Não é demais dizer que a maioria absoluta do povo brasileiro torce hoje pela queda de Bolsonaro.
De certo modo, o planeta.
Quase ninguém suporta mais este sujeito, tido como fascista, mentiroso, homofóbico, racista, misógino e genocida.
Pelos quatro cantos ouve-se diariamente um brado de repulsa; e notícias da resistência proliferam nas redes sociais. Os formadores de opinião publicam seguidamente artigos contra Bolsonaro.
Os militantes políticos lutam: ora nas ruas, em caminhadas e comícios, ora batendo panela das janelas, ora protestando nas redes, #Fora Bolsonaro!
Quem tem alguma crença religiosa, reza ou faz um culto: católicos e umbandistas, macumbeiros e candomblezeiros, budistas e espíritas.
Os evangélicos são os menos presentes.
Mas até entre eles o antibolsonarismo cresce.
Nesse contexto, a criatividade atinge níveis de excelência.
Na política, na arte, na cultura.
Charges, pinturas, instalações, poemas, cordéis, canções, contos e romances abordando temas da resistência, aparecem diariamente na mídia e nas redes sociais Brasil a fora.
Os intelectuais também se expressam. É o caso, por exemplo, de ORDEP SERRA, escritor, antropólogo, professor universitário, um dos maiores helenistas do Brasil e membro da Academia de Letras da Bahia.
Sua publicação mais famosa, HINOS ÓRFICOS – PERFUMES, foi traduzido direto do grego, na qual adicionou meticuloso estudo sobre o mito de Orfeu e Eurídice.
Ordep há tempos vem escrevendo artigos agudíssimos contra os demandos do atual governo fascista.
Agora achou tempo para elaborar os versos abaixo, utilizando as técnicas do popular cordel nordestino.
A particularidade dessa originalíssima construção é que os santos rogados são todos da predileção e da devoção dos baianos.
São os santos mais cultuados de nossa tradição popular.
Então, faço aqui uma conclamação ao mundo: vamos todos rezar uma prece, com os dedos cruzados, declamando os versos de Ordep Serra?
PRECE MISERICORDIOSA PARA REZAR NA QUARENTENA
Autoria: Ordep Jose Trindade Serra
Vai, meu Santo Antônio
Chamar Santo Amaro
Pra dar uma surra
No tal Bolsonaro
São Judas Tadeu
Que usa porrete
Vai logo com gosto
Meter-lhe o cacete
Meu São Benedito
Da boca do forno
Em nome de Deus
Sapeca esse corno
Já Lázaro e Roque
Do Pai com licença
Reservam pra ele
Seiscentas doenças
Ó Bárbara Santa
Já sei que tu queres
Lascar esse bruto
Que odeia as mulheres
Com raios ligeiros
Em forma de espinhos
Pinica-lhe as costas
O ventre e o focinho
São Jorge querido
Com a lança guerreira
Espeta-lhe o rabo
De toda a maneira
Que vosso cavalo
Lhe dê um bom coice
E a Morte lhe arranque
Os ovos com a foice.
Quando ele estiver
Caído no chão
Que fique aos cuidados
De vosso dragão.
Se essa alma danada
Chegar a tua porta
São Pedro, com a espada
Os chifres lhe corta
Já sabes, meu santo
Que o Bozo não presta:
Sapeca-lhe o remo
No meio da testa
Convoca Miguel
O Arcanjo mais brabo
Que o lance lá onde
Jogou o diabo
Satã, encantado
Com prenda tão fina
Vai logo atirá-lo
Na sua latrina.
Assim seja,
Pelos séculos dos séculos Amém.