Macamo foi questionada em Nova Iorque sobre a audiência que tratará do fim do mandato do país como membro não permanente do Conselho de Segurança e outros temas.

Durante várias semanas, grupos maioritariamente compostos por jovens, saíram às ruas com cartazes e bloquearam várias vias de acesso a pontos estratégicos do país, prejudicando a circulação. Dezenas de pessoas perderam a vida em ações envolvendo as forças de segurança.

“O que nós temos pedido aos amigos é que nos ajudem usando a sua advocacia e a sua influência para que, efetivamente, serenemos os ânimos. Eu penso que o papel mais importante é dos moçambicanos. Eles têm de se olhar como irmãos, pensar que Moçambique é sua pátria e devem estar unidos. Só unidos é que podemos vencer e trabalhar para que Moçambique continue a crescer.  Estamos com situações que nos preocupam porque há destruições, queima em estradas, de ambulâncias e de esquadras. São coisas em que agora, por exemplo, em que nos encontramos em alguma acalmia, as pessoas estão a precisar daquilo que queimaram.”

As Nações Unidas disseram recentemente que seu pessoal local vem acompanhando de perto a situação pós-eleitoral e dialogando com as autoridades moçambicanas.

O secretário-geral apelou aos moçambicanos, incluindo os líderes políticos e os seus apoiantes, a manterem a calma, exercerem moderação e “rejeitarem todas as formas de violência antes do anúncio oficial dos resultados eleitorais”.

As manifestações em contestação à integridade das eleições seguem-se a relatos de irregularidades no processo em que, segundo a Comissão Nacional de Eleições, foi eleito o candidato do partido no poder, Daniel Chapo.

“As coisas vão andar bem. Eu tenho esperança de que todos somos moçambicanos e filhos da mesma terra. Eu tenho a esperança de que efetivamente, no fim do dia, nós vamos encontrar uma solução que nos permita avançar, mas começando por lei. A lei eleitoral tem que ser usada. Eu acredito que o Conselho Constitucional está a utilizar a lei. Agora, sobre as outras coisas teremos de sentar-nos. Se há diferenças vamos sentar-nos como sempre fizemos.”

O Conselho Constitucional deverá se pronunciar sobre a validação dos resultados das eleições gerais de 9 de outubro até à próxima segunda-feira.

A deliberação do equivalente a um Tribunal Eleitoral será dada após a divulgação dos resultados do pleito feita em finais de outubro pela Comissão Nacional de Eleições.

A ministra moçambicana ressaltou a importância da colaboração com a ONU e avaliou positivamente o papel desempenhado pelo país como membro não-permanente do Conselho de Segurança.

“Vamos passar em revista as relações entre as Nações Unidas e Moçambique, que têm sido muito boas. Houve muita ajuda e muita colaboração no âmbito dos desafios que Moçambique tem. Mas também teremos a oportunidade de agradecer ao secretário-geral por todo o apoio que concedeu a Moçambique e à missão que representa o país aqui em Nova Iorque, nas Nações Unidas. Vamos efetivamente aproveitar conversar com um e outro, porque as pessoas deram sua contribuição.  Mas também vamos aproveitar facilitar à equipa, porque no trabalho temos vindo a fazer sentimos que houve muita entrega, trabalho abnegado e muito sacrifício. Hoje podemos chegar aonde chegamos embora e dizer que estamos a terminar o nosso mandato de cabeça erguida. Isso não é dito por nós, mas, modéstia à parte, é dito por todas as pessoas que têm falado conosco.”

O primeiro mandato de Moçambique como membro eleito do Conselho de Segurança começou em 2024. O país obteve 192 votos como candidato único da África contando com o apoio dos 53 Estados-membros da União Africana.