26 Setembro, 2023

Estrategizando

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Os ‘iliberais’, a Liberdade e a Política: Uma Reflexão à Luz de Mário Vargas Llosa

Artigo de opinião de Joffre Justino

IL com os cheganos… normalissimo!

Joffre Justino

“Constituição da República Portuguesa
PARTE III – Organização do poder político TÍTULO IV – Governo

CAPÍTULO II – Formação e responsabilidade

Artigo 194.º – (Moções de censura)
1. A Assembleia da República pode votar moções de censura ao Governo sobre a execução do seu programa ou assunto relevante de interesse nacional, por iniciativa de um quarto dos Deputados em efectividade de funções ou de qualquer grupo parlamentar.        
2. As moções de censura só podem ser apreciadas quarenta e oito horas após a sua apresentação, em debate de duração não superior a três dias.        
3. Se a moção de censura não for aprovada, os seus signatários não podem apresentar outra durante a mesma sessão legislativa.”

Dizer-se liberal não significa ser-se liberal e nada como ir buscar uma reflexão de um bem criticado liberal, Mário Vargas Losa, O que Significa Ser Liberal para se poder entender o como a IL tem de tudo menos liberalismo, à exceção do que a classifica realmente o Tatcher-Reagan neo liberalismo!

Joffre Justino

Há liberais, por exemplo, que acreditam que a economia é o âmbito onde se resolvem todos os problemas e que o mercado livre é a panaceia que soluciona tudo: desde a pobreza até ao desemprego, à marginalidade e à exclusão social. Esses liberais, verdadeiros logaritmos de carne e osso, causaram por vezes mais dano à causa da liberdade do que os próprios marxistas, os primeiros proponentes da tese absurda de que a economia é a força motora da história das nações e a base da civilização. Mas isso não é verdade.

O que diferencia a civilização da barbárie são as ideias, a cultura, não a economia. A economia por si só, sem o apoio das ideias e da cultura, pode produzir ótimos resultados no papel, mas não dá sentido à vida das pessoas; não oferece aos indivíduos razões para resistirem à adversidade e permanecerem unidos em compaixão, nem lhes permite que vivam num ambiente permeado pela humanidade.

É a cultura, um corpo de ideias, crenças e costumes partilhados – entre os quais, desde logo, se pode incluir a religião –, aquilo que dá calor e vivifica a democracia e que permite que a economia de mercado, com o seu caráter competitivo e a sua fria matemática de prémios para o êxito e castigos para o fracasso, não degenere numa darwiniana batalha na qual – nas palavras de Isaiah Berlin – “a liberdade dos lobos é a morte dos cordeiros”.

O mercado livre é o melhor mecanismo que existe para produzir riqueza e, se bem complementado com outras instituições e usos da cultura democrática, faz disparar o progresso material de uma nação aos vertiginosos avanços que conhecemos. Mas é também um mecanismo implacável que, sem essa dimensão espiritual e intelectual que representa a cultura, pode reduzir a vida a uma feroz e egoísta luta na qual só os mais fortes sobreviveriam.

… ….. ….

Pois bem, o liberal que eu tento ser acredita que a liberdade é o valor supremo, já que, graças a ela, a Humanidade conseguiu viajar da caverna primitiva até às estrelas e à revolução informática, conseguiu progredir das formas de associação coletivista e despótica até à democracia representativa.

Os fundamentos da liberdade são a propriedade privada e o Estado de Direito, o sistema que garante as menores formas de injustiça, que produz maior progresso material e cultural, que mais efetivamente impede a violência e que mais respeita os direitos humanos.

Para essa conceção do liberalismo, a liberdade é um conceito unificado. A liberdade política e a liberdade económica são tão inseparáveis como a cara e a coroa de uma moeda. Por assim não a terem entendido, tantas vezes fracassaram as tentativas de democracia na América Latina, ou porque as democracias que começavam a despontar das ditaduras respeitavam a liberdade política mas rejeitavam a liberdade económica, o que, inevitavelmente, produzia mais pobreza, ineficiência e corrupção, ou porque se instalavam governos autoritários, convencidos de que apenas um regime de mão firme e repressora podia garantir o funcionamento do mercado livre.

