Sete milhões de pessoas, os que sofrem restrições de água de algum tipo nas Espanhas, dada a seca que assola o país.
A Andaluzia e a Catalunha, são as regiões mais afetadas com mais de seis mil municípios a serem forçados a adotar medidas para reduzir o consumo de água dos cidadãos.
“Já são sete milhões de pessoas as que sofrem algum tipo de limitação no uso da água, desde cortes noturnos, onde realmente deixam de ter água em casa, ou outro tipo de limitações como, por exemplo, que não haja água nos duches das praias, ou que não possam utilizar água para regar”, diz Júlio Barea, responsável da Greenpeace.
Na Catalunha, está declarado o estado de emergência pela primeira vez na história pela falta de chuvas durante o ano, que fez com que as reservas de água em Espanha estejam abaixo do desejável. “Em agosto, o nível de água nas barragens de Espanha está apenas a 42% da sua capacidade, 20 pontos abaixo da média dos últimos dez anos”, explica Barea.
Num relatório publicado recentemente, a organização ambiental avisa que, se não forem tomadas medidas, as Espanhas serão afetadas por períodos de seca dez vezes piores que os atuais.
Esta escassez de água não só contribuem a seca e as alterações climáticas, mas também uma má gestão dos recursos hídricos.
Da proibição da rega de espaços verdes públicos e privados, às limitações no uso da água em atividades agrícolas, industriais e lúdicas e até aos cortes totais no abastecimento são vários os municípios espanhóis que estão a tomar medidas drásticas para fazer frente à seca que vive o país.
O responsável denuncia também os “mais de quatro milhões de hectares de cultivos de regadio legais” que existem em Espanha, que afetam de forma drástica o consumo de água. “Estamos a consumir mais água do que a que podemos repor”, avisa.
Por isso, a organização pede aos governos das diversas comunidades autónomas que tomem medidas para começar a reverter a situação. “O primeiro que temos que fazer é reduzir e adaptar esta agricultura e pecuária que temos porque é aí que é consumido 80% da água, é aí que está o problema”, insiste.
“Depois temos ainda uma situação de consumo ilegal: há mais de um milhão de poços ilegais de água, de acordo com os dados do Ministério do Ambiente, que todos os anos se estima que gastem a água que consumiria uma população de 118 milhões de pessoas, muito mais que a população espanhola e portuguesa juntas”, denuncia. “Este tipo de coisas tem de acabar.”
O ano de 2023 está a ser o mais seco dos últimos quarenta. Desde o início do ano choveu menos 74% do que a média. Se as previsões se confirmarem, até ao final de setembro não se espera que as condições climatéricas mudem de forma a reverter a situação.
Photo credit: colladoman on VisualHunt
Joffre Justino
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