A indústria da publicidade digital está cada vez mais consciente do seu impacto ambiental e das exigências regulatórias que a pressionam a adotar práticas mais sustentáveis.

O relatório "State of Readiness – Sustainability in Digital Advertising 2025", elaborado pelo IAB Europe, revela que a sustentabilidade já é a segunda maior preocupação do setor, ficando atrás apenas da medição de resultados.

Mas será que a indústria está realmente pronta para enfrentar o desafio? O estudo, que recolheu dados de 102 empresas do ecossistema publicitário digital em 29 mercados, aponta progressos significativos, mas também obstáculos persistentes, como a falta de padrões claros, educação e transparência.

O avanço da sustentabilidade na publicidade digital

Nos últimos dois anos, a publicidade digital viu emergir um novo segmento focado na quantificação e redução do impacto ambiental dos anúncios. Empresas do setor passaram a medir as suas emissões de gases de efeito estufa (GEE), definir metas baseadas em ciência e divulgar informações ambientais aos clientes. Os dados do relatório indicam que:

  • Sustentabilidade é vista como essencial: 74% das empresas consideram a sustentabilidade um componente vital do modelo de negócio, uma mudança face a anos anteriores, quando era encarada como uma ameaça.
  • Metas ambientais ganham espaço: 43% das empresas já definiram ou estão a definir metas de redução de emissões alinhadas com a iniciativa Science-Based Targets (SBTi).
  • Monitorização das emissões cresce: Cerca de 50% das empresas já estimam as emissões de anúncios digitais, o dobro do valor registado no ano passado.
  • Novas prioridades emergem: Além das preocupações ambientais, a diversidade, equidade e inclusão ganharam importância, com 30% dos participantes a destacarem a sua relevância.

Desafios persistentes: regulamentação, padrões e educação

Apesar dos avanços, a publicidade digital ainda enfrenta barreiras consideráveis para tornar-se verdadeiramente sustentável. O relatório destaca que:

  • Falta de padrões e regulamentação: 81% dos participantes consideram a ausência de normas claras um entrave à sustentabilidade do setor.
  • Carência de conhecimento técnico: 82% apontam a falta de educação sobre sustentabilidade como um problema crítico.
  • Pressão regulatória e de mercado: Enquanto a responsabilidade social corporativa continua a ser a principal força motriz da sustentabilidade, o cumprimento de regulamentações superou as exigências dos clientes, tornando-se o segundo maior fator impulsionador.

Além disso, muitos profissionais do setor ainda não veem um caso de negócio convincente para investir em práticas sustentáveis, especialmente num contexto económico instável.

Soluções e próximos passos

Para enfrentar estes desafios, a indústria propõe várias estratégias:

  1. Desenvolvimento de padrões globais para medição e redução do impacto ambiental.
  2. Investimento em educação para que profissionais compreendam melhor o impacto ambiental da publicidade digital.
  3. Transparência e verificação externa das emissões para garantir credibilidade e evolução contínua.
  4. Adoção de ferramentas tecnológicas que minimizem o consumo energético e reduzam emissões.

Especialistas destacam que, apesar dos desafios, o setor está a avançar no sentido certo. Estelle Reale, CMO da DK, afirma que "o crescimento das auditorias ambientais, das divulgações de impacto e das ofertas de baixo carbono demonstra que a mentalidade está a mudar".

O caminho para um futuro sustentável

A publicidade digital não pode mais ignorar o seu impacto ambiental. O relatório de 2025 evidencia que o setor está a evoluir, mas ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar uma sustentabilidade real e duradoura. Para que isso aconteça, será fundamental a colaboração entre empresas, governos e consumidores na busca por soluções inovadoras.

A sustentabilidade na publicidade digital deixou de ser uma tendência e tornou-se uma necessidade. Se quer acompanhar estas mudanças e fazer parte da transformação do setor, subscreva o Séc. XXI – o jornal independente que valoriza a sustentabilidade ativa, a liberdade e a solidariedade.