Esta é uma perigosa falácia. Nunca assim foi e, por isso, todas as ditaduras latino-americanas “desenvolvimentistas” fracassaram, pois não há economia livre que funcione sem um sistema judicial independente e eficiente, nem reformas que tenham êxito se forem empreendidas sem a fiscalização e a crítica que só a democracia permite. Quem acreditava que o general Pinochet era a exceção à regra, porque o seu regime obteve alguns êxitos económicos, descobre agora, com as revelações sobre os seus assassinatos e torturas, sobre contas secretas e milhões de dólares no estrangeiro, que o ditador chileno era, tal como todos os seus congéneres latino-americanos, um assassino e um ladrão.

Umas citações tornam os textos longos e dizem até que chatos, mas na verdade auxiliam a clarificar as razões também destas coligações de conjuntura entre um partido de fascio-ultraconservadores, os cheganos, é um partido “fresco” de verniz feito à marketeer de café que se inventa retomando uma das tradições políticas portuguesas, o Liberalismo, acrescentando atrás da palavra um i que dizem de iniciativa mas que se mostra de anti !

Por isso, no Estrategizando, os assumimos como o que são – iliberais !

À século XXI claro, onde o autoritarismo já não se coaduna com o serôdio dizer – Deus, Pátria e Família – mas sim com um “ a minha liberdade não tem limites indo até ao anular o outro”, indivíduo especial que sou, acima dos outros!

Por isso nada de máscaras para proteger os outros do covid, por isso nada de reconhecer um combatente da Liberdade, Lula da Silva e sim preferir quem já proibiu 11 partidos e se recusa a fazer eleições no seu país a não ser que os ditos ocidentais as paguem, esse sr Zelensky tão primo do sr Putin que se mostra até pior que ele!

Entendamos que os proto fascios cheganos são o que são – uns ansiosos do regressar ao deuspatriafamilia cerejeirasalazarento e aos 60 km de autoestrada em 48 ano (aquele desenvolvimento!!), outros democrataconservadores que sempre conviveram debaixo da alçada policial repressiva salazarenta sem grande dor – mas vemo-los no contexto de um exemplo pedagógico a ver se não repetimos 28’s de maio de 1926!

E claro sendo eleitos podem apresentar as moções de censura que a lei lhes permite e fazendo-a em cima do início do ano escolar, desculpem, parlamentar, que bom (!), durante um ano não os aturamos mais !

Já os iliberais esses se têm claro todo o direito de asneirar com o escolhido parceiro mostram bem como se quedam entre o que Vargas Llosa define como “Esses liberais, verdadeiros logaritmos de carne e osso, causaram por vezes mais dano à causa da liberdade do que os próprios marxistas”!

Claro sendo marxista sou-o na perceção da compreensão histórica das mutações sócio políticas e na visão do papel das relações sociais de produção mais evolução tecnológica e não me bloqueio numa visão obreirista das mutações sociais dado que a essência da luta social hoje se centra entre as comunidades pobres e em desenvolvimento versus as comunidades engordadas à custa da pobreza e do subdesenvolvimento gerado !

E assim a luta político social, o motor essencial da Mutação Histórica, hoje visiona-se entre os BRICS e esse estadunidense ocidente, onde a Ucrânia não é um somente campo de batalha mas sobretudo de propaganda e de enquadramento dos “nossos” contra os “outros” !

Ainda podemos, esperando que Biden seja derrotado por entre o partido Democrático, ( duvidoso mas enfim..) e assim caia no caixote do lixo da História estacguerra eslava e, assim, ver o fim do poder unipolar e o nascer de uma globalização multipolar, onde com o PR Lula da Silva, a Língua Portuguesa reganhe um papel importante e não este grau subsidiário onde mal sobrevive que os iliberais ( e não só…), tanto gostam !

E tudo porque 7 milhões de cidadãos da UE falam inglês a UE tem a desculpa de pôr como língua dominante para 400 milhões esse mesmo inglês ? … eis a globalização unipolar no seu melhor para gosto dos iliberais !

Porque mais grave que votar com os cheganos está esta anglo dependência cultural grave como o liberal Vargas Llosa o mostra acima !

Joffre Justino

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