A pressão exercida por Marcelo sobre os intervenientes políticos e a sua presença constante nos processos decisórios levantam críticas e põem em causa o respeito pelo equilíbrio institucional que lhe é exigido [oai_citation:5,Presidente da República convoca Conselho de Estado para discutir situação económica e financeira – Observador](https://observador.pt/2024/09/08/presidente-da-republica-convoca-conselho-de-estado-para-discutir-situacao-economica-e-financeira/) [oai_citation:4,Conselho de Estado reúne-se hoje em contexto de negociações orçamentais - Impala](https://www.impala.pt/noticias/politica/conselho-de-estado-reune-se-hoje-em-contexto-de-negociacoes-orcamentais/).
Marcelo não escondeu as suas motivações, admitindo recentemente que tem exercido influência e pressão sobre os diferentes partidos para garantir a aprovação do OE. Esta postura já tinha sido demonstrada antes, quando ameaçou convocar um novo Conselho de Estado para discutir o orçamento logo após a sua entrega na Assembleia da República. Estas ações tornaram-se recorrentes desde que o PSD/CDS-PP, num governo minoritário liderado por Luís Montenegro, assumiu funções. A repetição destes movimentos por parte do Presidente cria a impressão de que o Conselho de Estado se tornou uma ferramenta de intervenção política em vez de um órgão de aconselhamento ponderado.
O mais paradoxal é que este é o mesmo Presidente que, no passado, desempenhou um papel decisivo na queda de dois governos. Foi Marcelo quem, com a sua capacidade de manobra política e influência nos bastidores, desestabilizou executivos anteriores em momentos críticos. No entanto, hoje, quando a estabilidade política parece ser uma preocupação central do seu discurso, ele surge como o maior desestabilizador do panorama político nacional. Entre declarações públicas e reuniões estratégicas, a sua atuação tem alimentado tensões e incertezas em vez de promover consensos.
Se é realmente do interesse nacional garantir a estabilidade, o Presidente deveria focar-se no seu papel moderador, em vez de agir como protagonista de um cenário político que se tem tornado cada vez mais volátil e imprevisível. Ao fim e ao cabo, a estabilidade não se constrói com pressões nos bastidores, mas com respeito pelos limites institucionais e pela autonomia dos órgãos de soberania. E neste momento, o maior desafio para a estabilidade política portuguesa parece vir de quem mais deveria garanti-la.
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