Os cheganos criticaram esta terça-feira, 19.09, o PSD, por propor acordos ao Governo em matéria fiscal, enquanto a Iniciativa Liberal classificou de infantil a moção de censura apresentada por este partido, mas la vai votá-la a favor.
Na primeira ronda de oito perguntas ao primeiro-ministro – a que António Costa optou por responder em conjunto no final -, André Ventura alargou a sua censura ao PSD, criticando os sociais-democratas por se absterem na moção de censura que propôs.
“Eu ouvi bem, um pacto com o PS para descer os impostos, com este Governo aqui? Com este primeiro-ministro não há pactos, é uma coça até eles saírem dali. Digo coça de forma não ofensiva, coça política”, afirmou o líder do Chega, depois de o PSD ter reiterado o repto ao Governo para um entendimento na descida do IRS dos jovens para as próximas décadas.
Também as eleições regionais da Madeira do próximo domingo, 24.09, chegaram ao debate da moção de censura, com Ventura a alertar que estes eleitores poderão não estar “muito de acordo” com a posição do PSD.
Pela IL, o ex-líder João Cotrim Figueiredo que colocou Rui Rocha na retaguarda do grupo, considerou a moção do Chega como “um bocado infantil”,
“Pretende mais uns minutinhos de televisão e marcar mais uns pontos na suposta liderança da oposição. Com este debate de hoje, já não haverá debate quinzenal para a semana, com jeitinho o primeiro-ministro invoca falta de agenda e só volta cá em dezembro”, criticou.
O ex-líder da IL também não esqueceu a campanha eleitoral da Madeira, acusando o cabeça de lista do Chega na Região de ter dito “estar disponível para entendimentos” com o PS, com a bancada do Chega a responder de imediato: “O vosso, o vosso”.
Esta reposição do atual líder da IL, Rui Rocha, na segunda fila por Cotrim Figueiredo (? Haverá crise entre os iliberais!’?), justificou o voto a favor da moção de censura do Chega para evitar “uma das duas birras favoritas” de André Ventura.
“Ou de fanfarronice, ‘eu é que sou o líder da oposição’, ou a birra do Calimero, ‘ninguém vota as nossas propostas'”, ironizou.
João Cotrim Figueiredo lembrou ainda que, em janeiro, a IL apresentou uma moção de censura ao Governo por entender que este é incompetente… não explicando as diferenças claro e assim la se explicam, “Continua a ser verdade, por isso cá estamos em coerência a votar em conformidade. Queremos um Governo novo e queremos o Chega longe desse Governo”, afirmou.
Já o primeiro-ministro António Costa assumiu esta terça-feira que a moção de censura chegana ao Governo representa um sucesso na medida em que embaraça o PSD e arrasta a IL, mas defendeu que estes “exercícios mediáticos” dizem zero aos portugueses.
Esta posição foi transmitida por António Costa logo na parte na parte inicial do seu discurso no debate parlamentar da moção de censura ao Governo apresentada pelos cheganos, em que observou que o partido liderado por André Ventura, em cada sessão legislativa, recorre a este instrumento regimental e constitucional.
“Duas sessões legislativas, duas moções de censura”, mas “o que quer verdadeiramente o Chega com estas moções de censura? Desafiar os seus parceiros da direita”, sustentou o líder do executivo.
De acordo com o primeiro-ministro, na medida em que desafia o PSD e a Iniciativa Liberal, “a moção de censura foi um sucesso”.
“Embaraçou o PSD e leva de arrasto a Iniciativa Liberal. Mas estes exercícios, que entretêm a bolha política e mediática, dizem zero aos portugueses”, declarou António Costa.
Antonio Costa referiu medidas do Governo na saúde, na habitação e, em termos globais, para fazer face aos efeitos da inflação.
E repetiu que, no Conselho de Ministros de quinta-feira, o Governo vai aprovar “uma medida que permitirá a redução e estabilização por dois anos do montante da prestação mensal [do crédito à habitação], assim garantindo previsibilidade e tranquilidade na vida das famílias”.
Para as famílias que vivem em casas arrendadas, de acordo com o primeiro-ministro, “para além do teto ao aumento de renda em 2023”, foi criado um “subsídio de renda que apoia mensalmente 185.000 famílias”, um universo que “será alargado”.
Também na área da habitação, advogou que há “uma meta concreta e um calendário conhecido: aumentar a oferta pública de habitação em 32.800 fogos, até 31 de dezembro de 2026”.
“Não descobrimos agora que a habitação é uma prioridade, nem começámos a casa pelo telhado”, advertiu.
No combate à pobreza, na perspetiva do líder do executivo, “desde 2015, 660 mil pessoas libertaram-se da situação de pobreza ou exclusão social”.
“Entre 2015 e 2022 a remuneração média dos trabalhadores aumentou 26% e o salário mínimo cresceu mais que 50%. Simultaneamente, o rendimento líquido das famílias aumentou por via da redução do IRS, da gratuitidade dos manuais escolares e das creches ou da redução dos passes dos transportes públicos”, assinalou.
No final do seu discurso, numa parte mais política da sua intervenção, o primeiro-ministro defendeu que, “nas grandes questões nacionais, governos e oposições estão de acordo quase sempre na identificação dos problemas”.
“O que nos distingue é a ação perante o problema. O Governo foca-se em soluções, o Chega fica parado nas confusões. E enquanto a oposição pára, o Governo avança e Portugal progride”, declarou já na parte final da sua intervenção.
“Um mandato para transformar o país, resolvendo os problemas das pessoas, sem perturbações do ruído que muitos querem trazer para a vida política.
Quando aos grandes desafios estratégicos, da demografia, das alterações climáticas, da transição digital, da redução das desigualdades se somam as incertezas de uma guerra na Europa, uma crise inflacionista, um brutal crescimento das taxas de juro, o que faz falta é determinação estratégica, resposta aos problemas e governar com serenidade a pensar nas pessoas. É o que estamos a fazer”, acrescentou.
Sim, na realidade esta moção de censura é imposta pela falta de imaginação na busca de soluções entre esta extrema direita lusa …
Joffre Justino
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