26 Setembro, 2023

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O Beijo Forçado e a Lição Contra o Assédio no Mundo do Desporto

Numa reviravolta dramática, o agora ex-presidente da Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales, anunciou no domingo a sua renúncia, três semanas após o polémico beijo que deu à jogadora internacional espanhola Jenni Hermoso ter ofuscado a primeira vitória de Espanha na Copa do Mundo Feminina.

Este evento, que transcendeu fronteiras e campos desportivos, gerou uma controvérsia sem precedentes. O beijo, transmitido globalmente durante a cerimónia de premiação após a vitória de Espanha sobre Inglaterra, foi dado sem o consentimento da jogadora, Jenni Hermoso.

Esta situação chocante levanta uma questão fundamental: por que o assédio e o machismo não podem mais ter lugar neste mundo?

O caso de Luis Rubiales é uma lição contundente sobre a importância de combater o assédio e o machismo em todas as esferas da sociedade, incluindo o desporto.

Rubiales já havia sido temporariamente suspenso do seu cargo pela FIFA por seu comportamento na final e, mesmo após a abertura de um processo disciplinar, permaneceu desafiador e hostil com relação às críticas.

No entanto, o momento mais sério ocorreu quando procuradores do estado espanhol o acusaram de assédio sexual e coerção após o beijo. Essas acusações vieram dois dias após Hermoso formalmente acusá-lo de assédio sexual.

Uma vez considerado o homem mais poderoso no futebol espanhol, Rubiales insistiu que o beijo foi consensual e ocorreu em um “momento de jubilação”, comparando-o a um gesto que ele daria a uma de suas filhas.

No entanto, Hermoso negou veementemente essa afirmação, juntamente com o sindicato de jogadores. Além disso, ela alegou que sua família foi pressionada pela federação a mostrar apoio a Rubiales. O público, jogadores e políticos discordaram publicamente de Rubiales, considerando o ato sexista e abuso de autoridade.

Rubiales também anunciou sua renúncia como vice-presidente da UEFA devido ao perigo reputacional que o escândalo representava para a candidatura conjunta da Espanha, Portugal, Marrocos e possivelmente Ucrânia para sediar a Copa do Mundo de 2030.

Apesar de tudo isso, a UEFA não tomou nenhuma medida contra Rubiales, o que gerou ainda mais controvérsias.

Há duas semanas, Rubiales era esperado para renunciar após a onda imediata de críticas por seu comportamento na final, que incluiu um gesto obsceno. No entanto, num discurso desafiador perante a assembleia geral da sua federação, Rubiales recusou-se a sair de forma discreta, alegando ser vítima de uma “caça às bruxas” por “falsas feministas”.

Como consequência, as campeãs mundiais de futebol feminino da Espanha, juntamente com dezenas de jogadoras, recusaram-se a jogar novamente pela seleção até que houvesse mudanças na liderança da federação. A demissão do treinador da equipe feminina, Jorge Vilda, não foi suficiente para fazê-las voltar.

Este escândalo no mundo do futebol serve como um exemplo inegável dos desafios enfrentados no combate ao assédio e na promoção da igualdade de género, enfatizando a importância de respeitar o consentimento e agir com responsabilidade em todas as situações.

Como o próprio Rubiales aprendeu da maneira mais difícil, nenhuma posição de poder deve justificar ações inadequadas ou prejudiciais. É hora de dar um passo à frente, rejeitando de forma decisiva o assédio e o machismo, e promover um ambiente onde todos se sintam seguros e respeitados.

Morgado Jr.