Passaram-se 50 anos desde aquele emblemático 25 de Abril de 1974, quando os militares portugueses, armados de cravos em vez de balas, catalisaram não apenas a queda de uma ditadura, mas também o fim de um império colonial.

Num debate organizado pela ONU News, figuras chave, incluindo o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, reuniram-se para refletir sobre o legado duradouro desta revolução na política portuguesa e nas suas repercussões globais, especialmente nas nações de língua portuguesa.

António Guterres, com sua visão caracteristicamente penetrante, sublinhou: “Existe uma interpenetração profunda entre a luta pela democracia em Portugal e os movimentos de libertação africanos, ambos alimentados pelo anseio comum de liberdade.” Este elo entre as lutas internas de Portugal e as aspirações das suas ex-colónias ilustra como os eventos locais podem repercutir, poderosamente, no palco mundial.

Neste contexto histórico, a Revolução dos Cravos não foi apenas uma transição política interna; foi um farol de esperança para as nações ainda sob jugo colonial. "A liberdade conquistada em Portugal ecoou através dos oceanos, inspirando nossas próprias lutas pela autodeterminação," afirmou um embaixador de Angola, revelando a dimensão transnacional desta revolução.

O debate também destacou o papel vital da ONU, cuja influência diplomática ajudou a moldar o processo de descolonização que se seguiu. Segundo o embaixador do Brasil, “o 25 de Abril abriu caminho para uma nova era de relações internacionais, onde o diálogo e o respeito mútuo substituíram o domínio imperial.”

Os valores de democracia e direitos humanos, pilares do novo regime português, ressoaram nos discursos dos participantes. A embaixadora de Portugal mencionou que “a revolução garantiu a adoção de um sistema que respeita os direitos humanos e promove a liberdade de expressão, que são essenciais para a dignidade humana e o desenvolvimento sustentável.”

A dimensão cultural e linguística também foi destacada, com a embaixadora de Moçambique apontando a língua portuguesa como “um vínculo profundo que une diferentes continentes sob o mesmo legado cultural.” Esta conexão linguística serve como uma ponte que continua a enriquecer as relações bilaterais e multilaterais entre os países da CPLP.

Concluindo o debate, Guterres deixou uma mensagem de esperança e vigilância: “Devemos perpetuar o respeito pelos direitos humanos e trabalhar unidos para superar as divisões que ainda ameaçam o futuro da humanidade.” Este apelo ressoa como um lembrete de que as conquistas de hoje devem ser defendidas com a mesma tenacidade das lutas de ontem.

Cinquenta anos após a Revolução dos Cravos, o seu legado continua a inspirar não apenas Portugal, mas todas as nações que partilham o seu idioma e valores. As lições deste período histórico são claras: a liberdade é um bem universal, e a solidariedade entre os povos pode transformar o mundo. Através do diálogo e cooperação, perpetua-se a chama da liberdade que a Revolução dos Cravos tão bravamente acendeu.

"Porque estamos a horas desse momento cantado com o ‘E depois do Adeus’ (23h) e do ‘Grândola Vila Morena’ (0h20m) vamos deixar um apontamento pessoal sobre as minhas ultimas horas antes da queda do regime fascista e ainda um video da ONU sobre o 25 de abril com uma entrevista ao secretario geral da ONU, Antonio Guterres e aos embaixadores da CPLP, exceto o de Sao Tomé e Principe, certamente por razoes técnicas. Trata-se de um video interessante limitado pelas habituais razões diplomáticas, ( quase ninguém fez referencia à luta explicita anti fascista e anti colonial sendo de realçar uma das intervenções do sr Embaixador da República de Moçambique) a merecer ser visto!" - Joffre Justino

Veja aqui o vídeo...