Nas páginas da história cultural portuguesa, 2024 marca-se como um ano emblemático na celebração do jazz, um género musical que tem entrelaçado sonoridades e gerações, desenhando na tela do tempo uma rica colagem de influências e inovações.

Este ano, comemoramos o centenário de uma figura ímpar na história do jazz em Portugal: Luís Villas-Boas, conhecido carinhosamente como o Pai do Jazz Português, cujo legado perdura, reverberando através de décadas de promoção e amor incondicional por este género musical.

Num tributo à herança vibrante do jazz e ao seu papel indelével na cultura portuguesa, o Clube Nacional de Artes Plásticas (CNAP) abriu as portas à exposição “Sons e cores: 100 anos de Jazz em Portugal”.

 

Esta iniciativa, magistralmente curada pelo artista plástico XicoFran – frequentemente celebrado como o pintor do jazz –, não é apenas uma exposição; é uma imersão sensorial na qual a música e a arte visual se fundem, criando um diálogo harmonioso entre as notas melódicas do jazz e as pinceladas vibrantes que capturam a sua essência.

Inaugurada a 13 de Abril, esta exposição preludia as celebrações do Dia Internacional do Jazz, efeméride celebrada globalmente a 30 de Abril, e segue-se a uma estreia aclamada no Centro Cultural de Belém, no dia 9 de Fevereiro, inserida no evento "Tudo Isto É Jazz". Este evento foi uma iniciativa da Égide – Associação Portuguesa das Artes, em colaboração com o distinto investigador e historiador João Moreira dos Santos, que aproveitou a ocasião para apresentar o seu mais recente trabalho, "Luís Villas Boas, o Pai do jazz em Portugal", um livro que percorre a vida e a paixão de Villas-Boas pelo jazz.

A exposição no CNAP desdobra-se como um convite a explorar não apenas a história do jazz em Portugal, mas também a intersecção única entre música e artes visuais que XicoFran tão habilmente apresenta. As obras expostas são testemunhos da habilidade do artista em capturar a vivacidade e o dinamismo do jazz, utilizando uma paleta de cores que tanto complementa como desafia as melodias que inspiraram cada peça.

Ao passear pela galeria, os visitantes são convidados a mergulhar numa experiência onde cada quadro narra uma história, cada cor canta uma nota, e cada pincelada dança ao ritmo do jazz.

Este evento não é apenas uma celebração; é um marco na continuidade do jazz em Portugal, uma ponte que liga o passado ao presente e aponta para um futuro onde as novas gerações podem descobrir e redescobrir a magia deste género musical. É, sobretudo, um recordatório vibrante de que, no mundo da arte e da música, as barreiras são meras ilusões e que a verdadeira essência da criatividade reside na capacidade de ver, ouvir e sentir além delas.

Ao homenagear os 100 anos de jazz em Portugal, somos convidados a refletir sobre o poder transformador da música e da arte na sociedade e no indivíduo. O jazz, com a sua rica colagem de influências, ensina-nos sobre a importância da improvisação, da colaboração e da liberdade expressiva. XicoFran, através das suas obras, oferece-nos uma nova lente pela qual podemos apreciar esta arte intemporal, lembrando-nos de que, em cada nota e cor, reside uma história à espera de ser descoberta.

À medida que saímos da galeria, levamos conosco não apenas a beleza capturada nas telas de XicoFran, mas também a reverberação das notas de jazz que, durante um século, têm sido a banda sonora de muitas vidas em Portugal.

Este centenário não é apenas uma celebração de uma figura histórica ou de um género musical; é uma celebração da arte como forma de express.

Morgado Jr.