliberal, Mariana Leitão propôs na última conferência de líderes que o 25 de Novembro de 1975 seja integrado nas celebrações do cinquentenário da revolução dos cravos, ideia que foi claro apoiada por Chega e pelo CDS.

A mesma pediu “a inclusão da celebração do 25 de novembro nas comemorações do cinquentenário do 25 de Abril” e o deputado do CDS-PP Paulo Núncio aflito certamente e na caça ao voto “reiterou o interesse do seu grupo parlamentar na comemoração da referida data no Parlamento, com dignidade” com obviamente o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, a concordar e furioso claro por nao ter sido o primeiro a lembrar-se desse folclore !

A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, “defendeu que o que interessa comemorar é o 25 de abril” e pelo Bloco de Esquerda, Fabian Figueiredo considerou que as duas datas “não são comparáveis” e Pedro Delgado Alves, do PS, lembrou que “a celebração do 25 de novembro não tinha reunido consenso e que o calendário das comemorações estava definido”.

O socialista “admitiu que se podia revisitar a questão, mas não neste momento ou neste contexto”.

O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco “referiu que o momento não parecia adequado para abordar a questão e que ia recolher informação junto do secretário-geral”.

Em outubro do ano passado, em conferência de imprensa, e em sua homenagem lembramos que o ex-presidente do parlamento Augusto Santos Silva, afirmou que os 50 anos da operação militar de 25 de novembro de 1975 estavam fora do programa oficial das comemorações parlamentares do cinquentenário da revolução de 25 de Abril de 1974 e da Constituição de 1976!


E para terminar lembramos o que estas iniciativas querem esconder- os que fora do 25 de abril e ate do 25 de novembro tudo fizeram para levar o país para uma ditadura militar fascista em 1975/6 deixando aqui apontamentos do Esquerda.net

“As consideráveis somas arrecadadas foram doadas pelo patronato português, sobretudo do setor dos transportes, por banqueiros, empresários conterrâneos sediados em Madrid, como Manuel Queiroz Pereira e Manuel Bulhosa, e também pelas comunidades portuguesas sediadas nos Estados Unidos, no Canadá e na África do Sul. A Igreja Católica no norte do país, por via do cónego Eduardo Melo, também teve um peso considerável no financiamento do MDLP. E os seus operacionais, segundo testemunhos diretos, beneficiaram da cumplicidade de elementos da PSP e da GNR. De acordo com alguns autores, Spínola terá ainda chegado a contar com o apoio da Central Intelligence Agency (CIA) e da ditadura brasileira.

…. E retomemos , “Todos nós, portugueses, sabemos o que é esse cancro: são as organizações comunistas e os militares comunistas de Lisboa. E são as ramificações e canais que estendem pelo país: os seus núcleos, as suas sedes, as suas comissões, os seus centros de trabalho, as ‘campanhas de dinamização’”, referia um panfleto do movimento terrorista.

Das fileiras do MDLP constavam elementos da PIDE/DGS, legião portuguesa, antigos combatentes, militares de carreira que discordavam da descolonização, mercenários de organizações de extrema-direita e criminosos de várias índoles. Assim como militantes de vários partidos de extrema-direita ilegalizados depois da primeira tentativa de golpe contrarrevolucionário, principalmente do Movimento Federalista Português. José Miguel Júdice, Fernando Pacheco de Amorim, Diogo Pacheco de Amorim, José Valle de Figueiredo, António Marques Bessa, Manuel Queirós Pereira são disso exemplo.”

… e continuemos “Para esse efeito, o MDLP não se coibiu de se juntar a outras forças terroristas, como é o caso do Exército de Libertação de Portugal (ELP), de Agostinho Barbieri Cardoso, ex-subdiretor-geral da PIDE/DGS, ou do Plano Maria da Fonte, de Jorge Pereira Jardim, ex-secretário de Estado de Salazar e ex-administrador do grupo Champalimaud. Bem como de organizações terroristas internacionais.

A maioria dos dirigentes do MDLP, entre os quais Diogo Pacheco de Amorim, hoje vice-presidente da Assembleia da República, nomeado pelo Chega, estava sediada em Madrid. Pacheco de Amorim é o autor de um conhecido hino de extrema-direita, o Ressureição, escrito durante o tempo que passou na capital espanhola: “E já ardem bandeiras vermelhas/ Nos campos há gritos de guerra / Nas trevas da noite há centelhas / Das Rosas em festa da terra”, lê-se na letra do hino.

