"Não faz sentido uma manifestação contra os imigrantes", principalmente no dia em que a "Igreja mostra a sua compaixão e compreensão por quem é migrante", afirmou à Lusa Eugénia Quaresma.
"Estamos num tempo em que se procura instrumentalizar politicamente as migrações" e "temos de olhar para as pessoas na sua humanidade, para aqueles que acolhem e aqueles que não conseguem continuar nos seus países", afirmou.
"Não nos devemos assustar com os números", porque "só é possível construir uma sociedade mais coesa e mais humana com os imigrantes, refugiados, e estudantes internacionais", afirmou, recordando a mensagem do Papa Francisco para domingo: "Deus caminha com o seu povo".
A Igreja recomenda aos cristãos que "olhem para o potencial do imigrante como pessoa de fé, como pessoa completa" e não apenas um instrumento económico.
Para Eugénia Quaresma, "há um profundo desconhecimento daquilo que é o magistério da Igreja quanto aos imigrantes, que defende a inclusão e não a exclusão".
Até porque, acrescentou", "sem imigrantes, a economia parava".
Os políticos deveriam "promover a dignidade das pessoas e dos pobres e a liberdade para que as pessoas possam escolher ficar num país ou noutro", afirmou a dirigente católica, recusando a ideia de que "quem precisa de emigrar é um criminoso".
Por outro lado, "a diversidade é um dom, as migrações ajudam-nos a crescer como Igreja, somos chamados a dialogar com diferentes culturas, a dialogar com diferentes religiões, e isso é positivo, porque somos chamados a ser construtores de pontes", acrescentou.
"Só partir das nossas diferenças podemos ser melhores, temos de aprender com os outros", disse ainda Eugénia Quaresma.
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