Antes do mais Sr comandante não lhe fica bem este espírito de casta que visivelmente lhe tolda o espírito e a necessária frieza para responder à situação de elevada pressão como a de hoje.
Os meus 67 anos permitiram me viver não poucas situações de tensão aliás até superiores a esta e a assistir a respostas bem expressivas do sangue frio que um agente da autoridade tem de ter em momentos destes aliás em Portugal e em Angola.
Aliás temos visto como as forças de segurança por exemplo na França reagem até a violência bem superior à vivida no Bairro da Jamaica que visitei aliás há uns bons anos num programa da RDP África.
O principio nunca pode ser “há bairros difíceis” havendo sim circunstâncias sociais complexas que geram bairros complexos e garanto que até o facto de haver pouca presença étnica na PSP ( enfim felizmente já há alguma) é razão para a não percepção dessa dificuldade mas o principal é sem duvida a falta de diálogo entre os membros da PSP e as estruturasrepresentativas formais ou informais dos Bairros complexos que deveriam facilitar os diálogos difíceis.
O relatado aponta precisamente para essa falta de diálogo já que em face de um conflito de bairro o que a PSP deveria fazer era mobilizar os representantes do Bairro para a apoiar na solução e não assumir que por via estrita da autoridade e por a ter poderia solucionar esse conflito interno ao Bairro.
O relato do Sr Comandante distrital é aliás prova de tal pois entrar num conflito sem proteção adequada e sem visão de diálogo só gera como gerou os lamentáveis feridos do lado da PSP e esses atos filmados e filmados pelos jovens com todo o direito que a Democracia permite e bem de violência inútil geradora de mais violência e tensão absolutamente desnecessária mostram à evidencia lamento dizê-lo o descontrolo do grupo de polícias presentes.
Eis porque o Estrategizando escreveu o artigo que escreveu e divulgou o vídeo clip que recebeu via uma deputada eleita que respeitamos como respeitamos todos os deputados eleitos.
Mais ainda eis porque e não é a primeira vez nem será infelizmente a última que insistimos na premência de formação essencialmente comportamental dos elementos das forças de segurança em especial para a gestão adequada e racional de situações críticas.
E insistimos que essa formação terá de ser feita incluindo nas ações a realizar também a presença de representante dos Bairros de vivência complexa para que o hábito do diálogo nasça logo ali.
A Democracia não se resume ao estrito ato de votar a Democracia tem de ser política econômica social cultural e étnica para o ser e quando não o é só gera maior e mais inútil tensão alimentada por autoritarismos desnecessários.
Felizmente no plano étnico estamos num país que tem no governo boa representação étnica mas que infelizmente não se estende para o Parlamento para as Autarquias e para as forças policiais ( embora aqui haja alguma mudança) como aliás infelizmente não se vive em organizações quer associativas quer econômicas o que gera boa parte da tensão que se concentra em Bairros pobres como pobre é o da Jamaica.
Estas migrações não acompanhadas aliás que alimentam bairros pobres e marginalizados são por si razão de grave tensão social que o autoritarismo só complica pois a má distribuição dos rendimentos é sempre má conselheira e esquecer tal sr Comandante é a mais errada das visões.
É pois nosso dever aconselhá-lo a não assumir um espírito de Corpo que só isole a PSP e sugerimos veementemente que busque neste caso o exemplo do que não deve mais suceder no Bairro da Jamaica ou em qualquer outro porque Democracia é a Aprendizagem constante da humildade e da convivencialidade nunca do autoritarismo.
Joffre Justino
O diretor