A história do MDLP ficou marcada por violência, negócios de armas obscuros, pelas mãos de Alpoim Calvão, e assassinatos. Entre agosto e outubro de 1975, sedes de forças políticas de esquerda, principalmente do PCP, no norte de Portugal foram alvo de ataques do MDLP. A Polícia Judiciária Militar contabilizou ainda, somente na zona da Figueira de Castelo Rodrigo, 65 incêndios de origem criminosa, cuja responsabilidade foi atribuída ao ELP e MDLP.
No livro Quando Portugal Ardeu, o jornalista Miguel Carvalho escreve que “os vários ‘exércitos’ da contrarrevolução, alguns avulsos, foram responsáveis por 566 ações violentas no país entre maio de 1975 e abril de 1977, uma média de 24 atos de terrorismo por mês, quase um por dia, causando mais de 10 mortes e prejuízos incalculáveis no património de vítimas e instituições”.
“Os partidos de esquerda, como o PS, com o PCP à cabeça, foram os alvos preferenciais de quase 80% das bombas incendiárias, espancamentos, apedrejamentos e atentados a tiro”, acrescenta o autor.”

O caso do padre Max

“A 2 de abril de 1976, o padre Maximino Barbosa de Sousa, de 32 anos, e a estudante Maria de Lurdes Correia, de 18 anos, foram assassinados num atentado à bomba em Cumieira, concelho de Vila Real. Só 23 anos depois, na sequência de um longo processo judicial, a Justiça atribuiu as responsabilidades ao MDLP, sem, no entanto, condenar nenhum dos executantes ou responsáveis. Antes do seu bárbaro assassinato, o padre Max, como era conhecido, era já alvo de inúmeras ameaças, na medida em que que não se coibia de denunciar os abusos dos patrões, as ações da extrema-direita e as suas ligações à Igreja Católica.
Vinte dias após o assassinato do padre Max, a 22 de abril, dois cubanos, Adriana Corço Callejas e Efrén Monteagudo Rodríguez, morreram num atentado terrorista contra a Embaixada de Cuba em Lisboa, e mais de uma dezena de pessoas ficaram feridas. O crime foi reivindicado pelo Movimento Anticomunista Português (MAP), que mantinha ligações com o MDLP.
Já a 21 de maio de 1976, um ataque bombista dirigido ao operário têxtil e sindicalista António Teixeira vitimou a sua esposa, Rosinda Teixeira, em São Martinho do Campo, Santo Tirso. O atentado, encomendado pelo comendador Abílio de Oliveira, um dos maiores industriais têxteis da região, foi da autoria de três operacionais, entre eles Ramiro Moreira, membro do MDLP. Ramiro Moreira foi condenado a 21 anos de prisão, mas fugiu para Espanha sem cumprir a pena. Regressou a Portugal, anos mais tarde, graças a um indulto assinado em 1991 pelo presidente da República Mário Soares.
“António Teixeira, marido de Rosinda, a vítima mortal na noite fatídica de maio de 1976, começara a trabalhar para ele [esse empresário] em 1949 e notara a grosseria dos modos, os maus-tratos aos empregados, o assédio sexual às operárias. ‘Ele chamava ao gabinete as que lhe interessavam, mas muitas não lhe davam hipótese. Chegava a agredi-las à chapada na frente de toda a gente’, ilustra Nélson Teixeira [filho da mulher assassinada], a partir de histórias escutadas ao pai e a outros empregados. O descaro incluía mulheres grávidas e casadas, ouvir-se-ia mais tarde em tribunal”, relata Miguel Carvalho em Quando Portugal Ardeu.”

Isto descrito acima pelo Esquerda.net é o que esta colagem a um 25 de novembro que desconhecem parece quererem esconder.

Joffre Justino

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Foto de destaque: IA; A imagem criada representa visualmente a discussão em torno da complexidade da Revolução dos Cravos e o período subsequente em Portugal, enfatizando a intersecção entre o 25 de Abril de 1974 e o 25 de Novembro de 1975. Ela captura a essência de um país em transição, simbolizando tanto a luta pela liberdade quanto a construção da democracia, através de elementos icônicos e uma paisagem que remete à identidade portuguesa.