Não grita, não dramatiza, não personaliza. Argumenta. E essa qualidade é, cada vez mais, uma raridade.
Foi essa mesma postura que voltou a marcar presença no programa Jogo Político, num episódio que, mais do que um debate, se tornou num retrato do estado emocional da política portuguesa.
O foco não está em repetir se Bruno Dias tinha ou não razão nas críticas ao pacote laboral do Governo — isso transpareceu por si. O essencial está noutro lado: na forma como reagiu ao comportamento descontrolado do seu opositor, que rapidamente resvalou para interrupções constantes, tom agressivo e insultos gratuitos. Uma reacção histérica que expõe, sem máscara, a fragilidade de quem não consegue sustentar argumentos com substância.
A falta de preparo para defender um pacote laboral injusto levou o adversário por um caminho conhecido nesta governação: levantar a voz, teatralizar indignação, usar a provocação como técnica. É o mesmo padrão emocionalmente turbulento que se tem visto em figuras do Governo, incluindo a própria ministra que, com um sorriso forçado, não hesita em desvalorizar greves, trabalhadores e até membros do seu próprio partido.
Bruno Dias recusou esse jogo. Não entrou no circuito emocional do adversário. Não retribuiu a agressividade. Manteve-se firme, tranquilo, com aquela compostura olímpica que não é frieza: é força. Uma força que desmonta o ruído e torna evidente aquilo que estava em causa — a incapacidade profunda de defender políticas que fragilizam ainda mais a justiça social.
Ao manter-se impassível perante a histeria, Bruno Dias ensinou — na prática — como se deve estar num debate interpartidário: preparado, firme, calmo e imune ao estilo provocatório que se tornou moda em certos sectores da direita.
Num tempo em que muitos confundem liderança com gritos e política com espetáculo, Bruno Dias lembrou que a democracia vive do argumento, não da agressão; da postura, não do volume; da serenidade, e não do ruído.
E a verdade é esta: quando alguém mantém a cabeça no lugar, desmonta por inteiro quem a perde.