E por isso desafiou-o a tomar uma posição e a chamar à ordem o embaixador estadunidense para transmitir que Portugal “não aceita ingerências”.

“Não houve, até agora, uma tomada de posição por parte do Governo português, do Estado português, relativamente a esta ingerência (...). O embaixador dos EUA deveria ser chamado pelo Governo para lhe ser transmitida a posição oficial do Governo português de que Portugal é uma república soberana que não aceita ingerências na sua política científica ou em qualquer área soberana e da nossa governação”, declarou  Mariana Mortágua aos jornalistas após uma reunião com o diretor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), Hermenegildo Fernandes, de Lisboa nem face do questionário enviado a várias universidades portuguesas pelo Governo estadunidense com perguntas sobre “ideologia de género”, ligações a organizações terroristas ou “agendas climáticas”.

Mariana Mortágua afirmou que os EUA acham que “têm o direito, como se estivessem a tratar das suas colónias, de decidir o que é que as universidades portuguesas podem ou não podem investigar”, ressalvando que nem o Estado português o faz, uma vez que o ensino superior em Portugal tem “autonomia relativamente às suas escolhas académicas”.

A bloquista elogiou pois  a resposta dos reitores das universidades portuguesas, classificando como “exemplar” de rejeição de “ingerências na autonomia científica e académica”, mas acrescentou que é o Estado português “quem tem o dever de proteger a autonomia das universidades em Portugal”.

Mortágua disse que o diretor da FLUL transmitiu-lhe que não teve qualquer “comunicação direta com o Governo” e não teve da parte do Executivo “qualquer contacto na sequência deste inquérito” enviado pela embaixada norte-americana.

A líder do BE abordou ainda nesta reunião as condições dos investigadores portugueses nos Estados Unidos, referindo que “estão a ser alvo de perseguição” e a ser “ameaçados com a retirada dos seus ‘visas’ (vistos) e perseguidos politicamente pelas suas visões políticas”.

“Foi-nos confirmado esta enorme incerteza e desconforto que existe dentro das Universidades estadunidenses pela política de censura de Donald Trump face à Academia, proibindo, por exemplo, ou querendo impedir investigação em alterações climáticas”, disse.