Segundo o site Los Angeles Times, o realizador dá detalhes sobre a produção, que já conta com roteiro e com filmagens prevista ainda para este ano.

Baseado no livro de Shūsaku Endō, A Life of Jesus (Uma Vida de Jesus) o cineasta vai assinar a produção com Kent Jones.

O filme vai passar-se sobretudo nos dias de hoje, mas não só pois seu foco é criar uma obra atemporal.

Esta longa metragem vai se concentrar nos “ensinamentos fundamentais de Jesus de uma forma que explora os princípios, mas não faz proselitismo”.

Shusaku Endo (1923-1996) é considerado um dos mais perfeitos escritores do século XX, e escreveu a sua obra numa perspetiva fora do comum de ser japonês e católico.

Nascido em Tóquio, foi batizado aos 12 anos, numa altura em que os cristãos representavam menos de 1% da população japonesa.

Formou-se em Literatura Francesa, pela Universidade de Keio, e estudou em Lyon como Bolseiro do governo japonês.

Com um estilo de escrita comparado ao de Graham Greene, muito ocidental portanto, de entre as suas obras mais representativas, além de Rio Profundo, destacam-se também O Samurai e Silêncio, adaptado ao cinema por Martin Scorsese.

Shusaku Endo foi galardoado com os mais importantes prémios literários do seu país – entre eles o Prémio Noma, atribuído a O Samurai –, e por diversas vezes apontado para o Prémio Nobel de Literatura.

A obra Uma Vida de Jesus não é uma biografia, já que uma biografia, no sentido moderno do termo, seria impossível de escrever.

Mas não é também um relato ficcionado: livre para especular acerca das motivações de Jesus e dos seus discípulos, Shusaku Endo não afirma nada para além daquilo que os Evangelhos contêm.

Endo escreveu-o para os seus compatriotas não-católicos, num esforço para explicar quem foi Jesus e dar a conhecer os ideais pelos quais se bateu.

O resultado é uma história intemporal, tão estimulante para nós como o terá sido para aqueles que a ouviram nos tempos do Novo Testamento.

Em 1988, Scorsese dirigiu “A Última Tentação de Cristo”que também foi baseado num romance.

Scorsese já disse que não pretende fazer proselitismo, isto é converter pessoas a uma religião, a um partido, a uma causa ou a uma ideia e sim concentrar-se nos ensinamentos fundamentais de Jesus de uma forma que consiga explorar seus princípios nos dias atuais.

“Estou a tentar encontrar uma nova maneira de torná-la mais acessível e eliminar o ônus negativo do que tem sido associado à religião organizada”, disse.

O cineasta também adiantou que, diferentemente de seus últimos filmes lançados, “A Vida de Jesus” vai ter no máximo 80 minutos de duração.

Joffre Justino

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